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Mostrando postagens de abril, 2016

"Pertences-me quando caminho pela tua memória suicida de amante condenado a perpétuo desamor" (Ana Merino)

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“E como é sempre meus olhos abertos perscrutam-te símbolo de tudo o que me foge como apertar o ar dentro das mãos e querer agarrar-te oh substância Canto-te Para que tu existas E eu não veja mais nada além de ti” (Ana Harthely) Tanto esperei em devaneios a tua vinda, que esqueci de perceber o desgaste do que mais amei. E me despi em tantas palavras adocicadas, mornas e sedutoras, até não haver mais nada que me escondesse a alma. Nada havia além de sentimento, nada. Apenas havia um coração que batia feito louco, envaidecido de sentimentos tão débeis. Os anos foram passando, se avolumando, e eu continuei aqui, esperando um sinal, uma senha que jamais chegaria. Havia nessa espera algum encanto, talvez por quebrar qualquer regra, barreira. Ou de tanto eu reinventar um sentimento que sobreviveu a todo tipo de tempestade. E cá estou eu, percebendo tão facilmente os pequenos limites que nunca foram suficientes, de tanto ir, extrapolou, preso está do lado

"Estou atravessando o esquecimento" (Antônio Gamoneda)

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“E não sei quase mais nada. Aspiro apenas a estar contigo em paz e a estar em paz com um dever desconhecido que às vezes me pesa também no coração” (Antônio Gamoneda) Eu sei que hoje é um daqueles dias normais, que a gente tem apenas um monte de responsabilidades. Também sei que eu poderia estar fazendo outras coisas importantes, mas meu pensamento ficou um tanto preso aos detalhes das minhas entrelinhas.  Eu sinto que é muito difícil lidar com tanto sentimento, com tanta estrada que dividimos os passos.  Hoje, com todos os anos, posso dizer isso sem receio de estar errada. Eu realmente te amo. E nem por isso eu vou falar, porque não me apetece essa extrapolação de bem querer, porque arde no meu peito como dor. E em todas as vezes me resta apenas escrever aqui, para deixar de doer, para esquecer que o passado não leva apenas o tempo, mas também vai escondendo aos poucos a lembrança dos melhores momentos.  Meu peito dolorido ainda grita que o amor vai durar, per

"Por isso me refiz. E a vida se apresentou novamente como caminho para meus pés livres e descalços." (Adja Medeiros)

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Idade, vida que vai. Vida que não faz o menor sentido. E a gente se pega pensando nessas pequenas coisas, reviravoltas e conselhos. No meio do tempo acaba virando alguma conversa banal, que tem justamente a profundidade das almas que discursam seus volumosos pensamentos em algumas poucas linhas.  Entenda, ou não ... J: Adja se conforme que a dor é menor – risos. Adja: Não posso me conformar. De acordo com os mais velhos isso piora com os anos. J: E é verdade mesmo – risos. Adja: Quanta insensatez não? A gente quando criança quer ficar adulto para fazer o que quer. E quando fica adulto acha ruim porque descobre que essa liberdade é pura ilusão. Ah vai entender – risos. J: Mas vamos viver a vida, ficar chorando não vai voltar o tempo que passou. Essa é a realidade. Adja: Nada de chorar, isso é desgaste “debochante”.Vamos poetizar a vida, e rir da realidade, já que é praticamente impossível fugir dela – risos. J: Não temos como fugir dela – risos. Adja: Claro qu

"Repara como o coração de papel amarelou no esquecimento de te amar"

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“[...] Não tenho muitas palavras como pensei. “Coisa ínfima, quero ficar perto de ti”. Te levo para a avenida Atlântica beber de tarde e digo: está lindo, mas não sei ser engraçada. “A crueldade é seu dilema…” O meu embaraço te deseja, quem não vê? Consolatriz cheia de vontades. Caixa de areia com estrelas de papel. Balanço, muito devagar. Olhos desencontrados: e se eu te disser, te adoro, e te raptar não sei como dessa aflição de março, bem que aproveitando maus bocados para sair do esconderijo num relance? Conheces a cabra-cega dos corações miseráveis? Beware: esta compaixão é é paixão.” (Ana Cristina César) De poesia em poesia a gente acaba gastando palavras. Desgastando a alma. O coração vai virando uma metamorfose sentimental. E como tudo que há nesta vida, finda. Se não for o coração, então é o sentimento que acaba partindo. É um choque de realidade. É, talvez alguma coisa entre coração e sentimento tenha adoecido aos poucos durante todos esses anos. Se