"A vontade é impotente perante o que está para trás dela. Não poder destruir o tempo, nem a avidez transbordante do tempo, é a angústia mais solitária da vontade."

Hoje completa 7 dias. São 7 manhãs, 7 tardes e 7 noites. E o pensamento incessante, maquinou durante todos esses dias sem conseguir escrever, sem conseguir expressar a dor de amar alguém que já não posso mais abraçar. E me somam uma série de dúvidas, sensações e sentimentos. Tenho em mim a dúvida de que nós humanos somos débeis no sentir. Somos confusos e confundimos aos demais. Nossos sentimentos assim como nossos olhos, nos traem. Cegamos diante de tanta sensação. Nossa visão fica turva diante do que acontece ao nosso redor, e por vezes deixamos escapar das mãos o controle, no qual, ao perceber muitas vezes machucamos sem motivo. Vai ver a dor é tamanha que precisamos dividir de uma forma um tanto insana com os demais, sem sequer pensar que o outro também sofre. Mas nunca é tarde pra mudar velhos hábitos débeis, para que o que ficou seja melhorado, pois toda mudança depende apenas do amor. Do amor ao próximo, do amor a Deus, do nosso amor a nós mesmos.

Então eu me pergunto, diariamente, que sentimento é esse que chamamos de amor? E porque é tão confuso? Porque depende apenas do amor? Que razão existe em sentir tal sentimento diante de tanta contradição? Porque amar se dói?

Eu, como humana me contradigo muito, e nas palavras é que o descontrole é maior, afinal, o silêncio muitas vezes nos protege, enquanto palavras nos fazem refém. E se essa contradição, que surge no viver amando e sofrendo enquanto dizemos adeus, ainda não me explica qual o sentido de amar? Como diria Vinícius de Moraes: ”Quanta tristeza há nesta vida, só incerteza, só despedida. Amar é triste. O que é que existe? O amor. Ama, canta, sofre tanta, tanta saudade do seu carinho. Quanta saudade. Amar sozinho. Ai de quem ama, vive dizendo, adeus, adeus”. Não faz sentido, não faz nenhum sentido para mim. Apenas sei que é preciso ter amor, ter dor, e ter luto, pra no outro dia lutar, mudar e recomeçar.

O que me faz pensar no paradoxo desse momento é a dor que tem me tomado o peito, o folego, a razão, o sentimento, a paz. Parte de mim, como daqueles que estão passando por tudo isso ao meu lado, os que a amavam da mesma maneira, sentem essa dor de não poder mais abraçar, de não poder rir junto, porque o amor é um paradoxo gigante, quem ama tem um medo muito grande de perder. Nós humanos somos tão egoístas, que é natural sofrer pelo outro. Sim, eu sou egoísta também, porque a minha dor me cega nesse momento, e tudo o que eu vejo é que eu não queria mais vê-la sofrendo, porque no fundo eu sofria junto. Isso era quase insuportável. Eu queria retirar a dor dela, mas eu sou mera humana, não tenho poder algum, apenas tinha minha fé, meu amor e algum tempo. Quando a dor era só minha, eu suportava com firmeza, mas ver quem a gente ama sofrendo, e demais familiares também, é muita dor junta, “quebra nossas pernas”. O que resta agora? Confortar a insatisfação, a saudade, a culpa, a falta do abraço. Porque o passado é imutável, mas aquilo que fazemos depois do destroço depende apenas da gente, e se crescemos em nome do amor, vamos muito mais longe, e percebemos que a dor é uma pequena abertura pra tentar o caminho certo.

Eis a razão de tanta contradição, a gente ama pra aprender a viver, e viver bem. E de tanto amar, sofremos, e lembramo-nos das melhores partes. Seja de um chocolate não dividido, mas que trouxe tanto sorriso e gargalhada; ou por um rodo que não tinha controle, e que rendeu uma tapa na bunda, e mais alguns sorrisos.

Hoje são 7 dias de ausência, de distância, de lembranças e muitas lágrimas. E tudo o que eu queria era deixar um talento da embalagem roxa, um abraço apertado e um beijo na bochecha como o último que eu te dei, porque hoje eu sinto saudade, e sei que o seu pedido é “cuida de mamãe, cuida de Joardaci.”.

Te amo desde que nasci, e será assim, sempre. Guardada no meu peito, na memória, no tamanho da minha saudade, e na certeza que um dia nos encontraremos. 

“Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.”