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Mostrando postagens de agosto, 2015

"Magoa-me a saudade do tempo em que te habitava como o sal ocupa o mar, como a luz recolhendo-se nas pupilas desatentas"

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"Magoa-me a saudade do sobressalto dos corpos ferindo-se de ternura sói-me a distante lembrança" Daqueles momentos que a nostalgia se faz presente, pergunta-me se ainda sou quem te faz perder a compostura, que do dia quase sem cor transforma em aquarela e desperta teus sentidos. Pergunta-me, se no auge da tua ânsia de ter-me, suas mãos trêmulas, suadas, agitadas para sentir a minha pele, ainda são as mesmas de antes. Se meu olhar ao te encontrar, ainda te toca, ainda te prende, e mesmo não se permitindo, com tantas turbulências interpessoais, sua face transmuta-se, enrubesce, e eu, que te vejo, teus olhos presos aos meus, no meio de uma antiga dispersão, fico descrente se sou passado, se sou presente. Será que sou futuro? Pergunto-te! Não importa, sou qualquer coisa meio esquecida, qualquer coisa que você esconde no meio do teu passado, mas devo ser mesmo uma tolice que ainda assim arranca suspiros de quem não se importa tanto assim. Que sejas pra mim, se

"não sou das que levam, sou coisa levada." (C. Meireles)

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“Quero escrever o borrão vermelho de sangue com as gotas e coágulos pingando de dentro para dentro. Quero escrever amarelo-ouro com raios de translucidez. Que não me entendam pouco-se-me-dá. Nada tenho a perder. Jogo tudo na violência que sempre me povoou, o grito áspero e agudo e prolongado, o grito que eu, por falso respeito humano não dei. Mas aqui vai o me berro me rasgando as profundas entranhas de onde brota o estertor ambicionado. Quero abarcar o mundo com o terremoto causado pelo grito. O clímax de minha vida será a morte.” (Clarice Lispector) Eis que me povoa um meio termo estranho, uma entrelinha discreta e quase apagada no meio da multidão. E que outrora se revela, meio capenga, mas beirando uma delicadeza que nem todos são capazes de perceber. Eis que entre palavras, refaço uma autoleitura, como se recriasse a minha imagem, que eu, praticamente tresmalhada da mania de autodefesa, a deriva como se estivesse comandada pela fada verde, eu, faminta de palavras, abrasan