A tortura do Agenor

Agenor sempre se mantivera muito ocupado, tentava manter o tempo cheio de tudo pra não deixar os pensamentos o comandarem. Era um tanto quanto quieto, calado, e tinha um ar qualquer de introspecção. Ele conheceu Lavínia dia 26 de fevereiro de dois mil e nove. E não houvera muita conversa. Aliás, poucas foram as palavras. Porém, pareceu que todas as palavras foram ditas.

Desde o dia em que colocara os olhos sobre Lavínia, tudo modificara. Parte dele não sabia como compreender tamanho sentimento e burburinho interno. Ele passou a alimentar tal tortura, que a cada dia tornava-se maior.

A cabeça antes tão ocupada por qualquer coisa, agora se mantinha cheia de Lavínia. Completa desse nome que ecoava por dentro e por fora. O pensamento se amontoava. Entranhava-se por ele, desde o momento de acordar até o momento de sonhar novamente. Havia horas que o desespero tomava conta dele, “como cheguei a esse ponto? Será que você é o que vejo ou aquilo que desejo que fosse? Será que eu te enxergo como deveria?”. As perguntas sempre tinham recidivas. Voltavam, atropelavam-se, e nada de ter uma resposta. E ele tentava ausentar-se por dentro na tentativa de justificar com um “estou cuidando de você e de mim”, mas nada era suficiente.

Na tortura de precisar se sentir completo, numa mistura de saudade, de raiva e um monte de outros sentimentos inquietantes, quis apagar-se, necessitou não querer estar na memória, na cabeça, no coração como uma sombra. Sem vida. Sem nada. Precipitado por tudo aquilo que sentiu, correu atrás, quis sair, mas algo não o deixava partir. Tinha uma coisa que o puxava de volta, que o atirava aos braços dela. E dormente de paixão, se deixou levar. Permitiu-se estar.

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