"Se o teu sorriso agora distendido não se mostrasse todo nos gestos do amor, se a tua mão não procurasse a minha, ou os meus dedos não pudessem, ainda que ao de leve, tocar a ponta frágil dos teus cabelos"
"Esperando-te
como quem espera de ti
a liberdade
ou a conquista
de um rasgo de céu
ou de uma aresta
do mundo
ainda por limar."
ainda por limar."
Eu
nunca poderia imaginar os efeitos de uma contradança de palavras e olhares,
sorrisos. Quando conheci teu sorriso, não bastou mais que alguns minutos, me
esqueci de admirar qualquer outra coisa além dele. Eu encontrava teu sorriso em
tantas partes, não apenas nos lábios, mas começava do meu coração e terminava
nos olhos que eu não cansava de observar.
De
ti, um sorriso, em mim, poesia. Imprecisa, mas era perfeita a sintonia. Como
flor, teu sorriso regava minhas rimas.
Éramos almas exatas,
calculadas milimetricamente para permanecer assim, lado a lado, espelhados um
no outro e inteiros de si, em si, no outro. Fui imaginada para ti, assim como
foste desenhado pedaço por pedaço para completar-se em mim. Nas nossas
circunstâncias, entre frases que deixaram-se emudecer, colocamos nossos
pensamentos na estante, para viver. Eu presa no teu sorriso, tu escrito em
minhas rimas, nós, apenas isso. Tu eras tudo aquilo que não precisa fazer
sentido, mas que ao final se aplacava na alma.
Te permiti levar um
pedaço de mim, tu entregaste um pedaço de si, mas nada foi perda, era troca,
divisão que nos multiplicava. Dissolução de nossas vidas, que agora estava
transmutada, e sabemos, você em forma de poesia e eu em teu sorriso impreciso.
"Sei tão pouco de mim
que me inundam estas
lágrimas por dentro,
sôfregas, centrífugas,
serpenteando caminhos
rumo ao incêndio."
Comentários
Postar um comentário