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Mostrando postagens de 2012

"... porque o que quase foi não pode atrapalhar o que ainda pode ser."

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“Eu nunca aceitei a simplicidade do sentimento. Eu sempre quis entender de onde vinha tanta loucura, tanta emoção. Eu nunca respeitei sua banalidade, nunca entendi como pude ser tão escrava de uma vida que não me dizia nada, não me aquietava em nada, não me preenchia, não me planejava, não me findava.   “ E vai chegando um final de ano. E que ano?! Justamente nesse momento aparecem tantas inquietações particulares em mim. E olha que foi um dos piores anos em termos sentimentais e de conquistas pessoais. Isso nem vem muito ao caso. Passar por 2012 foi uma das tarefas mais difíceis em cinco anos. Não sei exatamente o porquê, ou talvez saiba inconscientemente. Acho que a mesma sensação que eu tive ao passar esse ano foi similar a de quase todas as pessoas que me cercaram. Diria até que foi um dos anos mais tristes, ou seja, um dos anos que eu fiquei realmente pela primeira vez mais triste do que todos os outros. Se eu parar pra analisar, eu fiquei mais triste que isso, a

"Penso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio - e eis que a verdade se me revela."

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“A religião do futuro será cósmica e transcenderá um Deus pessoal, evitando os dogmas e a teologia . ” Ao entrar pela porta daquele ônibus lotado eu consegui encontrar respostas. Naquela janela eu vi as horas de uma forma diferente, eu me senti um mísero microrganismo adoecendo o mundo como um câncer. Frase que até então muito tinham na ponta da língua, no entanto, naquele momento somente se fez conexo. Você pode acreditar em tudo aquilo que lhe for dito, mas vai acreditar apenas sabendo do que foi mencionado, não estará no abismo em queda livre sentindo que aquilo é real enquanto não deixar o pensamento se soltar. É como ter de escolher entre continuar na calmaria do “todos os dias iguais” ou observar os ângulos de todos os dias similares e ver tudo de uma nova maneira. Foi o que eu fiz assim que me vi sentada naquele banco, enquanto um gole de água gelada percorria pela minha garganta. Durante alguns meses me vi com questionamentos que me atropelavam, me desnorteavam c

"Digo que meu jogo se resume a um rastro de perfume que eu deixo nos ares de lá."

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"Alguém entra na sua vida, rouba seu tempo, destrói sua confiança, agride sua auto-estima, estilhaça o pouco que resta da sua esperança no amor. E sai ileso. Não adianta desperdiçar sofrimento por quem não merece. É como escrever poemas em papel higiênico e limpar o cu com os sentimentos mais nobres." (Cazuza) Tudo o que eu tinha que fazer era deixar rolar e me aconchegar. Naquele momento eu conseguia ver que havia algo muito estranho acontecendo. Ninguém transporta tanto explosivo pra nada. Eu me sentia penetrando num mundo gigantescamente obscuro, cada vez maior na minha frente. Eu queria muito conhecer aquela mulher, mas queria fugir mais ainda. Achei que conseguiria fugir, mas os capangas dela me detiveram. Eu estava sob suspeita. A Marry foi colocada numa sala junto comigo, onde adormecemos por algumas horas. Eramos dois estranhos numa sala de tijolos solitária, uma lâmpada no alto que balançava ao ritmo do mar. Ela acordou atordoada com alguns homens ped

“Algumas vezes, um clichê é a melhor forma de se explicar um ponto de vista.”

