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Mostrando postagens de 2013

"A gente se entrega nas menores coisas."

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  “Tu é diferente. Não é só diferente da maioria, é diferente de todos .” Eu nunca tinha visto um olhar pra dentro, aquele meio fixo que parece se observar adentro, que complica a alma, que vai tão profundamente como se a alma tivesse uma extensão infinita. Olhei fixo, me perdi na extensão daqueles olhos que se contemplavam, pareciam se conhecer e se desconhecer tanto. Eu jamais entenderia aquilo que estava a concluir, pareciam discordar e concordar numa velocidade que me agitava também. O que me restava era tentar da forma mais suave possível deixar que aquela impressão tomasse conta, mesmo daquele jeito meio escorregadio que tudo estava se encaixando, um doce que parecia tão amargo às vezes. O que eu posso te dizer era que aquele mistério me inundava por inteiro, e me fazia não saber mais no que pensar, era uma sensação assim como as outras, mas era irracional, não fazia sentido algum. Tudo o que estava claramente desvendado era que me apetecia aquela brutalidade

"A gente nunca pode julgar o que acontece dentro dos outros."

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  “Estou tentando me entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profu nda. ” A chuva escorria lá fora como córrego cheio, carregando tudo que tivesse pela frente. E mesmo assim, debaixo do dilúvio, sem tampouco guarda chuva, eu fui percorrendo caminho adiante, procurando por ele, sem ao certo saber qual chuva era pior, a de fora ou a que caía cá dentro. Tem hora que penso que eu simplesmente poderia ter tomado um rumo, um significado menos abstruso, mas se eu tivesse feito aquilo, eu jamais teria sentido um frio como aquele, ou sequer tomaria um café quente pra colocar meus pensamentos mais insanos em ordem. Por isso a sensação de ter ficado encharcada da chuva, por fora, por dentro, incluísse tanto sentido agora, porque o café tende a ter aquele efeito de abraçar por dentro. É igual a chocolate quente, mas é menos doce. É mais significativo. A quest

"Mas é melhor fugir de mim. Sem mais, sem dor, perto do fim."

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"Como num voo sobre o mar, sempre partir, nunca ficar.” Ela mantinha os olhos desfocados, com a imaginação dispersa. Voltava para casa no fim da tarde num sol que ardia na pele branca. Na rua oca o sol era refletido no asfalto, voltava a bater aquela onda de sol na pele. Ardia. Avermelhava aos poucos. Rubor. Ardor. Calor. Ao chegar à escadaria da rua principal, sentou no quarto batente da escada, descansou o olhar ao longe outra vez, suportando um pouco daquela realidade. E não sendo pouco, aquele olhar meio esquecido pelo tempo, a pele parecia reclamar ininterruptamente, os ombros, as costas, o rubor na face. O que havia de se fazer? Olhou então para o lado, os olhares então, encontraram-se. O olhar desfocado pareceu desalentar-se ao se acompanhar de outro olhar perdido. Na rua oca não havia sinal de vida. Num lugar de sol tão fervoroso, pele branca era vergonha imensa. E já não importava o que adiante houvesse de vir, a insolência da diferença merecia um erguer a ca

"E se me achar esquisita, respeite também, até eu fui obrigada a me respeitar."

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“Com todo perdão da palavra, eu sou um mistério para mim . ” Um simples fato. Por um fio estamos andando, por um ponto de equilíbrio, você sempre tem chances de cair. E com toda a sinceridade de que tenho mantido minhas palavras, com um ar quase otimista, mesmo que muitos desconfiem da minha estória, escutem. Confie na minha intuição. Terminantemente, é possível ser sorridente estando na corda bamba. Eu por exemplo, posso ser igual algodão doce, mas se errar na minha simplicidade, meu doce não vira nuvem colorida. E assim, reativamente, assinala-se uma contra resposta: - Viver assim te dá medo? – Insistindo – Não tenha medo. - É, tenho medo, como tudo que se faz com riscos. Nesse momento, aí na tela do outro lado, quero que você possa me entender. Minhas palavras se edificarão. O grande questionamento será apenas quem tu és antes de se conhecer? Que dirá quem eu sou por agora? Particularmente, eu acho que tudo o que somos se modifica. A alma é colorida, se pint

"Dizem que a vida é assim, cinco sentidos em mim. Dentro de um corpo fechado no vácuo de um quarto no espaço sem fim."

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  "Escravo, meu amor, é o coração que bate por bater, sem ter algum amor como razão" ♪...♫ Daqui a pouco, tolerando essas palavras, é o que titularia de findar. É exatamente isso que há em mim. Achei no meu interior, fui lá buscar, porque careci embeber dentro de mim tudo o que estava demasiado a flor da pele. Coloquei todos os alvitres, tudo o que foi divisão. Por onde minha alameda se entranha, onde me arrasto, eu já não sei reconhecer mais. Agora dilato tudo isso pra além de mim. Isso é tudo que há depois que me desencontrei da minha maior arma, minha solidão. Estou arriscando com o que havia em mim, o que quiçá fosse vácuo era tão completo que após toda a exposição, ainda assim não possui o que manifestar-se, então o que se conserva entre minhas entrelinhas?   Isso tudo, admito, parece um pesar, mas como tudo que principia também finda. Algo que notadamente se pinta com ar de raro, pode ser uma simples estória de mesa de bar, e nós sejamos meros personagens p

"Não sei o papel que desempenho. Sei apenas que é o meu, intransmissível. É já em cena que tenho de adivinhar de que trata a peça."

