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Mostrando postagens de agosto, 2010

Apenas poeira

Com o pensamento disperso, ela mantinha o sorriso preso ao rosto, com beliscão nos lábios, e aos prantos seu semblante deixou-se ficar vazio. Ela sentia a chuva tocar o chão, Como se ferisse e arranhasse os ouvidos, sem sequer ter coerência, eram fatos perdidos pelo pouco que tentava submergir das águas do próprio oceano. Tão muda no mundo que se entranhava pela escuridão, simetricamente entre de um lado e outro na sua incoerência perfeita e distante no sorriso curto e de som abafado O seu vulto de timidez, pintado com cor de sangue nos olhos que guardavam algum segredo como o Santo graal empoeirado Um pouco de pranto, mas tão grande que não cabia no peito que quebrava o que era inteiro, nada sobrando da fronteira que separa os extremos. Pé sobre pé, mão sobre mão, na poeira arenosa quase ironicamente seca, no céu o brilho da sua leveza se desfaz, e foge mais, que forte o tempo tão vazio de pessoas, e tão cheio de estranhos sentimentos, sob os ossos os segundos calculados não p

Sem temer

Se da terra nasce à planta marcada Que tua lucidez infame rega sem pensar Se do rio vem à água do céu em cascata Pense bem antes de derramar tuas injurias descompensadas. Quando olhar ao seu redor E não souber o que fazer Onde acolher a lágrima que desce inconscientemente Saberá que o erro em tuas mãos sempre esteve. De minha falsa rima fina Tua alma tentas se apoderar Da felicidade que ainda me sobra Tu retiras minha esperança desalinhada. Do escárnio maldito de tuas flores com espinhos, Procuro não mais me machucar, Derramar tais gotas de sangue desnecessárias. Quando isso tudo acabar, Metade de ti morrerá junto com seu coração Metade de alma que se cala. Da dor que me rasga entre pensamentos e sensações, Faço estas palavras amargas, Descarregando aos poucos tua presença, Colando os cacos que sobraram.

Portas abertas

Presos por portas abertas, entre lados opostos da moeda, eu estou ignorando meu orgulho, aceitando essa farsa dedicada a me matar por dentro. Entre rabiscos e teorias absolutamente perfeitas, procurando minha verdade incerta, como cinzas ao vento parece pó, o que descubro nunca acredito, pois sou tão volúvel quando amo. Em minha sutil arrogância, meu ego se sobressai, calando tuas palavras, deixando o silêncio te aquietar. Depois de um tempo tudo o que parece irrelevante, arredio e bruto se torna tão apreciável. O presente é meu futuro em metamorfose, onde sou escrava das minhas obsessões. E te faço refém de minhas loucuras como vinho cor de sangue para um alcoólatra em abstinência, como água q mata a sede, como desejo, como fogo, como o poder.

O papel

Tantas coisas ocorreram, mas perdendo tempo sem saber onde poderia terminar, e nos nossos trechos patéticos e infantis escritos em fatídicos momentos de fraqueza, em que minhas mãos não tinham força para se manter estáticas, te entreguei o que mais importava. Enquanto o céu desanuviava e quebrava o gelo da noite, pouco a pouco, eu recobrava minha consciência remota, em minha amnésia de palavras que me interrompiam em silêncio e tomavam conta da minha imaginação. Continuava em frente ao papel, que não tinha sentido além do branco incandescente diante da razão que me levava a estar ali. Dia após dia, em minha cabeça se criou um vazio, como um zumbi, continuei sem saber até onde parar, tornando aos poucos retalhos de mim mesma. E nada mais tinha sentido, nem motivo a não ser o que mais eu amava. Quando gritei, apenas senti um repasto de lágrima caindo, e sabendo que aqueles eram os últimos minutos que existiam perante minha existência, eu pensei em ti, e apenas em ti, como nunca havia

Pensar em você

Porque dói tanto pensar em você? Sinto como se perdesse o chão sobre os pés, embora você já me conheça assim tão bem, tua cara não nega, o que existe aqui só é meu e seu e de mais ninguém. Sinto falta de um pedaço de mim, pedaço que me completa, que me faz sentir caindo, onde cada segundo parece ser maior que as horas, como se eu esquecesse o mundo quando estou em teus braços e ninguém pode compreender, é assim que tem que ser. Sou uma criança diante de teus olhos, inocentemente perdida diante da razão, pode ser um absurdo, mas de absurdos eu vivo, é em seu carinho que me perco, em tuas palavras que me encontro, na tua imaginação que vivo porque simplesmente te amo! Quando penso em você, eu penso em mim, perco de mim o que antes nem sabia que existia e falo palavras doces e leves como o vento que sempre bate no meu rosto.

