Adaptar-se



“Claro, é uma mudança, e toda a mudança tem suas implicações.”

Tem sempre algum absurdo acontecendo nessa curta loucura chamada vida. É assim que os acasos ensinam o caminho mais fácil de não chegar a lugar algum ou recomeçar e seguir por um caminho menos tortuoso no fim. Quando a gente não consegue ver a possibilidade de recomeço os estilhaços de culpa comandam todas as decisões, e percebe-se o dedo acusador da consciência pesar as costas. É o fim do precipício? Seria esse a quebra de um firmamento?

Justamente o ponto da discordância e da loucura a qual a gente se encontra é um tanto quanto abstrato. É que naquele momento tudo fica sobreposto, é um misto de beleza e horror. O que é perfeitamente normal. Meu caro, até onde existe treva tem luz que brilha e faz o clarear tornar-se bonito. Então é pura questão de ler o mundo com os olhos de quem não tenta ver palavra. O problema consiste apenas quando deixamos esquecer tudo o que foi lido, ficando este somente no inconsciente. É que aquilo escrito se torna ilegível, mas depois de toda a desgraça dos acasos, a gente aprende a decifrar, de alguma maneira inexplicável. As imagens voltam coloridas, confusas e misteriosamente diluídas numa espécie de subjetivo altamente particular.


Não existe o que resmungar ou bater com os pés, ou qualquer artimanha. O que se tem a fazer é modificar, acrescentar e prosseguir com uma adaptação. É como dar um sorriso de forma calculada, apenas como uma máscara enquanto tudo parece estar às traças por dentro. Isso no meu mundo se chama perder tempo tentando ganhar. É uma maneira menos complexa de não entrar em conflito consigo mesmo antes de estar pronto pra ter todas as respostas. Quando se está pronto existe o antes e o depois da própria análise. O antes, enquanto tudo fora extensamente doloroso, preso nas algemas das próprias escolhas o próprio autor da autobiografia audaciosa percebe que na verdade apenas perdia-se. Utopicamente pensava, relembrava e gastava a alma impiedosamente pra compreender tal situação. Hoje, que já não vive na ansiedade das escolhas desmedidas, tem a sorte de quem não chora por sofrimento que não conhece assim como a morte se torna apenas mais um percurso de quem possuiu nas mãos excesso de vida.

O que outrora a gente achava ser apenas mais um nome escrito nas linhas retas de um livro, ou uma ruga a mais na testa após uma discussão desnecessária sobre pontos de vista contrários, sobra apenas à falta da vontade de contrariar o que já se é perceptível a não imposição. Bem como é compreensível à cópia da mesma pergunta cujo contragolpe já se sabe tão dolorosamente apontado na pele. O pretexto torna-se predominante, e a face apresenta a solidão como designação, a exclamação de duelo é trocado pelo olhar de quem aprendeu com a aflição. O silêncio venera os pensamentos mais soltos e mais profundos, sendo este o ultimo passo até abismo de amanhã cuja distração é a solução pra mesmo assim continuar. É que existe um momento exato pra deixar algumas coisas pra trás, porque se não o fizermos, uma hora ficaremos presos demais ao próprio mundo, o que seria a mesma coisa mutilar todas as lembranças por medo de tornar-se uma.

Entendo bem essa situação constrangedora a qual a vida sem querer acaba adsorvendo-se. Embora de primeira vista ninguém note que as mais belas partes da existência estão nos momentos em que a os olhos e sorrisos é transporte de palavras da alma. Cada coisa precisa estar no seu lugar, e no momento não existe maldade, é tudo questão de resultado se preferir minha simplicidade de ver as coisas. Com a integridade necessária é possível tirar conclusões reais, sejamos críticos nesse momento, dizer e acontecer estão longe de ser a mesma coisa. Eu vou deixar esse texto mais afunilado. Sabe esse arranhão que tenho por dentro? Ele me ensinou muito sobre as pessoas, incluindo a nunca deixar nada mais pela metade, afinal o sofrimento é casual, e não mais oportuno. Tudo é uma questão do depois de estar preparado.

“Considerar a nossa maior angústia como um incidente sem importância, não só na vida do universo, mas da nossa mesma alma, é o princípio da sabedoria.

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