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Mostrando postagens de outubro, 2011

Bêbados de ilusão

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"Olha, eu estou te escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa." (Caio Fernando Abreu) Procurando entender o que me aflige agora, que está incomodando toda a minha concentração e perspectiva de que um dia as pessoas vão estar mais sóbrias do que realmente vale a pena.  Parece que por mais que a gente encontre milhões de palavras fortes pra jogar fora tudo o que arranha por dentro, sempre sobra algo que fica guardado. E é isso que fica guardado que aumenta, multiplica, e gera todo o alvoroço que recomeça outra vez a incomodar quando você pensa que tudo vai ficar calmo. Pior quando além do que a gente já carrega de sobras por dentro, acresce com os acontecimentos de fora do nosso interior. É quase pedir pra explodir.  Posso desabafar? Eu comecei a minha noite um tanto quanto calma, com minhas ideias fixas. Porém, na metade da noite eu me vi irritada pelas histórias doutros. É interessante como o que acontece ao nosso redor se

Te permitir estar

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Estou mantendo meu mundo escondido de tudo aquilo que parece ser instável. É proteção sim, com todo meu arsenal que andei montando durantes esses vinte e um anos. E te digo mais, não se aproxime muito, você pode acabar se ferindo.  Parece que estou blefando. É uma audácia da minha parte, te deixar fora de tudo o que acredito, mas não, eu só estou protegendo meu mundo, porque não quero te machucar você sendo parte desse inteiro que eu sou.  Com o fio que inicia essas palavras que se juntam, me recuso a essa demasia do querer, do estar, do sentir e do se entregar. Porque amarrotar uma folha a qual pode ser inteira mesmo depois de escrita? Isso não me parece justo. E me recuso a amassar tal papel com nobres palavras. Me apetece esperar, e um dia, quando minhas defesas estiverem baixas, você pode aproximar, e dessa forma, não vai haver machucado algum.  Das minhas palavras duras, a proteção de não perder-te das minhas recordações boas. É que eu não sou mais o tipo de pessoa

Mude e o mundo muda

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Tem coisas que não são possíveis de entender. Tentar até é possível, mas passar adiante, e dizer, “realmente, faz sentido!”, é quase um cretinismo. E isso, é deplorável. Parece que algumas pessoas não sabem querer ser alguém melhor, e por causa dessa ignorância própria, pensam que todos compartilham do mesmo pensamento. Por mais irônico que pareça, com essas pessoas não adianta usar o bom senso e a educação. Desculpa a um amigo que poderia até achar muito radical estas palavras, mas pra conseguir ser entendido por alguém ignorante, é preciso falar com a baixeza da ignorância pra poder ser compreendido (infelizmente). Não entendo essa mania das pessoas acharem que eu sou certinha, ou que faço isso por causa de uma sociedade e bla bla bla. Não, eu não sou certinha ou coisa similar, eu só estou tentando ser alguém melhor pra mim mesma. E meus queridos, acreditem. Isso não é fingimento. Sejamos justos, a sociedade já não está mais nem aí pra aquelas pessoas certinhas. A moda é não ser cer

Tem algo muito errado

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Tem alguma coisa no teu olhar que me incomoda.                                    Tem algo que cobre o que você tem por dentro.                                                  Me parece tão obscuro,                                           Tão negro,                     Se te escondes assim É, tem algo errado. Tem algum pedaço do teu sorriso que não combina com teus olhos,                                Um sorriso atravessado,                                         Um olhar forte e perverso                                                                      Tão negro,                                                                            Se te escondes assim É, tem algo errado.                                                                            Tem uma parte de ti que fala mais do que deve,                 Escolhas e caminhos errados,                                                  O teu ar te condena, Tão negro,                   

Eu quero POLISIPO?!

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Como saber até onde ir? Deixar as lágrimas caírem? Deixar o coração quebrar em mil pedaços? Por mais triste que pareça, meu corpo morre a cada palavra. Elas de certa forma são uma extensão de minha alma, que vai acumulando tudo, e ficando cada vez mais insuportável.  É como ter a certeza de uma imagem na água que reflete toda a luz aos nossos olhos, mas estas águas estão em movimento, e eu não posso ver o meu reflexo.  Incomoda-me minha ignorância. Eu pensava que isso não iria acontecer outra vez. Tolice minha, se a vida é um ciclo, uma hora eu iria me deparar com a mesma história, obviamente, com personagens novos; mas sem dúvida, a mesma história. E a mesma dor, mais forte, por outra pessoa, indispensável. Por favor, uma dose de polisipo , porque eu não quero mais sentir dor. Juro, não aguento mais! Deve haver uma dimensão entre tudo isso, e lá talvez seja possível não sentir essa falta, essa ausência. Não sei por que os sentimentos controlam tanto nossa direção, e nos d

Que Deus me perdoe - João da Silva Tavares

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Se a minha alma fechada Se pudesse mostrar, E o que eu sofro calada Se pudesse contar, Toda a gente veria Quanto sou desgraçada Quanto finjo alegria Quanto choro a cantar… Que Deus me perdoe Se é crime ou pecado Mas eu sou assim E fugindo ao fado, Fugia de mim. Cantando dou brado E nada me dói Se é pois um pecado Ter amor ao fado Que Deus me perdoe. Quanto canto não penso No que a vida é de má, Nem sequer me pertenço, Nem o mal se me dá. Chego a querer a verdade E a sonhar – sonho imenso - Que tudo é felicidade E tristeza não há.