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"Precisa prestar atenção nos momentos importantes. Porque às vezes eles só aparecem uma vez." Fugindo um pouco daqueles pensamentos atordoados, ouvindo o barulho da água batendo contra o casco do barco, pensei nas pessoas passadas,  retrógradas  a meu itinerário. Tudo sempre limitado a um único e minúsculo eu. Após uma madrugada terrível ao som do silêncio daquela mulher, na manhã o navio parou pela primeira vez. Era um dia de pouco sol, diria que perfeito pra não sentir o calor daquela região. Escapei dos olhares dela intrigados pelas perguntas da noite anterior. Tangenciei em direção aos deques. A primeira impressão é de que eu jamais conseguiria passar pelos caras da madrugada anterior. Pra minha sorte (ou não) ninguém estava lá. Então resolvi entrar pra descobrir o mistério daquele lugar. Onde eu estava parecia uma espécie de central de abastecimento, no entanto o mais intrigante é que estava vazio. Sorrateiramente escapei do local e fui pra fora do navio. Os me

"Vem, que eu te ensinarei a voar."

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“Nós éramos sem começo, sem meio, sem fim, sem solução, sem motivo. (...) Era a vida se mostrando mais poderosa do que eu e minhas listas de certo e erra do. ” Dentro do quarto, dividindo aquele pequeno espaço; percebi que de fato, a viajem louca havia começado. Ambos preparávamo-nos para algo que não sabíamos. Eu estava ocupado repensando as prioridades do momento e as verdadeiras possibilidades, no entanto por algum estranhamento pessoal eu tinha uma única certeza, a de que eu estava preparado. Na proa do navio que estávamos a bordo havia um senhor que tirava fotos. Ao olhar aquele rosto amargurado pelo tempo notei que havia alguém perdido no meio da cor preta e branca das fotos, e achei que poderia usar aquela arte pra guardar os momentos. Pedi pra que ele tirasse uma foto da Marry que prontamente lançou para a câmera aquele olhar profundo, diria que seria um olhar milimetricamente maldoso. Depois tirei uma com ela de olhar frontal em direção ao dela. Por fim tirei uma

"Chegaste, enfim! Milagre de endoidar! Viu-se nessa hora o que não pode ser."

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“A vida é sempre a mesma para todos: rede de ilusões e desenganos. O quadro é único, a moldura é que é diferente . ” Eu costumo pensar que, a tendência das coisas só piora quando a gente acredita que já aprendeu aquilo que na realidade sabemos que existe, mas não compreendemos de fato. É como ler um capítulo de um livro e ainda assim no final ter apenas algo vago na memória. E pra que estou falando isso agora? Justo que me façam essa perguntar. Era julho, estava no fim do mês, e eu tinha juntado um bom dinheiro. Estava querendo tirar um tempo pra viajar. No inicio do mês recebi uma carta da Marry avisando que eu iria embarcar com ela num navio, e que daríamos uma volta por aí (ela nunca específica nada, eis o grande problema). Ela tinha na mente a ideia de conseguir que eu trabalhasse durante esse tempo, e que ainda assim, nós dois pudéssemos desfrutar de uma bela viajem cruzando os mares, e voltasse com a grana suficiente pra realizar o grande plano (eu não fazia ideia d

"Se nossas linhas não fossem tão tortas não teriam se cruzado."

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"Fazia tempo que alguém não ficava tão calado enquanto eu apenas existo, fazia tempo que alguém não ficava tão perdido só porque me encontrou. " Era quarta feira, meio da semana. Peguei meu celular e apertei na tela pra ver a hora. As pessoas no trabalho foram ocupando seus lugares, e então começaram a trabalhar. A velha rotina irritante de todos os dias. Do nada, entra na sala, a Marry, que começa a me encarar. Eu não entendi nada, apenas senti ela me encarar até meu rosto ficar vermelho. Pensei que alguém poderia ter notado alguma coisa, mas ninguém estava prestando muita atenção. No entanto, mesmo sem saber o porque aquela mulher resolvera adentrar até o espaço do meu trabalho, mudei a estratégia (não que eu tivesse alguma antes, mas digamos que resolvi não ficar apenas com vergonha), a melhor estratégia numa situação similar é sempre olhar fixamente pra ela. Fiquei nisso enquanto as pessoas pareciam estar hipnotizadas pela hábito, todos exceto a assistente do