Lamúria
Hoje, seis de maio,
nesse quarto amargo,
A sete palmos acima do
chão ainda permaneço,
Se nenhum pingo de água
cair,
É que hoje sou mais
fria que ontem,
E o céu menos nublado.
Enquanto escrever essas
linhas,
Não haverá recordações
mais sombrias
Como as quando
silenciar minha voz.
Embriagada de tantos
pensamentos vis,
Que ao fim das humildes
reticências haja o inicio de um novo parágrafo frágil
Mas que eu emudeça de
ti!
Tu que já não vejo,
Talvez a verdade seja que
tu não és pra mim
E eu não seja pra ti.
Se ainda lamento, é porque
minha fúria ainda não confinou.
Sedenta de jogar meus
prantos
Sou as palavras que o
mundo posterga.
Os olhos que recebem o
não
São os mesmos que sustentam
a afirmativa contraditória.
Mas se me encontrares
perdida por aí,
Não se engane,
Sou uma moça de fatos
vis.
Carrego por dentro tantas
mágoas de ti.
Mato-te com palavras
venenosas e doces,
E o fim será lento e
doloroso como o nosso destino.
E nenhuma angústia vai
me atormentar mais,
Se de tudo o que sobrou
tu tens somente cinzas
Fui tuas bases,
E ainda assim me deixei
queimar junto a ti.
Das nossas pausas,
reticências e silêncios,
Quero o dilúvio do
ultimo dia
Meu choro compulsivo
atravessando meu olhar
Do nosso céu e o
inferno só anjos
Enganosos como tuas
juras
E no fim como uma louca
sem aviso
Vou engolir o destino a
seco
Garganta abaixo sem
direito a petisco.
E da minha tristeza,
levo a sorte de quem não tem coração pra dar,
Não tem chama que
incendei, nem ritmo que faz o corpo tremer.
Do fado nasceu esse
caminho, e do espelho um reflexo
Quem lê retrato pintado
pela imagem do outro lado
Sabe que a solidão de
quem se engana deixa a alma toda doente.
E então se despede
chorando como um desenho em papel molhado.
Ao Bernardo, Tonha,
Maria, Fátima, Jurema e quem mais tiver nome, quero é que tudo se dane, eu só
quero é viver.
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