"As coisas são como são. Na hora certa."
“Faça com que a solidão não me destrua. Faça com que minha
solidão me sirva de companhia. Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se
estivesse plena de tudo. Receba em teus braços o meu pecado de pensar.”
Terça feira, 27 de maio
de 2014.
Ana passou rapidamente
pela cafeteria, estava atrasada pra pegar a tempo o carro. Foi diretamente ao
balcão. Do lado direito, 4 homens conversavam, e mais a frente 3 mulheres se
aproximavam pra fazer os pedidos.
Muita gente pra pouco
espaço, muito descuido pra pouco dinheiro. No íntimo ela sabia que naquela
bagunça era impossível de conseguir o objetivo. Victoria que surgia ao longe,
ao vê-la batendo o pé e impaciente pelo segundo carro, gritou.
- Ei mocinha, bate o pé
não que desgasta a sandália.
- Oi Vic, mas hoje a
impaciência tá grande, antes desgastar o sapato que ficar de cabelo branco. –
sorriu aquele sorriso desenganado.
- Se atrasou. Perdeu
dois carros. Tá brincando de se atrasar? – Abriu os braços como quem não
entende o motivo do atraso, afinal ela nunca havia chegado 1 minuto sequer
atrasada.
- Também não é por aí.
Aliás, já que perdi essa porcaria de carro mesmo, preciso te perguntar uma
coisa.
- Pergunta! – Ela cruzou
os braços e encostou o ombro esquerdo na parede.
- Lembra que eu estava
meio estranha sábado passado? Você até falou pro Joe que também tinha reparado
que eu estava muito desatenta.
- Lembro. Continua ... –
Pediu com o olhar intonado delineando uma total atenção.
- E você lembra também
daquele rapaz do moicano vermelho? Você viu ele por aqui?
Ela deu de ombros.
O terceiro carro parou
em frente a cafeteria, e ela saiu atrasada sem comentar mais nada com a
Victoria. Chegou vinte minutos antes de começar a segunda reunião da manhã.
Sentou na cadeira ao lado de Marta.
- Oi pra você também. –
Reclama Marta.
- Oi amiga, desculpa, a
cabeça tá um tanto bagunçada. – respondeu solicitamente.
Ana não reparou o olhar
que a questionava indiretamente.
- Tá tudo bem? – Pergunta
Marta.
- Hum, tá. Né nada não.
– Ela passou os dedos na testa, amenizando a dor.
- Até onde eu sei, dor
de cabeça não surge do nada, e essa sua cara horrenda de quem dormiu muito
pouco, repleta de olheiras profundas. O que tá rolando?
- Ah não quero falar
disso. Quanto menos comentar, melhor.
- Como você sabe que é
o melhor se nem tentou?
- Porque a reunião
acabou de começar e a gente precisa participar. Né?
- Né, mas nessa sua
neura, no mínimo tem coisa inexplicável no meio. Logo você, com essa cara de
ressaca moral.
- Ih, nem vem com essa
de ressaca moral, ou a minha cabeça vai explodir de questões.
- Claro, e você quer
pensar nos impactos socioeconômicos da estratégia adotada para a intervenção no
formulário em anexo VII? – Falou o Tiago Dias, questionando a falta de atenção.
- Sim, claro Dr.
Marcaram de continuar o
papo no Pub mais novo da cidade. O Cornells. Ligaram pra Victoria para
confirmar.
“Vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir
sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a
meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às
vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de
simples infantilidade.
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou maduro bastante ainda. Ou nunca serei.”
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou maduro bastante ainda. Ou nunca serei.”
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