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Mostrando postagens de maio, 2012

Silêncio sem compreensão (solidão)

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"Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro." (Caio Fernando Abreu) O silêncio, uma daquelas palavrinhas que nos fazem calar enquanto ao nosso redor o mundo tem um som estridente de ruídos misturados. Eu estava jogada numa dessas cadeiras de plástico, sem ninguém por perto. Pois é, não havia ninguém por perto, e eu tinha me dado conta disso. Algum tempo antes desse meu desencontro de pessoas, alguém havia dito que depois de algum tempo nada sobra além da solidão, e feliz aquele que sabe andar ao lado dessa imensidão de vazio. Olhei incrédula, mas temerosa também, isso é demasiadamente triste. Eu não poderia imaginar essa tal solidão. Sempre achei que por mais só que esteja, em algum momento, a gente encontra mesmo não procurando uma pessoa que nos faz reconhecer como um espelho, porque de alguma forma o que está por fora nunca é significante enquanto o corpo perece. Eu só não imaginava que algumas coisas a gente só aprende vivendo.  Ele não menci

Sentimentos em cores

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Ainda hei de ver em seu semblante minhas cores refletindo e minha imagem feita nos teus olhos. Meus olhos vistos por dentro, como quem vai mais profundo, penetrando a alma com intensidade. Vou olhar fixamente, e minhas pupilas respondendo a cada feixe de luz que adentre pela extensão da visão, emudecidos, serei tua resposta na ausência das palavras não ditas. Saberei humildemente, enquanto concordo com as suspeitas às quais deixará vir até mim. E não saberemos concluir um anexim sequer, mas torcidos, teremos um gesto de cumplicidade, que de forma oportuna serão complementados. O meu problema se reduz ao medo, ou qualquer outro sentimento enlouquecido que eu não saiba no momento descrever, é uma coisa de quem reverencia demasiadamente, e que parece pequena diante do universo que parece surgir diante de tudo o que eu não sei explicar. Medo sim, muito medo, e eu digo que é medo por não encontrar uma palavra que possa estar no tal lugar que esta já ocupa. Eu não sei lidar muito b

Retalhos musicais

Nunca é tarde pra te explicar o que penso Senti seu coração perfeito batendo à toa E isso dói E por mais que você me encarasse Você não estava lá Você não pensa em mim Seja como for É uma dor que dói no peito Minha história é bem descrita em fotos e versos Tomara que da próxima vez Em que eu pensar em você Eu só consiga pensar besteiras Pensar em você é morte lenta Estaria me traindo Ao pensar que o tempo pararia Se meu coração não mais batesse. Você não sente os meus passos Toda vez que tento me perder Acabo me encontrando perto de você Pode me dizer você faz isso por querer?! Mas se eu tiver nos olhos Uma luz bonita Fica comigo E me faz feliz! Não sei o que assumir Pois termos não definem O que eu tento te dizer Mas a ironia na memória tenta loucamente descrever E eu não entendo nada . Por que você às vezes Se faz de ruim? Mas por favor Não me leve a mal, Sem incomodar ninguém Nem me fazer notar Volto ao mesmo l

Um amor

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"Às vezes o que parece um descaminho na verdade é um caminho inaparente que conduz a outro caminho melhor. As vezes não. O que a gente pode fazer é dar crédito ou não à pessoa. Freqüentemente não vale a pena. Freqüentemente, vale". Eu quero um amor antigo, daqueles que a gente se deixa levar e não vive somente por superficialidade. Quero um amor que eu me perca nele, mas não me assuste. Quero uma desses amores que a gente sabe que não vai ser por acaso, e que vai arrastar a gente como uma onda gigante, devastando tudo por dentro. O amor só tem graça assim. Forte. Gigante. Complexo. É isso que eu quero; um amor de amantes. Afinal, amar sozinho é muito ruim. Não falo de um amor perfeito, porque não faz sentido a perfeição. Isso se chama querer somente metade de um todo que não tem forma. Eu quero um sentimento que se esconde dentro da gente, e que só uma vez na vida se deixa ir. É coisa invulnerável, estável e nem por isso deixa de ser frágil. É um extremo que

Lamúria

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Ao Bernardo, Tonha, Maria, Fátima, Jurema e quem mais tiver nome nesse mundão de Deus Hoje, seis de maio, nesse quarto amargo, A sete palmos acima do chão ainda permaneço, Se nenhum pingo de água cair, É que hoje sou mais fria que ontem, E o céu menos nublado. Enquanto escrever essas linhas, Não haverá recordações mais sombrias Como as quando silenciar minha voz. Embriagada de tantos pensamentos vis, Que ao fim das humildes reticências haja o inicio de um novo parágrafo frágil Mas que eu emudeça de ti! Tu que já não vejo, Talvez a verdade seja que tu não és pra mim E eu não seja pra ti. Se ainda lamento, é porque minha fúria ainda não confinou. Sedenta de jogar meus prantos Sou as palavras que o mundo posterga. Os olhos que recebem o não São os mesmos que sustentam a afirmativa contraditória. Mas se me encontrares perdida por aí, Não se engane, Sou uma moça de fatos vis. Carrego por dentro tantas mágoas de ti. Mato-te com palav

O retrato das sensações

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Estou trabalhando em alguns poucos planos, mas pensando sempre numa mesma direção. Esforço-me da forma que eu possa manter meus pés no chão, e nesses dias que as coisas parecem ficar mais paradas, mantenho os pulsos firmes e olhos atentos. De fato, é preciso observar cuidadosamente o que se passa ao redor, porque nem sempre se espera o que vem pela frente, mas podemos nos preparar contra as surpresas. Há tanta beleza escondida num espinho que a gente se apega a flor e até se permite machucar pelo espinho. Há sensações esmaecidas da estranheza do destino que pra entender, é necessário ser como um completo estranho de si mesmo. Não me refiro como alguém que se encontra na rua ao lado, mas não deixo de ser facilmente achada. Ainda assim, sou complexa, e observo todos os passos até mim. Porque meus olhos não se encantam com a simplicidade, eu gosto do que cruza meu caminho e se deixa ir. Que importa? Na verdade a mera coincidência é que todos estão à mercê das sensações e os seus