"Penso em você principalmente como a minha possibilidade de paz — a única que pintou até agora, “nesta minha vida de retinas fatigadas”. E te espero. E te curto todos os dias. E te gosto. Muito"

“Nos misturamos confusos, sem nos olhar nos olhos. Evitamos nos encarar — por que sentimos vergonha ou piedade ou uma compreensão sangrenta do que somos e do que tudo é? —, mas, quando os olhos de um esbarram nos olhos do outro, são de criança assustada esses olhos.



Hoje eu me permito estar mais presente, pertencente ao momento, tão conexa de ti que não posso me mover sem que a minha pele atinja a sua. Hoje nossos corpos são tão iguais, simetria em movimentos, que até pareço desabitada de mim. Eu estou absorta em[de] ti, tanto que já até esqueci-me em algum lugar [isso vem acontecendo com frequência que até me acostumei].Hoje sinto a proximidade até nas extremidades do meu corpo, a tua distância é limitada a milímetros, e o descaminho virou ponto de permanência. Eu bem o sei daqui, bem o sei de lá, de acolá também [em todos os lugares].
Minha boca sente o calor da sua. 
Fugaz. 
Incessante. 
Como água que cai do céu em meio à trovoada.
Dilúvio.

Agora eu me percebo [tão] próxima, que até as palavras saem com seu gosto, despontam com a nossa textura impressa.
Cheiros.
Delírios.
São silêncios ditos na mesma maciez da voz que ecoa em tua direção .
E reflete de volta pra mim. 
E meus gestos atados ao teu corpo, ardem, em contradança.

E assim, de tão perto, já me sinto agrilhoada em teus [a]braços, [permita-me] já me embaraço, e não sou tão solta. Minha dispersão entra em balburdio completo. Mas apesar do perto, a inquieta necessidade de se aproximar é a mesma, ânsia de perder-se em ti, mesmo a minha frente. Me perco, sou a própria desconexão. Então minhas palavras vagueiam nos milímetros entre nossas respirações entrecortadas, e precipita no infinito, desvendando nossos sorrisos satisfeitos. Os olhares trocados. O suspiro no ar. E o sujeito, satisfeito de si, complementa-me completando a si. No nó entre nossos eu’s. Ao amor, entre quatro paredes brancas.
Para sempre.
Hoje e amanhã.
Se possível depois de amanhã 
Claro ... que ontem também.
Que amanhã será hoje.
No nosso acaso, o imprevisto escolhido a dois. 
Minhas palavras rasuradas pela nossa imperfeição. 
Calada, te sinto. 
Inquieto tu torna-se meu. E eu tua. 
Porque hoje, me permito presenciar-te de tão perto. 
Ser tua como de mais ninguém.
Hoje, somos um. 
Únicos. 
Um só. 
Diferente de ontem, que nem sabia ser sua, e tu meu.

“Todos esses abismos,
meu amor,
não me deram regresso.
Depois de ti,
não há caminhos.”

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