"Não sei o papel que desempenho. Sei apenas que é o meu, intransmissível. É já em cena que tenho de adivinhar de que trata a peça."
“[...]
Entre paisagens assim se desfia a alma,
desaparece e volta, aproxima-se e parte,
estranha para si própria, inabarcável,
certa uma vez e logo incerta de existir,
enquanto o corpo está, está e está
e não tem lugar para onde ir.“
.
Entre paisagens assim se desfia a alma,
desaparece e volta, aproxima-se e parte,
estranha para si própria, inabarcável,
certa uma vez e logo incerta de existir,
enquanto o corpo está, está e está
e não tem lugar para onde ir.“
.
Há sempre uma coisa boa na
inquietação, no incerto, no inviável e que ao mesmo tempo molda-se. Não sei
exatamente o motivo da insistência em entender quem eu nem conheço tão bem, mas
parece que tem momentos em que os “estranhismos” pessoais são bem parecidos
(desculpem a criação de palavra, mas me permitam usa-la assim mesmo).
Pra mim é simples, vejo alguém
com um problema familiar de saúde, e uma série de obrigações. Então a conversa
com um amigo desenrolou-se em entender exatamente o que seriam as entrelinhas
dessa inquieta questão:
Kaliany: Ela é
apenas complicada (complexa).
C: O ruim é que as notícias que
tenho dela, é sempre ela triste. Isso é complicado.
Kaliany: Calma. É só cansaço. Só isso.
Não precisa ficar tão agoniado. Imagino que seja problemas pessoais e
responsabilidades que ela nem sempre pode dar conta.
C: Eu fico preocupado, mas ainda é
menos agoniante por estar longe (semblante inquieto).
Kaliany: Tem isso também. Se ela
realmente estiver passando por esse monte de coisas que diz, deve estar bem
cansada. Existe os problemas de pessoas de almas soltas e de pessoas de almas
juntas.
Eu não
deveria julgar e tal, e acho que eu não posso simplesmente dizer o que se
passa, mas tem algo de errado. É como se ela fosse repleta de retalhos, mas os
retalhos não tivessem a simetria pra serem colados. Tenho a impressão de que os
olhos enxergam por um lado, os ouvidos percebem sons por outro, e o toque
também está disperso. É uma dispersão de formas que ela quer moldar.
C: Como se tivesse criado para
cada dor, uma história?
Kaliany: É, mas na realidade são várias
histórias numa dor só.
C: Personalidade quebrada.
Kaliany: Não sei, mas se for isso, a
situação é muito mais grave.
C: Por que?
Kaliany: Porque você vai amar uma mulher
que nunca existiu?!
C: Ou apenas um fragmento (d.e.s.e.s.p.e.r.o).
Kaliany: Não, você não a ama em si, nem
muito menos um fragmento, você ama o reflexo do fragmento. E você deseja o
corpo. Talvez por o corpo ser a única parte dela realmente inteira.
C: Oh, agora preciso descobrir
isso.
Kaliany: Ainda não é o momento, e nem
vai descobrir isso tão facilmente. Apenas os olhos do amor é capaz de ver isso.
C: Então só pessoalmente?
Kaliany: Não, só se vê isso se
enxerga-la até a alma.
C: Mas como? Me parece que tudo
que ela posta, é pedaços... ou algo nem sempre fala exatamente dela.
Kaliany: Ela posta pedaços inteiros, a
realidade pode estar nas entrelinhas. A realidade pode não ser dela, pode ser o
sentimento dela em relação ao mundo dos outros. O que ela diz pode ser sobre um
desconhecido, pode ser sobre você, pode ser sobre ela, pode ser sobre ninguém.
A alma de quem se deleita nas palavras nunca é de ninguém, mas talvez os outros
se doem pra essa alma. O fluxo é sempre desleal.
C: Essas entrelinhas (grrrr).
Estranho? Talvez nada concreto.
Provavelmente nos meios termos do “e se”. Eis que essas coisas são para mim
muito similares em certos pontos. O que me faz pensar outras possibilidades.
Mas dos meus dedos na tela, hoje, eu só poderia dizer aquilo que acho no geral,
os meus outros achismos ... Eu deixo que o destino prove. E vai provar, mas
espero mesmo que eu esteja errada.
"e falsa para nós seja toda
a verdade que não tenha sido
acompanhada de uma gargalhada."
a verdade que não tenha sido
acompanhada de uma gargalhada."
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