Indecisão versus insegurança


Inquieta, ela tentava permanecer longe daquela confusão exterior, tamanha a facilidade de lidar com tudo aquilo e fazer parte do balburdio coletivo, mas ela suportara alguns anos contendo todo aquele impulso contínuo e impetuoso . Sempre soubera da quarta parte que havia contida no seu ser, e sempre escutara de todos que estavam ao redor que não carecia de ser deste modo. Impacientemente, ocultara-se do mundo, postergara-se diante de tantas informações contrárias, e que mais tarde chegou a considerar contraditória. No entanto, sempre soubera, que o contratempo gerado, seria, mais tarde,  demasiadamente grande pra carregar de forma tão escondida.

Com o tempo, foi resgatando partes do que escondera tão profundamente. Aquilo que anteriormente fora vergonha, aos poucos descobria, desordenadamente, que não tinha nada de ruim, não havia porque a existência de tamanha vergonha de si. O que era motivo de acanhamento na verdade era a ponte que faltava pra lidar com a totalidade do mundo. Então, conhecendo tamanha força, ergueu a cabeça e começou a lutar por aquilo que almejava. Mesmo que não estivesse nunca ao alcance dela, ao menos teria em essência aquilo que sempre quisera.

Como dizem por aí, “quando a gente quer muito uma coisa, parece que o universo conspira ao nosso favor”, a Lavínia fizera dos sonhos a maior realidade possível. Tornara do céu o chão e do chão um céu novo em folha. Esse lado dela (sonhador, inquieto e inspirado) sempre trouxera com toda a beleza um lado um tanto quanto obscuro. Alguns não podem compreender a arte de ser Lavínia, e então, preterem enraivecidamente, e de forma inescrupulosa. Diria um tanto nociva também.

O porquê de tudo isso, eu particularmente não sei dizer. Talvez seja aquela velha situação, você gosta tanto de uma coisa que acaba por destruir. Não é possível dizer com toda a certeza do mundo, afinal, somos todos tão diferentes nas próprias igualdades.

Lavínia tinha seu lado louco, ao mesmo tempo em que tinha todas essas características lindas. Não obstante, o tal lado estranhamente alucinado, era irritante também. Não por ser ignorante ou coisa similar, mas porque ela tinha um ‘que’ de perfeição na loucura que eu não saberia descrever.

Pouco se pode exalar sobre uma inexplicável mulher, que se deixou esconder durante muitos anos, mas conseguiu sua liberdade após conhecer o Agenor. Como se ele tivesse retirado-a de um quarto escuro, e fizesse com que as alucinações reais apenas pra ela se tornassem verdadeiras.

É bem provável que fossem loucos, mas eram loucos quando juntos. Perdiam totalmente o controle de separar o fidedigno e o alienado. Juntos era um acontecimento enigmático, porque jamais seria possível imaginar o que haveria de sair de lá, como uma cartola de um bom mágico. Eram um do outro, mas eram livres. Compartilhavam de uma oculta similaridade de vontades, era simples, eles tinham um ao outro sem possuir, e sabiam tamanha importância disso. E assim, permaneciam, permaneceram, até que o destino jogou-se conta o livre arbítrio.

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