"E não sei o que sinto, não sei o que quero sentir, não sei o que penso nem o que sou."


"Aquilo que, creio, produz em mim o sentimento profundo, em que vivo, de incongruência com os outros, é que a maioria pensa com a sensibilidade, e eu sinto com o pensamento."



Escrevendo, nesse quarto, quieta, depois de tanto tempo, outra vez sozinha, como foi até pouco tempo atrás fico a tratar nessas horas difíceis perguntas intangíveis em vozes mudas fingindo acreditar que vibram como milhares de vozes juntas, semelhante a uma espécie de submissão a que permaneci entregue, e então manipulada pela necessidade de alguém me guiando desaprendi a seguir sem a mão que segura meu firmamento pessoal. Vivendo pelos vestígios dos sentimentos controlados. Submersos entre querer e poder.

Tenho em mim ainda teu coração, porque o sinto. Até nas lágrimas, porque tudo vai sempre além de mim. Amo. Mesmo depois de tudo, quando já não tendo direito a nada o que amar, ainda assim continuo a amar inapropriadamente. Mesmo eu sabendo que não haja merecimento por meu amor que ama tua alma do inicio ao fim. E como eu não sei amar mais nada além de ti, tanto faz amar sem poder, não amar podendo, e até na sua indiferença eu vou encontrar a verdadeira essência do que talvez eu seja culpada em perder.
Por agora, me sinto menos presa nas amarras das garras de minha própria obediência, mesmo sem recobrar a consciência, no automático. Vivendo mais e desesperadamente ausente de tudo, mas com a alma maior, suspensa. E distante.

Se agora eu vejo cada vez menos teus gestos, tuas palavras, teus acenos, a força que teu olhar tem; a perturbação de teus desejos, teu sorriso raro o qual te faz ter beleza diferente de todos os quais já observei; um sorriso doce, somente seu (meu), com meus aplausos encantada permaneço perdida nas lembranças de ontem. Lembro perfeitamente enquanto permaneci fixada em cada linha do teu rosto, tuas mudanças a cada palavra mencionada, a cada olhar apreciadamente trocado. A entoação da tua voz expressando palavra por palavra diante do meu mundo. Mundo este de quem não tem atenção, de quem não sabe colher da conversa noção alguma por estar perdida demais nos detalhes.

Apetece-me a lembrança da inclinação que teu corpo fazia como quem muda de posição pra ver através dos meus olhos pequenos e tão negros. Detalhadamente lembro descrevendo cada gesto, olhar de quem quer mais, quem precisa de muito mais que somente meu coração, de quem quer alma, corpo e mente. E repito. Pergunto. Desespero. E me aquieto no meu querer de quem prometeu não importunar.

Tarde parece pra existir o sentir, o amar a ti que já não aceita minhas imposições. Sentir viva outra vez nos teus braços sem passar por cima do meu orgulho sempre pisoteado (nunca negaria) não é mais uma opção. A partir do que fica, do que passa, do que retorna, o que me interessa não está em minhas mãos. Nada me prende. De resto, posso contar apenas comigo mesma pra sobreviver ao que vem pela frente. Ainda que todas as sensações sejam ruins, e que eu talvez sinta doer por estar a compreender tamanho sentimento que carrego. É como me destruir temendo a dor, fingindo que tudo está bem apenas pra ficar entretida. E minha vontade, minha respiração, o compasso do que meu coração pensa fazer vai morrendo. E na minha ânsia de quem quer o tempo estendido, vou ter efeitos colaterais, vou odiar a lentidão, até que minha alma seja desfeita em tantos pedaços que eu deixe de existir. 

"E tudo que preciso agora é de uma relação intelectual
Uma alma com quem eu possa ir mais fundo
E não tenho outro conceito de tempo, a não ser que ele esteja voando" 
(All I really want - Alanis Morissette)

Comentários

  1. tocante amiga adorei...~_~ serio... tipo vc é zika da balada...kkk seu blog é d+ e para de ser chata e complicada viu... hã!! apesar de tudo te adóro :) s2

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    Respostas
    1. Tocante? Em que aspecto?

      Eu sou zika da balada?

      Concordo com a parte do chata e complicada, mas isso não dá pra retirar de mim, é característica própria! rs

      Obg pela visita :D

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