"Entra no teu peito: bate, e pergunta a teu coração o que sabe ele."
“Mostre-me um homem que não seja escravo das suas
paixões.”
Insônia
sempre causa certo desconcerto nos meus pensamentos. E hoje não está sendo
diferente. Eu só sei que nessas horas minhas dúvidas nem parecem ser mais
dúvidas, só certezas clareiam e me machucam. É aquela coisa de destino
distorcido, você tenta de todas as formas fugir, correr pra bem longe, mas o
problema é que não adianta. As coisas têm seus motivos de serem, então só resta
aceitar.
Eu
tenho feito de um tudo, e tanto, e encontrado outros tantos pra ocupar meu
pensamento, mas cá estou eu mais uma vez a pensar em ti, justo você que
provavelmente nem lembra tanto assim de mim. O problema começa justamente no
ponto de onde parei e de onde vou começar. Será que seria muito clichê usar uma
metáfora? Não importa, sou eu quem tá falando, então, eu vou usar assim mesmo. Tenho
a alma como uma cabana, simples, velha e abandonada. Alguém construiu tudo
isso, usou todo aconchego e se foi. E então, alguém viu a velha cabana
abandonada e achou que poderia cuidar, e deixar tudo como era antes. Pintou.
Ajeitou o telhado. Mudou tudo. Mas fez isso tudo por fora. Porém dentro ficou
do mesmo jeito. Não por querer, mas porque era tanto entulho dentro da
cabaninha que era quase impossível entrar. Então, é assim que eu me sinto nesse
momento, uma cabana bonita por fora, e toda destruída por dentro (isso não quer
dizer que eu me ache bonita – é uma metáfora).
O
que é significa tudo isso?
Só
quem já amou poderia entender. Amar é muita pretensão quando se ama sozinho. E
eu, amei. Amo. Desesperadamente. E vez ou outra perco minha razão e compostura
por causa disso. Dói, não vou mentir. Parece que é maior que tudo o que eu
poderia aguentar, e confesso, nesses momentos dá vontade de mudar de corpo, de
vida, de tudo. Dá vontade de perder-se. Como não dá pra fazer isso, eu tento de
alguma forma encher de entulho o que já é entulhado, aumento o volume da
bagunça na tentativa de anestesiar a dor do vazio de quem abandonou a cabana. Juro
pra vocês que é complicado demais. Eu já fiz de tudo pra esquecer, já tentei de
todas as formas, mas a verdade é que eu nunca vou amar alguém assim. É
demasiadamente grande o que se passa dentro de mim. Eu fujo, eu escondo, eu
minto pra mim mesma o tempo inteiro, até que chega um ponto que eu percebo que
nem mentindo pra mim mesma surte efeito. Aí eu volto pro recomeço.
Existem
tantos tipos de amores por aí, tem aqueles que aos poucos diminui até não ter
tanta força, há outros que a ausência vai destruindo ou a distância, tem alguns
que a rotina contorce na simplicidade da convivência, alguns são detruidos por
terceiros, por palavras, por desconfiança. Há amores que aumentam com a
maturidade e modificam. O meu amor é diferente, é aquele amor solitário, e
apesar de tudo é amor, e do tempo, da distância, das discordâncias, é sempre o
mesmo amor. Digo isso porque eu conheço todos os pedaços, todos os sorrisos, todas
as lágrimas; conheço o lado machucado, o lado feliz, o lado atentado, e o pior
lado de todos; aquele que apesar de eu ter medo, eu amo da mesma forma que
todos os outros. Eu não sei bem como isso é possível, mas só sei que eu amo. E
todas às vezes eu fico com isso na garganta, querendo dizer “poxa, larga isso
tudo, será que ainda não deu pra entender que ninguém vai te amar como eu? E eu
vou continuar te amando dia após dia, mesmo que se passem tantos anos quantos
tiverem de vir. E vai ser sempre você, e serei sempre eu. Não importa quem
entrar e tentar, quem invadir, ninguém faz isso comigo”.
A
complexidade do meu sentimento é até difícil de explicar, de definir. Eu tenho
medo, medo de te perder, de não te ter. Por mais que eu escolha fingir que nada
acontece, fingir que é tudo coisa da minha cabeça, meu coração me agarra só de
imaginar teu olhar. E eu me perco nesse pensamento. E talvez eu não seja tanto,
ou signifique tanto. Eu possa ser apenas mais um pequeno gesto desse mundo
grande de Deus. Possa eu ser somente uma pontinha diminuída e quase impossível
de enxergar. Eu não me importo com a pouca importância. Se houvesse um olhar, uma
resposta, eu ainda estou lá.
Enquanto
isso vou permanecer nessa de:
Ficar
longe, e vai doer.
Ficar
perto, vai doer do mesmo jeito.
Não
sendo suficiente eu vou fingi te odiar, mas é mentira, é ressentimento mesmo
por não ser capaz de te esquecer. Como não vou ter muita escolha, vou fingir que
não me importo mais, e por dentro vou sentir tudo rasgando.
E
nessa coisa de viver atuando, por mais que eu seja uma boa atriz, vou continuar
falhando no meu texto ensaiado. E eu vou chorar, vou voltar a não entender, e
vai doer novamente, e eu continuarei chorando. Vou sentir saudade apertando meu
peito, vou mandar uma sms, e a gente volta pro começo da trama.
"Meus dedos cobrem suas palavras. Eles tomam a forma dos jogos que
nós jogamos. Eu alimento suas palavras através das casas de botões (de roupas),
prendo-as às minhas luvas sem pontas pros dedos" (An Ocean and a Rock -
Lisa Hanniga)
Obrigada por ter seguido e gostado do meu blog.
ResponderExcluirBjNaPontaDoNariz e um ótimo final de semana. ;)