"Não há homem ou mulher que por acaso não se tenha olhado ao espelho e se surpreendido consigo próprio."

“Não me entendo e ajo como se me entendesse.”


Na volta pra casa, lentamente caminhando rua por rua, demorando mais um pouco do que o normal. Os pés locomovem-se paralelamente. Chegando ao destino final, brindando um dia conflitante com uma caneca de café quente. Toda essa demora é resumida num velho adiar o novo texto. Um texto de 2014. O primeiro ou último. Não tenho como saber.

A ideia me causa certa repulsa, de fato me assusta demais. Não por medo de não voltar a grafar palavras sequenciais numa tela branca, mas pela inspiração doce que tem sumido nesses dias. Eu poderia apenas retirar os detalhes bonitos e um tanto dispersos, mas e o encanto? E aquele velho sorriso que me solta sem força pelo canto da minha boca apenas de imaginar a cena? Faltaram às circunstâncias, faltou alguma coisa. Sim. Faltou a minha inspiração.  Nesse louco encalço, tornei a mim uma expectadora do que estivesse exposto. E naquela caneca de café quente, com a mente absorta, o céu da boca sentiu-se queimar, enquanto a volta pra realidade pareceu repetir-se “a realidade pode ser mais quente, pode ser mais dolorosa, e muito mais inspiradora, como uma boca queimada que já não sente sabor”. Jogo pra fora de mim um olhar, olho pra fora, por fora, de fora, olho pra mim.

No outro lado um espelho. A imagem. A compostura atravancada, contida, um tanto delicada, um óculos vermelho marcando um rosto magro, uma roupa um tanto larga pra espessura dos ossos. Mas que figura é essa? Torno a olhar mais lentamente. Cabelos, corpo, pele, olhos. E a alma? O que carrega na alma?


A imagem branca, presa numa reflexão literalmente refletida, a olhar-se. Por quê? Quem? A imagem presa numa discreta rotina. Como num gesto ensaiado, a mão que segura uma caneca de café é levada até a boca vermelha, e muito compenetrada num gole mais cuidadoso que o primeiro, não sente mais queimar. Dos meus olhos um discreto sorriso escapa da situação por perceber que às vezes dar de cara consigo mesmo, é um pouco perturbador. Bom, isso é que se resume o ano de 2013, o ‘encarar a si’, o seguir em frente, e sorrir. 


"Sua predisposição para ficar calada não é propriamente uma novidade: a novidade é estar aceitando, inclusive, o silêncio. É bom isso, dá mais paciência, mais compreensão, dá mais sentimento às coisas — e dá grandeza." 

Comentários

  1. a num sabia que tinha blog tbm linda

    agora vou tentar passar as vezes aqui

    bjs

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    Respostas
    1. Oh ... obrigada pela visita. Bem vindo ao meu mundinho particular. rs

      Bju =*

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