"E nem, ao menos, posso compreender esta força amorosa que me leva para a tua loucura!"

“tinha comigo um pedaço de ti
e enquanto caminhava
cada passo evocava a tua presença
e tu estavas mais perto
de vez em quando arrancava uma memória
para passar o tempo
e sangrava muito sempre que o fazia
e um sentimento de culpa
invadia-te por dentro
e eu sentia que estavas perto
e ao mesmo tempo tão distante de mim
às vezes perco a memória da tua voz”
(José Rui Teixeira)

Se me entenderes, saberás mais de mim, compreenderá que és sujeito aos meus caprichos, ao teu domínio serei complemento perfeito. Seremos nós, nó, dois pedaços, diferentes, unidos pelo fio do destino, até que enfim, sejamos únicos um para o outro.

Eu te falarei de amor, contarei piadas bobas, e vamos rir de minha mania estranha de não encontrar-me, sendo indistinta, e ao mesmo tempo comum aos olhos do mundo. Então me levarás para ver estrelas, pra fingir que somos românticos, e enquanto o mundo fica rodando, estaremos ouvindo Caetano, ou blues.

Te farei amar o nosso caso, fingindo ser raso, mas seremos profundos, porque vamos serenar nossos dias e mergulhar em cumplicidade na vida. Teremos nosso caso, casamento de almas prolixas. Ninguém além de ti poderia compreender a mim, e mais ninguém no mundo saberia dos teus defeitos e qualidades tão finamente como eu. Afinal, rir e achar lindo, cada erro, cada milímetro dos teus olhos quando me olham, ainda é um dos meus passatempos favoritos, e assim, serei espectadora tua, e tu serás todo tipo de arte que me prende, irremediavelmente.

Eu escrevo uma linha, te exponho como substantivo, te prendo em pronomes possessivos, te mantenho refém ao meu modo. Porém tu, somente tuas mãos são capazes de rasurar todos os poemas, e reescrever todas as nossas linhas tortas, tal qual deixastes escritas, em um texto qualquer guardado na gaveta da escrivaninha.

Eu sinto, te pressinto, te entendo. Você cala, aquieta e sorri meio sem jeito. Você com teu par de olhos é único, e eu sou tudo, e por isso multiplico palavras para ti, e tu me rabisca a vida, me mostrando a parte mais doce que és, ser assim, sem querer querendo, tua.  


“À distância, permaneço te contemplando.
E me pergunto se, quem sabe um dia, na hora certa,
nosso encontro pode acontecer inteiro.
Porque tu és o único que habita a minha solidão.” (CFA)

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