Mia Couto, Raiz de orvalho e outros poemas

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Quem me dera acontecer essa morte de que não se morre e para um outro fruto me tentar seiva ascendendo, porque perdi a audácia do meu próprio destino soltei ânsia do meu próprio delírio e agora sinto tudo o que os outros sentem, sofro do que eles não sofrem, anoiteço na sua lonjura e vivendo na vida que deles desertou, ofereço o mar que em mim se abre à viagem mil vezes adiada.

Com que letra eu vou ...

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"História escrita a lápis, lápis-borracha para tudo ser mais prático. Escrita de qualquer jeito, torta, em linhas invisíveis. Com um início de perder o fôlego, mas com um eterno três pontinhos num final que nem existe. Os três pontinhos são o que me matam, ponto final seria a dureza clara e o fim da história, três pontinhos são o que me matam."

"O amor é uma doença."

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Percebo que eu não sei o que dizer pra você, e isso me faz lembrar todas as coisas e pessoas que deixei passar por não estar preparada pra seguir, e por causa da minha dificuldade de não querer permanecer aqui.  Minha vontade mudou, meus medos se perderam, e acho que eu também fui dissipada. Porque eu não sei transparecer superficialmente aquilo que é tão profundo. O que está aqui ficará, aqui, até que tenha se apagado a ultima chama que houver.  Eu não sou capacitada a entender o motivo dessa mania de querer sempre voltar. Essa necessidade de um estar ao lado do outro. Tudo bem, eu sei que não é pra entender, é pra sentir, mas o ponto não é esse. Ainda não é isso que me incomoda e me faz querer compreender (como se fosse possível). Sabe? Eu queria entender essa exatidão das coisas, essa necessidade de querer.  É mais ou menos assim, você quer a mesma pessoa que também te quer, mas por algum motivo os momentos não se encaixam. Parece que as sintonias estão des

A gostar

Se perguntam como vou nem sei se saberia dizer que vou assim como sei ir sem pressas cada vez menos sem pressas de chegar a lugar algum que saiba saber dizer assim cada vez menos com um fim sem pensar somente a ver com todos os sentidos e a gostar a gostar.

um dia em que se acorda - [baldios - duas cidades, paris]

[...] há uma altura, creio um dia em que se acorda e se percebe tudo: a traição do acaso que dispersa a folhagem do jardim, a solidão inacessível dos desertos, a ferocidade da natureza em certas estações, essa espécie de errância que pertence ao silêncio mais que a qualquer palavra

Frases

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"...E se não quisermos, não pudermos, não soubermos, com palavras, nos dizer um pouco um para o outro, senta ao meu lado assim mesmo. Deixa os nossos olhos se encontrarem vez ou outra até nascer aquele sorriso bom que acontece quando a vida da gente se sente olhada com amor. Senta apenas ao meu lado e deixa o meu silêncio conversar com o seu. Às vezes, a gente nem precisa mesmo de palavras". (Ana Jácomo)

Engrenagens

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Criando paralelos entre a segurança, a liberdade e as algemas, terminando no pensamento. Eu nunca tive medo de um final. Eu na verdade tinha medo do novo inicio. Do novo capítulo. Da adaptação. Sempre foi assim, desde o começo. E ainda que minhas palavras tivessem sintonia com as cores do recomeço, eu ainda assim, temia.   Ostentava ideias absurdas do porque era tão bom não começar, e ficar sempre naquele quarto escondido que era minha alma.    Num desses momentos em que tudo parece conspirar positivamente, a minha engrenagem de sentimentos resolveu parar. E eu fui até o problema. Era uma peça solta. Estava entre as engrenagens. Foi preciso lutar muito pra conseguir retirar aquilo que entranhava de tal forma que não era possível prosseguir  na minha estrada reta. Sem altos, sem baixos, sem coisa alguma. Porém as engrenagens já estavam gastas pela força da permanência. E tudo o que eu podia fazer era troca-las. E recomeçar.  O recomeço foi indiferente ao meu medo. Eu não poderia per
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Esquecer de lembrar

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Um tanto quanto tola. E um pouco perdida. Isso faz parte de quem sou, e o que eu sou. É assim que sinto falta de mim. Porque a cada dia que acho respostas para perguntas antigas, novas perguntas aparecem. E eu confesso, me encontro perdida nos meus pensamentos loucos que cruzam entre si. Sinto uma ausência daquilo que fui um dia, mas não quero voltar. Agora eu sei por que procurei por tanto tempo quem eu sou, os motivos de me assaltar diante das respostas que eu mal conseguia lembrar, e me assustar com tamanha confusão.  Por um momento eu consigo rir de mim mesma. Já sei controlar minha loucura, e assim ninguém nota minhas pontas duplas de [in]felicidade. Além disso, eu vejo tantas coisas, sinto um número infinito de sensações, mesmo sabendo que é muito simples ver, mas sentir é perigoso. Só não me proíbo mais, por não saber conseguir que assim seja. Depois que determinados momentos passam, conseguimos constatar, o antes a gente desaprende quando não vale a pena o esforço de resgat

Ele fala por mim tantas vezes

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"Não conseguia compreender como conseguira penetrar naquilo sem ter consciência e sem o menor policiamento: logo eu, que confiava nos meus processos, e que dizia sempre saber de tudo quanto fazia ou dizia. A vida era lenta e eu podia comandá-la.(...) Durante algum tempo fiz coisas antigas como chorar e sentir saudade da maneira mais humana possível: fiz coisas antigas e humanas como se elas me solucionassem. Não solucionaram . Então fui penetrando de leve numa região esverdeada em direção a qualquer coisa como uma lembrança depois da qual não haveria depois. Era talvez uma coisa tão antiga e tão humana quanto qualquer outra, mas não tentei defini-la.    Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais -por que ir em frente? Não há sentido : melhor escapar deixando uma lembrança qualquer , lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia –qualquer coisa que