"A política brasileira está de tal modo contaminada pela corrupção que o próprio eleitor sente que erra todas as vezes que vota, independente do candidato escolhido."

“Eu odeio toda a política. Eu não gosto de nenhum partido político. A pessoa não deve pertencer a eles - deve ser um indivíduo, de pé no meio. Qualquer pessoa que pertence a um partido pára de pensar.” 

Ao deparar diariamente com tantos argumentos e reclamações populares, de parlamentares, e de tantos problemas encontrados no dia a dia sobre a corrupção e seus nuances mais obscuros, resolvi voltar a falar sobre tal assunto incomodo para mim. E falar sobre tal assunto pelo simples fato de achar que o maior dos problemas não é a pequena multidão que se organizou esses dias, ou sequer o uso de argumentos ainda tão pequenos para o real tamanho da situação do nosso Brasil. Provavelmente o maior dos nossos problemas ainda seja as pessoas que não levantaram de suas cadeiras e foram protestar.
Vejamos bem, toda a crítica é fundamentada em pequenos ajustes, e não necessariamente contra a presidente (na primeira manifestação), nesta manifestação, o que mais foi descrito pelos críticos das grandes revistas e jornais foram a falta de sentido, ou uma manifestação que de fato tivesse tamanho grandioso perante a real gravidade em que a população se encontra. Logo depois aconteceu um segundo protesto, maior, no qual as pessoas queriam o fim da corrupção, impeachment, e mais outro absurdo, a volta da ditadura (pois é, ainda existe quem defenda esse tipo de absurdo).
Até agora só falei aquilo que todo mundo já sabe, aquilo que todas as pessoas já conseguiram observar. O que as pessoas estão negligenciando é uma coisinha escondida no meio dessa “mutreta” toda. Que, justamente, são as pessoas que ficaram caladas, as que não levantaram pra protestar, as que continuam sem mencionar a opinião, mas que jamais bateriam palmas para quem levantou a bandeira vermelha na primeira manifestação, porém também não acha que o PT não tem um plano ou projeto de esquerda. Essa situação atual, ou como alguns mencionam a herança herdada através do partido dos trabalhadores, que precisa ser cuidadosamente observada, sim, são esses valores que precisaremos lidar daqui em diante, porque muito aquém de um mandato, será a propagação desses valores questionáveis.
Assim como boa parte dessas pessoas que ficaram sentadas sem opinar, eu, entre tantos, sentada no sofá observando, questionei se realmente possuímos um país divido, azul e vermelho, bem delimitados. Ou como muitos conhecidos falam “é um questionamento da luta entre ricos e pobres”. Ou ainda, é uma briga entre corruptos e seus beneficiários contra aqueles que estão sendo prejudicados pela mesma corrupção. Enfim, essa narrativa de bem contra mau, pobre e rico, corrupto e santinho de pau oco, não me satisfaz, não me deixa interpretar como real o que de fato sucede. Para mim, se a questão estivesse descrita somente nessas pequenas coisinhas, imagino que o PT não precisaria ter tanto trabalho para resolver.
Vejamos bem, ano passado todos nós tivemos o direito da democracia. Levantamos e em apenas dois dígitos exercemos uma escolha complexa, na qual Dilma, apesar de uma diferença pequena, foi democraticamente eleita. Isso é inquestionável. Então, em nenhum momento a questão do impeachment não apresenta base pra ser dito, é uma situação grave, e de tão sério deveria ser tratado de acordo com a sua função. Não é uma palavra pra ser discursada. Agora, votar equivocados, ou votar no partido oposto, independente do número colocado, é preciso esperar 2018. Afinal, aceitando ou não, ela ganhou por número de maioria (e não me venham falar que estou defendendo ninguém por causa disso ou aquilo). A minha opinião não tem nada com defesa, apenas acho que usar uma palavra pesada sem bases e pedido de impeachment é coisa de gente ignorante e que alguns partidos estão usando essa ignorância para obter resultados inadequados.
