"foi já tempestade fechada em nevoeiro, hoje é apenas brisa afrouxada na distância"
"Mas o silêncio é certo.
Por isso escrevo.
Estou só e escrevo.
Não, não estou só.
Há alguém aqui que treme."
(Alejandra Pizarnik)
Abro o meu coração aqui outra vez, como quem abre as cortinas de um velho teatro. Nessa tentativa vã, buscando ser inteiriça depois do despedaçar-se, persistindo numa agitação incontrolável, me proponho um discurso frágil de quem realmente queria poder mudar aquelas coisas dolorosas e imutáveis. Eu não consegui, mas deixo nas mãos de Deus o cuidado, a misericórdia e amor.
Ontem me pediram que eu
fizesse um texto. Algo que representasse o sentimento de vários corações unidos
por uma dor em comum. Mas eu não consegui fazer um bom texto porque a minha dor
era muito grande. Então, aos poucos, com pedaços de tantas memórias, cada um
dando a mão, de pulso travado fui escriturando e costurando tantos retalhos.
Dias assim são intensos, e nos tornamos pequenos binóculos para os negativos de tantas fotografias, quando reveladas aos olhos, nos trazem lembranças. Somos viventes de coração subjetivo. De tomara que eu consiga sobreviver ao mundo, aos desaforos de todas as nossas dores. No bom senso, completamente blindados, nos colocamos de frente com as batalhas mais massacrantes de nossas curtas vidas.
Dias assim são intensos, e nos tornamos pequenos binóculos para os negativos de tantas fotografias, quando reveladas aos olhos, nos trazem lembranças. Somos viventes de coração subjetivo. De tomara que eu consiga sobreviver ao mundo, aos desaforos de todas as nossas dores. No bom senso, completamente blindados, nos colocamos de frente com as batalhas mais massacrantes de nossas curtas vidas.
Foi em um simples domingo,
no entanto já findava um dia tão doloroso, e já não mais tão útil para
descansar nossas lágrimas. Mas agora, cá dentro do quarto, no frio, na memória,
não tenho mais palavras que eu possa grafar. É pouco que me acompanha os
sentimentos, as palavras já me deixam inebriar de lágrimas. A crueldade do
destino é a própria ironia. Eis o dilema, viver sem esperar tanto, e por tão
pouco, perder tudo sem meios termos.
O que eu quero dizer com
tudo isso? Que essa vida é passagem de chão árido, mas que faz brotar flores desse
chão ressequido. Nos colocamos ao fardo, trazemos a coragem. A gente passa pela
vida de tantos, e cabe ao dono da própria vida, a responsabilidade do que vai
deixar de bom ou ruim. É justamente nesse ponto que o chão seco, quando é bem
tratado, cuidado, pode fazer brotar amor. Então, cá para nós, que os escândalos
do mundo não atropelem nossa paz de espírito de poucos segundos, e assim
possamos deixar a essência de um sorriso permear nossas vidas. Que a lembrança
permeada por tantos anos sejam o sorriso contagiante.
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