"E era preciso optar. Cada um optou conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia."


Há um lado baixo no verbo amar que a gente nem imagina. É como doença infecciosa que se apodera da gente de tal forma que nos retira a força. E a gente se entrega pensando que poderemos suportar a dor que virá mais tarde, porque na verdade jamais imaginamos que de fato aconteça. O amor nos deixa fora da realidade. Mas cabe a nós mesmos observar. Não nos apetece reclamar da falta de coragem, a gente não pode questionar a força suficiente para dizer não ao outro corpo que se apossa do nosso como dono. Pois é, tudo é regido por essa covardia. Pela habilidade da gentileza da continuidade através de um sim, sem sequer ouvir de fato que palavras o outro proferias. Se é que proferia alguma de valor. Porém sempre é possível compreender que não apetece permear aquilo que não nos favorece em nada. Aquela não fora a escolha dele, embora seja a melhor dentre todas as que já escolhestes. O que me permite apropriar é da tal habilidade de escrever nessas linhas, em forma de amor. De um vagabundo e uma moça dita de família rica. 

Quanta originalidade? - Risos. 


Nos dias de hoje, sim, é originalidade. Afinal, a dama e o vagabundo é sempre uma dose extra de amor que não cai de moda e nem deixa de ser sucesso. 

O amor é insano.
A gente desaprende a andar sem passos lado a lado,
É impossível caminhar sem lembrar de quem nos acompanhou,
O que nos resta? Lamentar.
Porque coração é troféu raríssimo,
Uns roubam,
Outros os quebram,
Alguns os aprisionam
E isso não os faz menos caríssimos.

Mas essa é a beleza do amor que não se escolhe, ou mesmo do amor covarde que nasce de uma paixão sem menor sentido. É como reescrever uma estória em cima de uma mais antiga, apenas pelo simples prazer de reviver com outros olhos o mesmo antigo esquema. 

Amar, desamar, odiar e recomeçar.
As paixões nos enlouquecem aos poucos,
Aos prantos,
Aos montes.
Ahh essas paixões que nos arrancam suspiros,
Nos desesperam ao menor ruído,
E faz nosso corpo tremer,
Ao se ver,
No outro,
Sendo um só,
Completo.

É na brincadeira da paixão que a gente acaba esquecendo nossas palavras na pele do outro, pintadas com tinta de vida, com cheiro. E quando percebemos, estamos tão completamente absortos, envolvidos que não conseguimos adiar a necessidade de estar ao lado. Nós somos totalmente devorados pelo sentimento, porque estamos paralisados no meio do nada, ainda que o nada não exista. É nesse ponto que sabemos que estamos realmente perdidos.

Quanto ao amor?
Ahh o amor,
É delicadeza de mãos finas
Sutileza de lábios conhecidos,
É tecer pela lábia palavras doces,
E que esconde da gente,
O que se deseja,
O que arde,
Flameja,
E antes que se perceba,
Estamos caídos ao fardo do amor.
Nossa própria voz convence da armadilha,
Que somos do outro,
Mesmo que não queiramos.
Mas cá entre nós,
Os laços entre duas pessoas que se amam,
É indivisível,
É indestrutível.
Não há nada que quebre.
Já paixão é feito fogo de palha,
Queima,
Arde,
E apaga.

Eu não sei o nome para a tamanha confusão que se alastra no nosso coração. É que a gente fica meio do avesso. Parece até que a gente foge de dentro para se encontrar no outro.

E aparecem atados,
sem corda.
Enlaçados,
sem fita.

Quando os olhos se encontram, existe apenas uma tênue separação entre os apaixonados, o corpo físico. Ambos se encontram dentro da boca, e o ombro que apoia lentamente a face do outro que ali se ajeita a sorrir. E aí a gente vira palavra, depois cicatriz do tempo. Porque estamos marcados. Cada um com o seu pecado, mas nesse caso, de ambos as partes em um só.

Porque estamos de pupilas dilatadas para o amor
Nos deixamos levar pela brisa.
Quando o ontem deixa de ser presente,
E o depois parece não ser tão preciso,
É difícil esquecer um passado,
Na pele marcado,
Nome,
Sussurro,
É (re)lembrar a cada olhar,
Mesmo quando nós já fomos esquecidos,
Nos tornamos passado invisível,
Ou lembrança que assombra o presente,
Para sempre,
Como cicatriz de um amor vivido.
“Sei agora
que a paixão
é azul e coroada
como o sangue e a cabeça
das rainhas. Que tem
nome de flor
e é ímpar. Porque,
se o não fosse,
não seria paixão. “

(Albano Martins).

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