Mas vamos voltar ao ponto inicial (desculpem essa mania de desfocar – deve ser a minha dislexia). Independente de quem ganhou e quem perdeu, a tese de um país divido é ainda questionável, não por partidos, mas pela quantidade de pessoas insatisfeitas com quem está no poder. Eu particularmente não posso deixar de lembrar que 37.279.085 não queriam Dilma ou Aécio, e tantos outros votaram chateados apenas por desconhecerem o poder do voto branco, então, por medo votaram num dos dois. Esse número é muito grande, é muita gente que não se sentiu representada adequadamente. E isso, logicamente vai contra essa polarização Brasileira. Quer dizer, temos uma população insatisfeita que votou branco, mas uma outra parcela insatisfeita que ainda votou. O que me faz pensar uma outra coisa importante, que as pessoas que estava no protesto do domingo, talvez aquela população não fossem somente eleitores de Aécio Neves como eu vi tanto nas redes sociais. Aquela rua, naquele dia, na realidade é um território incerto.
O mais interessante disso tudo é a proporção na qual as coisas tomam nas redes sociais, e as opiniões divididas e autoritárias. Porém, afirmar qualquer coisa baseado na estatística, demonstra de forma mínima que a maior parte das pessoas que resolveram votar no segundo turno na Dilma, estava influenciadas pelas teses de que a Dilma retornaria as antigas bases do PT, ou que votar na Dilma apesar de não ser a melhor opção, parecia menos ruim que Aécio. Logo, aquelas pessoas que votassem em branco ou nulo seriam os traidores nacionais, os covardes como muitos dizem por aí. Seriam, estas pessoas, antidemocráticas. Então, opinião por opinião, as mesmas pessoas que questionam como antidemocrática deveriam pensar que o branco ou nulo é também um ato político.
Independente de voto, hoje é inevitável não perceber que muitas pessoas estão decepcionadas, quer seja pelos ministros escolhidos, ou pelo espectro político, e pelas medidas que ferem diretamente os trabalhadores. Logo, se fossem refeitas as eleições, os números provavelmente poderiam mudar bastante. O que seria novamente incerto, e imprevisível, imaginando que muitas pessoas também apresentam receio quanto a inexperiência do Aécio em pequenas coisas, como diferenciar o que é dever do governo de estado e o que é dever de um governo municipal.
Então, pelo simples fato de muitos, assim como eu, não se identificarem com nenhum desses grupos que foram as ruas, e também jamais levantaria do sofá pra ir andar ao lado de pessoas como José Agripino (sinto muito pra quem gosta desse indivíduo) e a querida (só que não mesmo) da Vilma. Sinceramente, palavras como credibilidade e adesão funcionam como água e óleo em relação a esses políticos.
Então, eu realmente acredito que a política precisa alavancar, precisa se (re)construir de uma maneira nova, com maior participação, com efetividade. Justamente pela falta de alguém que trouxesse essas características (ou até tivessem, mas o partido que acolheu tenha transformado tudo isso em uma nova forma de lidar com as pessoas), logo no palco político ficamos sem representante, sem uma face significativa que trouxesse a cara da população e suas vontades de melhorias demonstradas.
Como falei entre parênteses, acredito que dos candidatos, aquele que representou mais perto a figura foi a Marina, no entanto, sua imagem foi transfigurada pelo partido. Seu fracasso veio a galopadas devido a sua alternativa incongruente com o partido. Resvalando a campanha por si, de nível questionável, e por tantas outras coisas que aconteceram durante toda a campanha, desde o partido não ter sido criado a tempo até o PSB que tentou apoiar a candidata.
O fato é que uma parcela da população não se sente representada pelo PT e nem pelo PSDB. Isso só demonstra a falência do PT, apontando muito além do mensalão e Lava jato, que o partido tem se perdido de sua própria base histórica. Como muitos críticos diriam, o PT deixou de entender o trabalhador, ou como diriam os mais velhos, o PT não honra os próprios cabelos brancos (está com Alzheimer político), colocando a sua política em bases que já não sustentam. Afinal, pra que essa proposta seja interessante ao país, a economia precisaria estar 100% o tempo todo, mas sem isso, a queda é feia.
Bem, de certa forma, o partido que sempre foi representante das ruas, hoje já não representa. E no contexto geral, a Dilma é apenas a testa de ferro ou personagem que entrou na parte triste da história.

E o discurso de que apenas a elite tem reclamado, não é bem por aí, afinal, se tivéssemos tantas pessoas ricas, não estaríamos pedindo por melhoras. Enfim ... Vou esperar as cenas dos próximos capítulos. hahaha ;) 

“Cada vez mais se descobre a podridão dos nossos sistemas corruptos e falhos. Será que nossa politica ainda há solução???

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