Roleta Russa

Os detalhes estão guardados em algum lugar que há muito não visito, embora os saiba lá, quietinhos. E ali ficam; guardadinhos, pra que em algum momento eu possa voltar e olhar rapidinho, na ânsia de sentir outra vez o que já não faz mais parte do meu cotidiano.

Eu vivo numa complexa rede de sensações e sentimentos. Oscilações. Adrenalina. Mudanças repentinas, bruscas. Surpresas. Emoções. Frio na barriga. Sensações que, às vezes, assustam, mas também encantam e dão prazer. Me fazem sentir viva. E quem está fora dessa minha montanha russa, ou quem nunca viveu a emoção de uma não viveu plenamente. Ver a vida de ponta cabeça no looping às vezes é necessário. Não que às vezes não machuque, ou que tudo seja lindo e maravilhoso, na verdade existem dores, e por vezes saímos dela com alguns hematomas ( aliás, muitos hematomas )… depende da velocidade e da intensidade dos trancos do percurso, mas tudo tem um motivo, e mesmo que demore, uma hora descobrimos qual é esse motivo.

Não sou rima
Nem sou concreta
Sou aos pedaços
Rubra
Desconexa

É assim que sou. Um pedaço de mim aqui, outro ali, e aos montes em lugares diferentes, que me completam, mas que não se juntam, e não se compreendem. Esses pedaços se rebatem, reclamam, suscitam entre eles mesmos. São esses pedaços que me colocam nessa roleta russa incessante. E olho de ponta a cabeça no looping, vejo de lá tudo, e é tão diferente.
Por mais que eu esteja no atrito entre um estado e outro, ainda não aprendi a suportar; ora um quarto silencioso, ora uma balada interna, ora sentimentos nus e entregues, ora mais nada. Os picos ficam por momentos tão distantes dos mais curtos, que a queda faz a dor ser maior, e levantar sentindo ainda a dor por necessidade. Mas nunca aprendi a brincar direito, é por isso que sempre me machuco, mas ainda assim gosto da brincadeira.

Se me perguntarem se quero sempre ser assim, um intervalo entre tempos, te respondo que não! Falta pulso, falta um equilíbrio em algum momento. Ok Ok, quem me conhece já pode sair dizendo que “se não fosse essa complexidade numa pessoa só, não seria você”. EU SEI DISSO, em nenhum momento falo em deixar de ser quem sou, mas gostaria que em algum momento a minha vida fosse um pouco mais linear. Enquanto isso não acontece, vou mudando meu nome a cada sentimento, e hoje sou a Paola e vou sorrir para você, vou dizer te amo e vai ficar tudo bem até eu mudar de nome outra vez; faço você acreditar que morro e então morro e ressuscito outra. Quem vou ser, o que vou fazer? Não sei. Nem ao menos quero saber! E quando achar que estou errada, vou te desmascarar! Vou mostrar que renasci freira e responder que é bíblico dizer que o amanhã pertence a Deus……

É assim que me mantenho nas palavras, que me sinto mais presa ao verbo existir. E essa sou eu, eu e as outras que eu sou quando quero. Prazer. :) 

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