A arte de ser bobo

Que me chamem de boba eu até compreendo, sou realmente uma completa insana diante de muitas coisas da vida. É que nunca quis me ocupar com esse monte de coisas que muitos deixam acumular dentro de si mesmos. Eu gosto de sentir o mundo com sensações, por cores, por palavras, por sons, pelo cheiro que cada coisa tem. E fico sim, completamente absorta no meu mundinho particular por horas a fio. E se for estranho pra ti, meu caro, eu estou fazendo uma coisa muito importante, pensando.

Eu tenho na necessidade do aperto das circunstâncias sempre um jeito espontâneo de resolver tudo, as coisas simplesmente acontecem, e eu só sigo o que me vem na cabeça, e não paro muito pra pensar se é a melhor forma. Com toda a certeza é porque eu vejo as coisas de uma forma diferente do que os outros conseguem ver. É que as pessoas estão muito acostumadas a ficar atentos a tudo o que pode acontecer, eu simplesmente deixo que as coisas cheguem até mim, e desconfigurem numa situação adequada, ou não, é que eu sou extremamente humana, meu mundo é mais sentido e menos exato.

Não vou ser cética ao dizer que é melhor ser uma boba como eu, obvio que sempre existe uma parte ruim em ser assim, tão desconcertada diante da razão do mundo. É que eu sempre confio. Eu sou boazinha demais e é muito fácil pra mim ser enganada por palavras doces. As pessoas normais nem sempre passam por isso, elas já esperam sempre a possibilidade de serem enganadas, então, nem sempre ficam surpresas quando alguém os machuca.

Sejamos prudentes, não estou dizendo que eu sou burra, lesada e coisas desse tipo. Existe uma grande diferença entre ser bobo e burro. Quer saber qual? Um bobo quando se decepciona com alguém não reclama, aprendem a lidar com isso e depois de certo tempo, esquece. E a vida segue como se aquele episódio nunca houvesse acontecido. Acho que temos uma maneira de deixar a cicatriz menos visível. 

Eu sou boba, sorrio pra quem merece, sou simpática se me conhecer, mas não espere que eu seja tagarela e de cara já venha falar tudo da minha vida sem mal te conhecer. Não é bem assim que as coisas são. Sou boba, mas isso não retira minha esperteza. Ser bobo é coisa complicada, difícil e tem que saber ser.

Uma coisa eu sei, porque me disseram muitas vezes. Um bobo é muito fácil de ser amado, ele provoca isso, porque ser bobo é ser ingênuo. Como diria a Clarice Lispector, “É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.”. 

"Sou o que quero ser, porque possuo apenas uma vida e nela só tenho uma chance de fazer o que quero”