Meu ponto de partida

As coisas que escrevo as coisas que canto, inspirações momentâneas a que me deixo levar às vezes em pranto, às vezes em silêncio, às vezes com medo e mesmo assim me deixo ser palavras que se encontram ao acaso entre o lápis e o papel, com notas musicais ao redor cantando em voz alta na minha imaginação. Vou tão alto, chego a perder até o controle, mas não tenho motivos pra parar, se o que mais gosto é estar entre as palavras rimadas e mal elaboradas que se concertam pouco a pouco. Não existe lugar onde eu não possa ir, imaginação que eu não possa fazer real e em poucos segundos tenho um mundo inteiro novinho pra experimentar. De trezentas palavras uma só pode ser a mais importante, mas sem a força das outras ela não tem tanta cor quanto um lápis colorindo o preto e o branco. As palavras se repetem sempre, a maior parte delas com outra configuração, mas eu posso sempre mudar tudo, e com as mesmas palavras mudar o sentido e tudo o que estiver ao meu alcance. Eis o amor entre os filh

Eles foram, todos, nada sobrou

Eles vivem uma realidade fictícia e iludida num mundo pequeno e confuso, ali deixam-se pegar os medos mais obscuros e trancar a porta para eles não machuquem mais, assim os sonhos não seriam desfeitos até que os olhos abrissem. Dizem que não existe metafísica da imperfeição, apenas a metade do corpo não consegue ser simétrico ao outro, isso amplia as almas apáticas. E falam por saber que nada é totalmente perdido da memória, amargurando cada pedaço de sentimento que possa sobreviver depois de anos prostrados um a um. Foram mil, foram 10 mil, foram-se todos, sempre a dobrar um mistério imperioso que saia de seus peitos enlameados de cor vinho, como se cada vez que abrissem seus olhos o céu ficasse colorido e morresse num escuro que apenas o medo chegava até as pupilas e se desfazia em um conflito interno cada vez maior. Escondiam os olhos, tampavam seus rostos até cegar completamente. E por dentro, a beleza ia desvanecendo. Essas lágrimas hipócritas não merecem olhares, elas fogem

Minha utopia em você

Eu sou um risco pra ti, sou seu medo de tropeçar a passos mais profundos, Você sempre se depara com a cor desbotada do chão, você sempre depara com minha falta de não saber o que sentir. Está tão distante, mas eu ainda posso tocar a beleza que sai do seu coração enquanto as estrelas ignoram meu olhar. Eu tomo pra mim aquele brilho, te roubo do céu, te tiro abismo abaixo dos pés inquietantes. Não quero ter nenhuma razão, enquanto não nublar o meu dia, permanecerei na minha utopia, e o mundo continuará girando. Sempre fico a uma distancia de teu poder, o suficiente pra me sentir confortável, ao ponto de me conformar com minha solidão, porque eu sei que é exatamente ali que eu devo ficar. Moldei um muro ao meu redor pra não sentir tudo voltar, eu faço isso sempre que me sinto ameaçada e me perco de tudo, me perco em mim. Não quero ter nenhuma razão, enquanto não nublar o meu dia, permanecerei na minha utopia, e o mundo continuará girando. Quando a noite cai, eu vejo uma parte

Eu eu me fechei assim

Aos meus olhos, sempre entre os tons propensos a cair, moldados ao encaixe do céu que se perdem no meio das estrelas, eu pude perceber que quanto mais longe eu estava, mais eu podia conduzir as cores que me traziam seus olhos sem desviar por um instante sequer dos meus. Com as imprecisas mãos, apontei acima do pensamento, a luz da lua me tocou a pele me atando, e o meu corpo ficou imóvel, enquanto fechava os olhos, senti a terra se mover com os pés firmes ao chão, e nas ameaças de lágrimas cair, eu deixei um sorriso falso sob o rosto, estrangulando as emoções, proibindo minha tristeza, abreviando minhas frustrações. Nessas poucas lágrimas ingratas, senti uma angústia tocando minha alma, como nunca antes, mesmo enquanto apaixonadamente molhavam minha face por alguma química que não se fez segredo, em cada curva, até parar por instantes e sibilando, morreram de encontro ao chão. Eu parei o tempo, pra achar espaço na tentativa de por míseros segundos calar minha mente provocante, apren