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            “[...] Entre paisagens assim se desfia a alma, desaparece e volta, aproxima-se e parte, estranha para si própria, inabarcável, certa uma vez e logo incerta de existir, enquanto o corpo está, está e está e não tem lugar para onde ir.“ . Há sempre uma coisa boa na inquietação, no incerto, no inviável e que ao mesmo tempo molda-se. Não sei exatamente o motivo da insistência em entender quem eu nem conheço tão bem, mas parece que tem momentos em que os “estranhismos” pessoais são bem parecidos (desculpem a criação de palavra, mas me permitam usa-la assim mesmo). Pra mim é simples, vejo alguém com um problema familiar de saúde, e uma série de obrigações. Então a conversa com um amigo desenrolou-se em entender exatamente o que seriam as entrelinhas dessa inquieta questão:   Kaliany : Ela é apenas complicada (complexa). C : O ruim é que as notícias que tenho dela, é sempre ela triste. Isso é complicado. Kaliany: Calma. É só cansaço. Só isso. Não prec

"O que importa afinal, viver ou saber que se está vivendo?"

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“Só o que está morto não muda! Repito por pura alegria de viver .” E a tarde se consumiu tão rápido. Agora o céu começa a ficar acinzentado, com leves toques alaranjados, enquanto eu fico cá a pensar quão triste é não saber, e morrer sem saber que podia ter descoberto tantos mistérios e tantas aventuras. No entanto, bem mais triste é morrer sabendo que mesmo buscando, tão pouco se sabe. Porque a vida é curta demais. Nessa tarde que se esvai em calor, no fim de meio termo, meio de semana, nem é um começo, nem é um fim. E se finda pra recomeçar. E recomeça, pra findar outra vez. Será vida? Vida, explica? Você também é assim, ‘pintosa’ de reconstituições novas, novos pedaços de alguma coisa ainda não ligada? Ou será que eu não percebi a minha falha? Conteste-me! Eu, cá, não me encontro um minuto antes onde eu deveria ter estado. E já não estarei onde deveria estar daqui a 5 minutos mais tarde, mas e se ... E se... Talvez eu tivesse agido diferente? O que garante que deveria

"E essa tragédia que é viver, e essa tragédia, tanto amor que fere e cansa"

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"...o meu coração já não me pertence,já não quer mais me obedecer,parece agora estar tão cansado quanto eu..." O que há de se fazer quando o dia tem um rumo lento? Demora-se a ir? Não sei, eu queria realmente entender. Como não sei o fim, o meio termo, e meu passado ficou embaraçado com minhas memórias de ilusão, cá estou aqui, sem saber de onde eu vim, para onde vou e o que aconteceu. Compreenda. Meu presente tá conturbado. Meio sem sentido. Sem ação. Talvez eu esteja pela metade. Ou provavelmente estou inteira, e ainda assim sem mim mesma. E o meu dia? Como que está meu dia? Meu dia anda assim, tranquilamente choroso. Dia meio nublado. Meio de metade avessa, metade do lado certo. E eu até compartilho com os outros algumas poucas palavras. Mas por algum motivo, por algum desequilíbrio, eu me permiti, passou a apetecer do meu inquieto querer, a ida do auge de um sorriso ao pranto de uma lágrima, e outra, depois outra e mais uma. E pra que tanto choro? Qual o mot

"Há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata."

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“As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos. ” Busco-te. Busca-me. Buscamo-nos. E enquanto crio uma ponte com todas as palavras do dicionário entrelaçadas até você, sabendo apenas de tuas entrelinhas, descobri que sou assim, totalmente descrita em ti, em cada parte do teu corpo, nos vazios da minha alma. Eu, como pedaços em branco, lacunas que se complementam na tua alma, excluída, quase apenas uma invenção de tua imaginação, te faço um apêndice de meus reclusos enigmas, e assim, quase sei de ti, mas não sei. Sou o equilíbrio das tuas palavras, você preenche os espaços em branco. Somos a luz e a sombra. Vou ficando distante e quieta, no embalo da minha solidão, enquanto repleto da minha ausência você entende que me falta exatamente o que te sobra, e eu tenho exatamente o que falta em ti. E de tal modo eu não estou distante, viro presença na falta. Os dias passam, e a ponte duplica de tamanh

“Só nós dois, sós os dois, sóis os dois.”

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“Você tem me ganhado nos detalhes e aposto que nem desconfia. ” Memórias. É um tanto assustador lembrar por reflexos de detalhes. Eu ainda lembro, o celular tocou algumas vezes, e eu não consegui falar mesmo depois de já ter ouvido aquela voz. Me mantive quieto, sentado, depois andando no meio do quarto numa aflição. Quando as perguntas eram impossíveis de desviar, eu tentava pensar que do outro lado alguém estava sentindo a mesma sensação agoniante e lenta, um desespero agradável. Depois de várias ligações, ainda havia o mesmo desespero, ainda era agradável. Porém talvez aquele sentimento tivesse tomado a profundidade do acostumar. - Amor? – Aquela velha voz conhecida. – Oii? Amor, fala alguma coisa? - Oi . – Ele disse. - Pensei que não ia falar. Você está bem? Cansado, sentou. Passou uma das mãos cortando o cabelo preto e liso em cinco partes. Lembrou da gastrite que o deixava louco de dor. - Oii? Dormiu? Tá aí? - Oi. – Ele disse. - Então responde?