"Criaturas que derretem-se, entregam-se, consomem-se e não sabem negar-se costumam trazer um sorriso enigmático nos lábios. Alguma recompensa há de ter."
“A desculpa é esfarrapada mas é legítima. Nada é
mais vulnerável que nosso desejo. Na luta entre o cérebro e a pele, nunca dá
empate. A pele sempre ganha.”
Peço
desculpas se meus pensamentos não conseguem te soltar. Meu bem, não é querendo
te esconder do mundo. Não há motivo para te trancar em mim. É o oposto. Te
quero exposto, apelando com teu olhar no meu. Como um quadro com todas as cores
imagináveis. Quero que te olhem por meus olhos, te sinta pela minha pele ao
toque do seu toque. Sintam como minhas unhas marcam quatro linhas em tuas
costas. É justo e oposto, exposto. De certo modo, meu bem, sei que eles iriam
querer te guardar também.
O
que eles talvez não possam perceber é que não é corpo, é o contexto, textura. Contrates
de tons. Simples devaneios da minha ilusão. E no contexto, meu filme, minha
ficção de ti, seja silêncio, imenso, surdo, e ecoando. Talvez enfatizando os
contrastes das nossas texturas mescladas, eles entendessem a dor e a beleza
disso tudo. Disso eu não duvido da embriaguez, ou cairiam de amores, ou
enlouqueceriam de paixão. Por nós. Por vós. Por quem sabe o que isso
representa. Seria um espetáculo real de quão trágico e romântico é não
poder tocar o brilho da lua, mas o brilho da lua te tocar.
O
que há de se fazer então? Guardar como te guardo. Guardo-te coração adentro,
admirando. Sendo alvo e reagindo, por isso tento tanto me conter. Tenho que
permanecer alerta, porque ou eu me controlo, ou você me consome como a faísca
na pólvora. Ou eu me prendo, ou você me leva. Isso é alucinante. Corrompe o
pensamento mais sóbrio, desvenda os meus olhos, desperta o som do tom que vibra
as nossas sétimas notas. Na textura do nosso contexto, preciso de ti, de ti preciso.
Tua
voz, entoando, baixinho, tateando minha imaginação, entorpecendo aos poucos,
aos tantos. [ENLOUQUEÇO] Largo tudo, o cobertor, o medo, e tudo o que há de se
largar, até minha alma, enquanto eu feito uma gatuna, envaidecendo a noite, dando
o ar da minha gratuita mordomia de cantar, sobre tudo o que eu sinto e sobre o
que eu não sei explicar, como uma mestre insaciável do silêncio de quem não
pode sentir teu toque, escrevo mais uma linha ébria de ti, que não diz nada
além do choro do acorde do cavaquinho, desses nossos espaços infinitos, que ninguém
além do que tenho de mim resiste a nossa imprecisão de impossível.
“Whenever
you're around I can't fight it
You
get under my skin in a way that I like it
And
I can't take anymore
Tell
me what you want from me
Or
leave me alone
Cause
I'm all caught up
And I'm losing control”
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