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Mostrando postagens de janeiro, 2012

Reencontro

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Enquanto aproveitava um vinho, Lavínia se dava conta que parte dela havia morrido. E não soubera explicar o que havia causado seu fenecimento. A Lavínia atrevida, que o corpo era dono de parte de sua essência tinha se dissipado.  Estivera tanto tempo procurando pela conquista, por ter o desejo saciado, que se esquecera do depois. E agora, sem muitas respostas, simplesmente sabia que uma parte dela estava entregue as traças, e que aos poucos, estava morrendo. As doses se avolumaram, e ela se voltou pra antigas questões, antigos papéis que tinham lembranças confusas. Percebera tamanha exaustão que obtivera por se importar tanto com o coração, e por isso, escolhera outro caminho. Mal se importava com o próprio sentimento durante tempos, como iria pensar no sentimento de outrem. E ainda assim, não querendo, não tentando pensar. Pensou. O coração se voltou contra ela, se repugnou, por nada mais saber de Agenor. Que desde a separação, sumira completamente. Nada chegava a ela sobre ele. E f

O pranto de Agenor

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Agenor tomara a decisão de que era hora de ter orgulho próprio, ele havia de sair daquela vida. Finalmente tomara coragem suficiente pra romper todos os laços. E estava fazendo isso da forma que podia, e até já era capaz de sonhar. Durante anos observara de alguma forma a Lavínia que sempre aparentara felicidade ao lado do Vinicius. E se mantivera vegetando durante anos, rastejando pela dor. Achava que nunca mais conseguiria ver-se livre de tamanha dor, não por vê-la feliz, isso era o que ainda o fazia sobreviver, mas por não ser ele quem estava ao lado e proporcionando todos aqueles sorrisos. Ao ver todo o sofrimento do Agenor, aos poucos notando o rosto desfigurar-se de tanto chorar, a Luna não aguentou. Conhecia todos os passos dele, conhecia cada suspiro, e resolveu anteceder, e lutar pra que ele saísse daquela dor que parecia atravessar toda a alma. E assim, tentou fazer dos pesadelos dele um aprendizado. - Tem horas que a gente se entrega, e não consegue submergir das profundidad

Entre Lavínias

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Agenor se deparou com todos os sentimentos se embargando, se debatendo dentro dele quando percebeu o ciúme corroer tudo o que havia por dentro. Quando adquiriu pra própria existência o querer egoísta de tê-la somente para ele. Era desesperante imaginar que aquela mulher a qual se dedicara estava abdicando de tudo o que sentia por ele e se jogando de frente com passado. Isso causava tamanha fúria, e aos poucos matava o amor.   O amor por mais forte que seja é também mortal. Um coração não cuidado e machucado não sobrevive na imortalidade do existir. É como veneno engolido em doses ínfimas, que aos poucos vai matando com um sintoma aqui e outro ali, deteriorando com o decorrer do aumento das doses, enquanto a alma julga ser capaz de se acostumar com o que está aos poucos matando. Isso fora entorpecendo todos os sentidos de Agenor, e ele tentava compreender o que se passava ao redor, mas não era capaz. Lavínia era muito senhora de si, tinha uma desenvoltura que não era inteligível. E a

A explanação

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O coração que toma ódio, não sossega simplesmente por sossegar. É como um devaneio completo entre alma e coração. Em que a trama se torna emocionante quando os envolvidos estão loucamente interligados. Enquanto arquitetava a idéia de como seria o fim, previa cada movimento, como se houvesse uma conta exata para cada movimento da Lavínia. Calculava o que a Lavínia meio louca seria capaz de fazer, o que a observadora teria ou poderia perceber, o que a desorganizada iria conseguir tornar mais inadequado e doloroso (mas nesse caso, parecia que aumentava todo o frenesi). Porém, a Lavínia puritana era impossível de desconfiar. Ela tinha uma estratégia toda pontuada, e cheia de interrogações que ultrapassavam o olhar. A cada segundo, o terrorismo interno era exalado como suor frio de quem arquiteta uma ponte frágil. Todo plano por mais perfeito que seja, sempre deixa rastros. Era estranho toda a sentimentalidade envolvida. Até pra mim, pareço sentir, como se eu também fizesse parte da trama

Indecisão versus insegurança

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Inquieta, ela tentava permanecer longe daquela confusão exterior, tamanha a facilidade de lidar com tudo aquilo e fazer parte do balburdio coletivo, mas ela suportara alguns anos contendo todo aquele impulso contínuo e impetuoso . Sempre soubera da quarta parte que havia contida no seu ser, e sempre escutara de todos que estavam ao redor que não carecia de ser deste modo. Impacientemente, ocultara-se do mundo, postergara-se diante de tantas informações contrárias, e que mais tarde chegou a considerar contraditória. No entanto, sempre soubera, que o contratempo gerado, seria, mais tarde,  demasiadamente grande pra carregar de forma tão escondida. Com o tempo, foi resgatando partes do que escondera tão profundamente. Aquilo que anteriormente fora vergonha, aos poucos descobria, desordenadamente, que não tinha nada de ruim, não havia porque a existência de tamanha vergonha de si. O que era motivo de acanhamento na verdade era a ponte que faltava pra lidar com a totalidade do mundo. Entã

A tortura do Agenor

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Agenor sempre se mantivera muito ocupado, tentava manter o tempo cheio de tudo pra não deixar os pensamentos o comandarem. Era um tanto quanto quieto, calado, e tinha um ar qualquer de introspecção. Ele conheceu Lavínia dia 26 de fevereiro de dois mil e nove. E não houvera muita conversa. Aliás, poucas foram as palavras. Porém, pareceu que todas as palavras foram ditas. Desde o dia em que colocara os olhos sobre Lavínia, tudo modificara. Parte dele não sabia como compreender tamanho sentimento e burburinho interno. Ele passou a alimentar tal tortura, que a cada dia tornava-se maior. A cabeça antes tão ocupada por qualquer coisa, agora se mantinha cheia de Lavínia. Completa desse nome que ecoava por dentro e por fora. O pensamento se amontoava. Entranhava-se por ele, desde o momento de acordar até o momento de sonhar novamente. Havia horas que o desespero tomava conta dele, “como cheguei a esse ponto? Será que você é o que vejo ou aquilo que desejo que fosse? Será que eu te enxergo co

A Lavínia

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Por algum motivo, os quatros corpos encontrados eram de uma mesma mulher. Não quero confundir-te, é que elas tinham o mesmo nome, mas não, não era uma pessoa só, eram quatro em uma. Cada uma de um jeito diferente. Mas todas tinham uma peculiaridade. Todas eram Lavínia. Isso mesmo, uma tinha um ar espevitado, a outra era muito séria, a terceira era um pouco silenciosa e observadora. A quarta, era a que mais chamava a atenção, tinha um charme que ninguém poderia explicar, e se fosse pra te explicar, melhor seria conhece-la. Porque palavra nenhuma seria suficiente pra descreve-la.  Vejam bem, fazia seis meses que o destino criava caminhos pra que as quatro Lavínias batessem de frente uma com a outra. E esse caminho tinha um nome, uma fúria interna que ninguém imaginaria ser capaz de causar o fenecimento de quatro histórias lindas. E assim aconteceu. Te conto mais, a Lavínia era desconhecida dela mesma, que mal sabia que caminhos haviam em frente aos pés. E assim ela andava, entre buraco