"Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro"



Tudo termina sempre numa questão de adeus. E na solidão de outro alguém que se deixou ir pela conveniência do destino já traçado é que a gente se descobre apegado demais, preso, e o coração completo de uma coisa chamada saudade. Eu não sei ao certo o valor de algumas coisas sentidas, sei o que sinto, o que tento fingir esquecer pra poder suportar a distância daqui em diante, eu só tenho lembranças, um retrato e um terço que foi me dado por tuas mãos. Vou buscar das palavras ensinadas o conhecimento que me deste puramente. Vou fazer das tuas ultimas palavras uma recordação pra nunca mais retirar do meu peito.

Sei que toda partida nunca é definitiva, mas o querer permanecer é sempre tão pesado. Nesse abandono do querer, as idas e vindas de quem precisa compreender aquilo que ficou inacabado se torna esquecida. Justamente na hora do silêncio, momento que abrigamos o pensar, a gente percebe os erros cometidos. As falhas mais graves. A gente nota os laços invisíveis, as amarras criadas por nossos sentimentos. Eu nem poderia explicar tamanha confusão que se passa entre os entrelaçados da vida, afinal certas coisas não foram feitas pra serem entendidas e sim pra serem vividas. Aliás, mudando o assunto e o que é que vem do depois de?

Confessar aqui, eu não sei o depois de ..., eu sei apenas que o meu querer pede um reencontro, porque eu não suporto a ideia de não poder revê-los. Eu me sinto impotente diante dessa força tão maior que tudo. É que depois de perder pessoas importantes, um a um, o coração vai percebendo a solidão de uma forma mais marcante. E então, a gente vai ficando com medo, por não saber lidar com as perdas.

Hoje, eu perdi mais uma pessoa importante na minha vida. Eu nem sei estimar o valor dela, porque eu nunca tinha conhecido alguém de coração tão lindo. Não vou negar que me sinto presa por ser humana e sentir falta, sentir raiva de mim mesma por minhas falhas. Eu só não queria ver que ela estava indo, isso iria me derrubar, e então eu fugi e preferi acreditar que ficaria tudo bem e depois eu a veria sorrir.

Eu já passei por isso algumas vezes, mas eu não consigo me acostumar. Acho que ninguém está acostumado a perder alguém. Lidar com essa adaptação é pesado demais pra alguém humano como todos nós.

Eu venho meditando aos poucos tudo o que está acontecendo, mas é complicado acostumar-se que a cada dia se tem um a menos. É ter excesso de vida se extinguindo. Não é questão de estar julgando o momento como ruim, eu não faria isso. Só estou triste. Se houvesse forma de renunciar a dor que se carrega, mas isso seria impossível. E por quê? Porque é impossível retirar dor do coração? É que só ele conhece a alma da gente. Apenas ele é capaz de realmente dar as respostas para as ligações que nem sempre é possível saber pela troca de olhares. Eu deveria saber desde o começo, no entanto, eu sei, mas ainda assim parece que eu esqueço. É aquela velha frase de Paulo Coelho “O medo de sofrer é pior que o próprio sofrimento”.

Eu só queria dizer que não importa o “depois de”, eu ainda tenho meu coração comigo e nele todas as lembranças. E mesmo chorando após tudo isso, a senhora foi como uma avó que ganhei de presente. E eu jamais vou esquecer.

"O seu coração está onde está o seu tesouro.”

Texto dedicado a Dona Margaria. 

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