"Do you believe in love...? Então tá. Não insisto mais."
“Dramas rápidos, mas intensos.
Fotogramas do meu coração conceitual.
De tomara-que-caia azul-marinho.
Engulo desafroros mas com sinceridade.
Sonsa com bom-senso.“
Fotogramas do meu coração conceitual.
De tomara-que-caia azul-marinho.
Engulo desafroros mas com sinceridade.
Sonsa com bom-senso.“
(Ana Cristina César)
Não sei dessas tais
relações tortas as quais pessoas resolvem seguir. E talvez por esse mesmo
motivo eu tenha tanta dificuldade de colocar pontos finais, nas frases e nos
relacionamentos. Tenho uma nítida impressão de que as minhas palavras são
sentimentos escritos, ao ponto de frases confusas carregarem a minha identidade
descrita nelas.
A nossa conversa hoje é
sobre esses finais, ou melhor, sobre a minha dificuldade em terminar frases,
criando uma vírgula aonde deveria ter ponto. Como é complicado acabar um relacionamento
profundo, mesmo que com toda a suavidade, não deixa de parecer uma crueldade.
Vamos partir do princípio
de que um relacionamento precisa de duas partes, envolvidas, colaboradoras, que
tenham em comum o amor, mesmo que esse seja diferente entre ambas as partes.
Algumas vezes a gente precisa acabar o relacionamento, por ser uma relação
tóxica, terminar com aquilo que martiriza, machuca, dilacera e envolve tanta
confusão. E por quer? Porque ninguém precisa estar com outra pessoa quando só
existe amor em um dos lados, quando o outro lado já foi cruelmente machucado
por anos, ou pior, ninguém é obrigado a ficar com alguém por pena, por ter
baixa estima, por falta de alguém melhor, etc. É preciso lembrar que dividir
vidas requer companheirismo, compreensão, divisão de deveres, é muito mais do
que uma relação prazerosa, é dividir até a dor.
Eu já vi muitos textos
por aí dizerem e repetirem que é muito fácil jogar fora um relacionamento
quando ele já não lhe proporciona nada de bom, e não é bem por aí que uma
relação tóxica funciona. Um relacionamento que um lado cobra, aponta, cria ciúmes
inapropriados, reclama, quer o outro só para si, e não colabora com os sonhos
do outro, é como pedir para morrer afogado e afogar o parceiro. Jogar fora um
relacionamento tóxico é libertar-se de acreditar que não consegue viver sem
aquela pessoa controladora.
Independentemente de ser
uma relação tóxica ou não, existem maneiras menos dolorosas de terminar um
relacionamento assim, sem precisar remendar velhos trapos que não nos servem
mais, sem precisar derrubar o outro para que ele se sinta rejeitado. Existem
maneiras mais delicadas, porém é preciso lembrar que em alguns casos, terminar
com pessoas controladoras, por vezes dizer de forma doce não vai resolver, é
preciso ser duro, intransigente e fingir que não se importa, enquanto a gente
se acaba de chorar compulsivamente. Ser dura, intransigente não é a mesma coisa
de destruir o outro.
Pra esclarecer, falarei
dos meus roxos. Quando meus antigos relacionamentos acabaram, em todos, eu
precisei de um tempo para me recompor. Isso pode ser pessoal, mas foi o que
aconteceu em todas as vezes. Eu sempre preciso ficar longe de novas interações,
até que eu esteja realmente bem para recomeçar. Algumas vezes eu tentei
desrespeitar o meu tempo de reconstrução pessoal e acabei por atropelar tudo, e
odiei ter feito isso. Naturalmente é parte da minha imaturidade, pasmem, mas
acho que em termos de relacionamento ninguém nunca é maduro o suficiente. Em todos
os relacionamentos sai frustrada, senti como se não tivesse meus recursos
emocionais suficientes para reiniciar todo o processo, e aquilo me deixava
inerte para as paixões, eu realmente acreditava (acredito ainda) que sou inapropriada para relacionamentos.
É como aquela frase do
pequeno príncipe: “somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos”.
Sim, até porque todo relacionamento se inicia quando a gente mostra ao outro
exatamente o que somos, e mesmo com aquele amontoado de defeitos expostos,
somos nós quem decidimos se ficamos ou deixamos ir. Por isso é impossível
colocar a culpa no outro, mas podemos nos culpar por ter ficado.
Por isso meus caros,
quando começarem a se relacionar, levem mais a sério as primeiras impressões,
não se deixem levar pelas paixões, mas mantenham o bom senso. Relacionamentos
concretos são necessários para evitar novas frustrações.
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