Até o fim
Durante muito tempo todos os gostos que ele lembrava estavam ligados a Lavínia – o velho vinho de Paris que ela adorava tomar com ele nos encontros, o café amargo do outro dia e o chocolate quente nos dias frios que foram diminuindo até não haver mais nenhum. As lágrimas eram sempre incessantes, ora pela manhã, ora a tarde quando entrava no metrô, ora de madrugada que conseguiam o arrastar da sala até o quarto, como se ele fosse arremessado pra cama, e de tão machucado o corpo, não conseguia se mover. Depois que a Ávila tornara-se presente, conseguia esquecer por pequenos momentos que algo faltava, esquecia o que era uma lembrança doce e amarga. Os olhos ficaram menos inchados, os domingos menos solitários. O telefone não causava mais tanto alvoroço, tanto medo, assim como perguntas simples “como você está?” já não eram tão complexas de responder. Planos foram tecidos, planos foram quebrados. Mas a vida foi objetiva e convidativa. Ela o amou até o ultimo dia de vida, e ele também a