Postagens

Mostrando postagens de fevereiro, 2012

A perda

Imagem
Passados os dias, rotina inteira pela frente. Murilo tinha 11 anos quando na loja de discos, a tia perguntara: ”não sei se é do seu gosto, mas quer este?” Olhando a profundidade da capa avermelhada, meneou a cabeça positivamente. Eram dias comuns, que depois de certo tempo se tornariam um verdadeiro inferno, e ficariam retrocedendo como cenas mal feitas de um velho filme de terror, mas cheio de drama, com os gritos alarmantes, porém insonoros. O céu escuro deixou aquele dia ainda mais estranho. A tia passou o cartão e entregou o disco ao menino, que jamais imaginara que aquelas musicas iriam ser parte da trilha sonora dos dias mais dolorosos da vida dele. Estivera sóbrio a maior parte do tempo, e ao lado da Lavínia. No entanto, eles se tornaram apáticos, e ela fora definhando. Sem saber o que houvera e o que fazer, fora observando inutilmente o fim. Ela fora a primeira que realmente amou, com profundidade e simplicidade. Havia sido um tanto patético e sentimental. Cuidara dela com tod

Musicas

Imagem
 Minha trilha sonora hoje ficou num top 7: My Heart is bronken – Evanescence You I need -  AMORPHIS Arms -  Christina Perri  Be there as it may -  Scarcéus  FIRST LOVE – Adele Corner of my street -   A lain Clark  Girls just want to have fun - Glee 

The Change

Imagem
Saíra da casa apoquentada de raiva, como se tivesse engolido milhões de tapas em palavras. Encostou na árvore em frente a casa do Murilo com os olhos fechados, e as palavras trocadas com ele pareciam rodeá-la. Sempre achara melhor fazer as coisas assim, respirar antes de sair falando tudo o que vinha a garganta sem primeiro ser pensado, assim limpava algumas das frases que por ventura viessem a sair. Achava estranho como isso não funcionava com o Murilo, algumas das principais características dela sumiam perante ele. Diante da conversa que tiveram, palavras cruzando, formando redemoinhos de sentimentos, sentiu uma lágrima cair, sentindo o toque na pele, caindo lentamente, como se fluísse. Murilo levantou, foi de encontro à porta, abriu a velha porta que de tão velha lançou o som no tempo. Lavínia, ainda desconexa, abre os olhos com o barulho, e dá de encontro com o olhar dele. - “Po, po...” gaguejou, mas continuou ainda assim..., “posso?” Ela se aproximou um pouco e desviou o olha

Nem sou tua, nem tu és meu

Imagem
“Em que és [...J fictício,  Em que tempo parado  Foste o (...) cilício  Que quando em fé fechado  Não sentia e hoje sinto  Que acordo e não me minto... “ Fechar os olhos pra muitas coisas nem sempre é tão fácil, mas fechar os olhos pra palavras não ditas é pior. Palavras escondidas machucam quem as esconde, e por períodos de esquecimento, machucam muito mais quando lembradas da existência. Acordei com o peito dolorido, levantei, coloquei os pés no chão e prossegui meu itinerário habitual. Mas ainda há o nó na garganta, angústia, peito apertado. E um receio péssimo. Pelo sim, pelo não, melhor é ficar apenas olhando.  “E a coisa mais divina Que há no mundo É viver cada segundo Como nunca mais.." Mas o que eu posso dizer é que estava me sentindo bem, mas agora ...?! Daqui, entre minhas manias, prefiro não imaginar. Quantas vezes só hoje já fugi de pensar. A vontade, hoje, de fingir não ter existido pra ti, no ontem. Nunca fui. Agora, controlarei meu traje

