A dama e o louco


Um bocejo por cima do ombro,
Meio sorriso é deixado escapar do canto dos lábios,
São aqueles olhos tão conhecidos,
E ainda a mesma mulher a vos observar.


Ela é de todas,
A mais triste.
Bela por dentro e por fora,
De tão perfeita a sincronia entre olhos e sorriso
Que de nada mais é preciso,
Por si só já é o encanto.



É quem faz do poeta palavras doces,
Afiadas,
Entrecortadas a amedrontar.
Ela é dona do sorriso irônico,
Que contagia sem ao menos tentar.

De tudo o que tem,
É capaz de virar o passado ao avesso,
De frente pra trás,
De trás pra frente.
É somente poeira de vidraça,
Cor ainda desbotada,
Mas de realce transfigurada.


Uma moça chorosa,
De tristes rabiscos acalentados,
Que minhas palavras já não sabem descrever.
Um alguém que surpreende,
Mesmo que nada a contente.
Faltam pedaços pra comparar,
Porque de nada tem parecido com tantas outras nos milhões por lá.


O poeta se afinca nas robustas palavras,
Olhando pra o infinito,
Suspirando envaidecido por uma lembrança longínqua,
Daquele velho sorriso que se deixou fotografar nas lembranças,
Sentindo outra vez o “Só meu” ser eloquente,
E isso, baby, é a ruína.

Ele é quem a conhece em sagacidade,
De nada adianta se esconder,
Tu sabes dele assim como ele mal sabes que tu o achas rei dos loucos sonhos.
Ele levanta a mão,
Pede outro Martini,
Na pretensão de que há sempre tempo suficiente pra mudar tudo outra vez,
Se tudo muda o tempo todo,
O daqui a pouco pode ser o até mais que ninguém esperou.

Quero, no entanto,
Uma nova história,
Numa carta de baralho.
Nosso velho discurso,
A dama,
O louco,
E o direito de uma nova dose de recomeço. 

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