Deixa eu te contar

Na minha pele não me coube mais.
Meus desejos eu não conheço mais, andam se empurrando demais.
Me choco com o desconhecido já íntimo. Numa sensação profunda de que meus dias nunca mais serão iguais e tudo que era o mais incomum começa a fazer parte do cotidiano. Anestesiando a normalidade. São sentimentos de ninguém, que se debatem, se combatem sem saber. Mas são meus, e ainda assim de ninguém.
Contar pra ti me leva pra qualquer lugar. Contar pra ti me deixa parecendo o parecido de estar em casa chovendo em poesia, encontro. Impossível são esses meus versos. Mas você não precisa entender, você não precisa. Eu quero só contar, através do meu olhar.
Eu vinha sem retrovisor, um rosto estranho me chamou. Olhei pra trás, e vi quem era. Eu juro que vi. Estava ali me confundi, não era. Memória amarelou! A vida anda louca.
E pra ti eu conto, a felicidade bate a porta e ainda ri de mim.
É...oi, posso te pedir uma coisa?
Poderia sair um pouco da minha mente pra eu ter qualquer outro tipo de inspiração, porque eu queria falar sobre alguma outra coisa que não seja... bem, você sabe o que estou falando.
Que domina. Emociona. Provoca. Sente. Afaga. Ri. Chora. Grita. Sente de novo. Como uma criança boba que se sente a mais feliz do mundo só porque ganhou um brinquedo. Não que isso seja uma brincadeira. Não que eu não queira brincar. Parei e, nesse momento, me pergunto qual seria a melhor forma de tentar suavizar o peso da ponta dos meus dedos?Aquilo que me é marca, aquilo que eu faço com que aconteça um pouco mais além de mim, o que me estende, prolonga.
Deixa eu contar pra ti porque tudo isso me remete às alturas. A altura de uma corda bamba, onde me sinto livre mas irritantemente tensa, explosiva. Porque afinal se eu cair de lá de cima, acabou a aventura e extinguiram-se todos os porquês. E não é hora de sentir reflexos de um tombo. Sei que posso chegar ao outro lado, bailando, flutuando e te (me) sentindo na corda bamba. Porque é fácil te sentir de lá. Porque lá de cima não posso pedir ajuda a ninguém. Percebe que ninguém pode me amparar, ninguém consegue entender as sensações que tenho estando tão alto? Por isso me encontro tão longe, tão plena. Tão dona de mim. Sou eu por mim mesma. Justamente por estar tão alto.
E de lá te avisto.

Ok, você vai me dizer que já sabia,
mas eu não meu bem.
'
Deixa eu contar pra ti...quanto mais a vida me machuca, mais linda eu a acho.

E pra falar a verdade, desse jeito que ando me sentindo, as coisas e tudo isso - sei lá como definir - irão longe demais. Vão começar a ultrapassar extremos. E eu vou deixar que elas rompam os limites. Porque eu quero ir além, quero saltar bem longe. Só pra ver no que vai dar, sabe? Só pra saber que medida drátisca tomar. Pra experimentar o outro lado da sensação. Só pra sentir qual vai ser a do depois.
Aliás, isso também não me importa. Porque o depois ainda não é. O que me faz é o agora.
Aí é quando se aprende a organizar melhor o coração - em cima do estômago - e a cabeça acima dos dois.
Por enquanto... deixa ele bagunçado mesmo, deixa.

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