O assalto

Imagem
A noite parecia se avolumar, escurecia como se o sol estivesse sendo engolido por um alento superior. Ao olhar ao redor achou melhor encontrar o caminho de volta pra casa. Estivera perdido demais olhando aquelas casas por onde passava e lembrava-se da Lavínia. As copas das árvores meneavam junto com um frio que penetrava na espinha. Era assim como ele se sentia, algo voando por impulso. Apenas por voar. Ora se sentia uma flor esmagada por um pneu de um carro, por ter caído da árvore e desaprendido a fluir com o vento, ora se sentia um floco de neve que parecia cair no chão e derreter. Então, nos passos atrapalhados, chegou em casa. A velha porta azulada, já castigada pelo tempo. Antes que tocasse a maçaneta, ela girou lentamente. Ele ficou parado alí, apoiado nas pernas e com os olhos vidrados sem acreditar. - Posso... entrar? , perguntou. Ela assentiu, e comentou logo em seguida: - Sim, essa não é sua casa? - É, é. (meneando a cabeça, perguntou num tom irônico) E você agora aprendeu

Medo de perder

Imagem
Tantas dobraram nos caminhos que se encontravam com o dele. Mas nenhuma se fizera presente e ausente, necessária e desconexa. A Lavínia era pra ele uma parte extra, que não precisava, mas se fazia precisa e concisa. Ainda conseguia sentir a pele macia nos dedos, ver os tons da pele oscilando entre branco e rosado a cada toque. Os cabelos ruivos que voavam em concordância com a melodia do vento. E a vontade de voltar no tempo. Esse pensamento o corroía, consumia o tempo. Tinha o trajeto de vida controlado até chegar a ela, era nesse ponto que tudo se esvaia. Tentou por tantas vezes se prender a detalhes de outras mulheres, simplesmente falhara. Não era capaz de reparar, tão cego estava, e isso era a certeza desleixada que o fazia conduzir-se diante das incertezas da vida. Dessa forma permanecera andando, subjugando os sentimentos que o impingia. Fora sentando numa calçada e com um café nas mãos, aos goles, que tivera a atenção desviada da realidade, e sem controle algum, nas mãos a s

O inicio

Imagem
Dois meses após conhecer a profundidade de estar ao lado dela, percebeu como a matéria se anhapa quando se descuida, dissolve, e parece se libertar quando se está diante de um olhar que parece arraigar na penumbra da alma. Passara a noite vagando pelas ruas de São Bernado do Campo e pensando como se sentira terrível quando machucara o próprio coração pra não sofrer. Porém, fora mal interpretado. Só estava tentando cuidar daquilo que lhe era mais precioso. No entanto, a Lavínia lhe tirara por completo. Tinha a mania de achar que sentimentos depois que saiam do plano (ganhavam dimensões) é porque era hora de pular fora, já que ninguém vai até o final, e simplesmente caem fora antes que algo realmente possa valer a pena. Mas nesse caso fora diferente, ele sabia que era a hora de ir realmente pra longe dos vestígios de sentimentos que o deixavam alucinado. Por não conseguir se explicar, ter motivos ou mesmo ser capaz de dizer pra ela o medo que tinha, decidiu apenas sair da vida dela como

O fim

Imagem
Diante dos traços do destino, das promessas que fizera pra si mesma, e envolta do pouco que ainda tinha, decidira se despedir. Havia a necessidade de falar o que ficara preso na garganta. Era preciso falar, mas não da forma como imaginava. Ela teceu toda a história com lágrimas. Era o fim. Não estava colocando culpa em ninguém, até porque não havia um culpado. Até ela mesma havia sido vítima das escolas que fizera. Não foi apenas por sentir-se atraída Vinicius, nem por não ter algo em comum com Agenor (até porque eles não brigavam), nem por ciúmes. Nenhuma dessas causas era o motivo. Mas ela sabia. Fora por medo. A Lavínia alucinada pela vida perdera o brilho, perdera as forças. Sobrara apenas a inexplicável mulher, que encantava. O coração dela ainda batia. Mas o olhar não tinha mais brilho, o sorriso também perdera a força, talvez porque o que ainda a fazia sobreviver era somente o existir. Sentindo-se morrer aos poucos, resolvera escrever. Se permitir explicar. E assim fizera