"Quando te vi amei-te já muito antes, tornei a achar-te quando te encontrei. Nasci pra ti antes de haver o mundo."

“E naquele momento eu pensei que poderíamos ser infinitos se fossemos música. E isso explica tudo, mas ninguém entende. Você entende. Mas cadê você?”

Vez ou outra a gente repara na presença de alguém que não é qualquer um. É aquele em que apesar das circunstâncias paralisa tudo o que estiver fazendo para ouvir suas piadas sem graça e até mesmo os absurdos que ninguém poderia esperar que saísse da sua boca. Ele é assim mesmo, não vai surtar do nada quando você menos esperar, mas com toda a certeza vai surtar com você (se é pra dividir tudo, que seja divisão de sentimentos extrapolados). E nas vontades mais loucas, mesmo no entrelaçado dos braços, você vai sentir falta dele. Ele vai ficar sempre na distância exata pra te deixar confortável, e do nada vai surgir.

Sabe aqueles dias em que você se irrita mais fácil, fica triste do nada, então, no meio de uma destas fases, enquanto explode em reticências no meio de uma frase em tom irritadiço, fazendo aquela cara com uma sobrancelha arqueada, do nada ele vai te roubar um beijo e rir da sua cara. E então você vai gritar mais irritada e ao mesmo tempo sem lembrar nem porque estava brigando com ele. No fim as pazes são refeitas.

É aquele que te escuta mesmo sem entender metade do drama que você acrescenta a cada palavra. E então ele diz alguma coisa que parece ter toda a razão, como se te compreendesse; em certos momentos ele prefere ficar calado, mas presente. É como se ele soubesse conversar contigo até pelos silêncios.  E quando você estiver naqueles dias em que qualquer coisa machuca bem mais do que o normal, ele não vai te tratar como uma neurótica, nem vai fingir sua inexistência como se isso não fosse realmente incomodo. Isso mesmo, ele é diferente de todos os errados mesmo sendo provavelmente o mais errado de todos. A questão é que ele não é errado pra ti.

Não é preciso muito, mas pra não entrar num drama explicativo situacional, é como se ele tivesse dividido sua vida e depois disso você simplesmente não imagina mais nada sem a presença do mesmo. Ele vem e te ensina que planos não são importantes e o bom mesmo é aquilo que não se espera. Pra que planos? Pra que promessas? Afinal, isso tudo é apenas um meio termo pra machucar, então dispensa.

Até agora pareceu tão utópico pensar nesse cara, mas na verdade ele existe; nem sempre a gente percebe a presença dele, mas ele está lá. E como saber? Talvez você note quando parar de olhar tudo com os olhos mecânicos dos seus desejos parciais. Não se percebe sem sentir a sutileza da presença dele. É com ele que suas intensões se perdem; tudo fica mais desconexo. Nada é direto, não existe nada mais interessante que o mistério envolvido entre aquele que te conhece como mais ninguém. E ele vai estar na mesma situação que você, pensando exatamente nas mesmas coisas. O fato é que ambos sabemos nossas importâncias um pro outro e que nossas histórias não se cruzaram por acaso. Isso é independente de tudo o que aconteceu e que possa acontecer.

Que haja um brinde pra o melhor amigo, o companheiro de tantas situações, a melhor das parcerias e até um ótimo inimigo (daqueles que sabem os pontos fortes e fracos pra atacar na hora certa); no entanto, o melhor é jogar tudo isso fora, por hoje, por amanhã, pra sempre (desde o inicio a gente sempre joga essas possibilidades pra bem longe), porque na verdade ele pode ser tudo isso, mas a realidade é que a gente somente quer ser a garota deles.

“Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência, não pensar...”