O que eu sinto e sempre muda


É estranho esse sentimento, por dentro, a tentativa de proteção e o falso mistério. O que não tenhamos, o que sejamos pela metade, pelo olhar que deixamos ultrapassar, as palavras não poderiam contar o que aconteceu, sua ânsia de dizer tudo, deixaria metade pelo caminho. É mais do que se quer, é mais do que poderia ser. A tentativa de mostrar aos que importa que sim, que é – ou era – possível acreditar nas pessoas. O medo de ter chegado ao ponto de não conseguir mais acreditar. A observação. Das pessoas. Das brigas por atenção, por vaidade, por carência.  Das traições.

Tudo e todos se tornaram dispensáveis? Da necessidade – doentia – de afirmação. De viver de comparação. A todo instante. A qualquer custo. A cumplicidade ficou esquecida? Um olhar cúmplice é tão bonito, tão intenso. Tão maior que tudo isso. E lá vem o lado “sentimentalóide” de novo. E a vontade de não querer. Não querer mais sentir. Não querer mais provar. Não querer mais arrumar desculpas. Não querer mais entender. Não querer mais confessar. A barreira era de mentirinha. Lacunas, brechas. Revelações sem pensar que poderia ser diferente. Sem querer acreditar que seria só mais uma luta perdida. Que seria só mais uma. Sem ouvir o que, lá no fundo, gritava. O saber não queria que fosse verdade. Havia fé. Como se não houvesse temor ao risco. Como se pudesse sempre se reerguer. E perdoar. Até uma hora em que as evidências atropelam, esbofeteiam a confiança. Não existe outro jeito, é preciso acordar. Por mais que o sonho pareça real.

Talvez seja essa necessidade de trocar essa pseudo estabilidade por paz de espírito, o do prometer por fazer, medo por resiliência, falsas certezas por possibilidades, entrelinhas por tudo às claras, etc. Porém, não é assim que as coisas costumam acontecer, pois andam a deteriorar, e camuflar o que verdadeiramente querem, e seguem no silêncio. É preferível a serpente ao veneno.

Primeiramente, a parte mais intrigante e imprevisível; como deparei de frente a um desconhecido de olhos tão grandes, desconcertantes. A sensação da amplitude de sensações e observações vagavam a interrogar o que eu estava fazendo ali.
Depois de tanto, e de um tudo, eu não entendia. E você sabia exatamente o que perguntar, mas minha resposta era direta, fria e cortante como uma faca atravessando a carne frágil.
Sim, prefiro viver sem você, quero que vá embora. Eu me faço de forte e, fraca, te evito. Preciso te manter longe. O perto é estonteante. Perto, fico só na teoria. Você me sufoca; não te quero mais. (A decisão funcionaria se eu não te visse.)
Você diz saber o que eu quero e acredita que, no fundo, não é que você se afaste. Isso só me irrita mais. Porque é. E você não quer saber. Finge não entender. E eu? Eu sei. Mas só quando estou longe de você. E pelos meus olhos se arrastavam pensamentos, como gritos na pele grudando ao corpo. Não resisto ao seu olhar perdido em meus lábios, enquanto tento te dizer não.
A cada barreira, uma mudança, um rumo novo. Não é apenas sorte ou azar, tudo está envolvido numa complexidade de fatores que eu, confesso, adoro fingir que controlo; não que seja bem assim, a gente não tem o poder de controlar, o que parece às vezes ser predestinado, outras vezes (mania de insinuar) que seja um acaso do destino (que lindo paradoxo). 

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