"Acho que fiz tudo do jeito melhor, meio torto, talvez, mas tenho tentado da maneira mais bonita que sei"



Antes que o Alfonso comece aqui com o ar melado de amor que ele vê nas coisas e pessoas quando ele sente uma atração quase sempre física, eu vou me intrometer e mudar aqui a visão de vocês sobre o Alfonsinho, que na verdade é só mais um galinha que enquanto idolatra uma das meninas, tem pelo menos 3 escondidas. Obviamente pra falar dele eu tive que passar pelas mãos. Não estou reclamando, ele é quase perfeito se não fosse tão safado. Eu demorei muito pra conseguir deixar de sentir pena de mim por estar sem ele, e agora estou com outro muito melhor que ele, e tenho pena dele por ele estar com quem está, ou estava (boa pergunta né Alfonsinho?).

Alfonso: Quanto ódio de mim ein? Acho que no fundo você ainda sente falta.
Dávila: Não começa Al, você já pode ficar em silêncio e me deixar falar a história com a veracidade dos fatos?
Alfonso: Não?!
Dávila: Isso tudo é medo das pessoas conhecerem o verdadeiro Alfonso?
Alfonso: Não existe um verdadeiro Alfonso. Na realidade é tudo questão de ponto de vista. Você por exemplo tem o seu, e outros com certeza não vão pensar como você.
Dávila: Deixa-me contar, depois você vai ter todo o tempo do mundo pra se defender. Tá ok?

Começar logo antes que eu seja interrompida outra vez por ele, porque nunca vi coisa parecida. Nem sei porque esse incômodo de que as pessoas o conheçam, deve ser por causa das três mil máscaras que ele usa pra não ser reconhecido, ou pode ser medo que eu esteja colocando trezentos defeitos dele em questão numa bandeja, mas não é que ele tenha tantos defeitos, só que é mais fácil lidar com ele conhecendo as fraquezas, ou quem acaba caindo é você!

Alfonso: Assuma que você me odeio e me ama?!
Dávila: Continuando...

Era um domingo, eu estava sentada na varanda da minha casa, quando aquele carinha apareceu. Desceu do carro vermelho, e veio pra calçada. Tinha algumas pessoas comigo, mas o olhar dele veio direto no meu, como se tivesse atacando. Ele era tão ... não sei uma palavra pra descrever ele e aquele olhar. Lembro que na hora meu olho não conseguiu mudar de direção. Foi uma ligação automática entre os dois.

Alfonso: Ohh eu sabia que você tinha adorado meu olhar, só não sabia que tanto.
Dávila: Sabia que você ia vir se meter no meio do meu discurso.
Alfonso: Quero é ver você contar a história sem parecer que você é a errada!
Dávila: Talvez, mas você sabe que nem tanto, você também já errou!

Continuando mais uma vez, e esperando realmente não ser interrompida, eu queria assegurar a vocês que apesar do que vou contar; o Alfonso não pode negar que foi uma das paixões mais loucas da vida dele; Eu o amei e sofri.

A gente não conversou, apenas o vi terminar de fazer algumas mudanças, porque tinha mudado pra perto de onde ficava a facul, pra facilitar. O defeito dessa mudança foi que ele acabou morando pertinho de mim, e ambos, tivemos uma pequena história sofrida, em partes por ele, em partes por mim também.

No inicio, ele me contou essa história que ele viveu com a Kristina, e eu sempre perguntava sobre isso, se ele já tinha esquecido, ou o que havia. Ele a principio estava ainda sofrendo, mas tinha aprendido a lidar com a distância. Eu tinha me mudado pra lá fazia duas semanas e meu namorado estava morando em outra cidade (sim, eu estava namorando, e isso foi um problema). Eu não tinha aprendido a lidar com isso, e então, o Alfonso me falava pra ter calma, conversar, e ter dialogo com o meu namorado, afinal, estar com alguém a mais de um ano e não ter diálogo é péssimo.

O tempo foi passando, e a distância foi ficando não apenas corporal, mas a falta dele, a ausência até nos finais de semana que eu sempre viajava apenas pra ficar com ele foram ficando piores. E então houve a primeira ruptura, não acabamos, mas pedimos um tempo pra saber realmente o que queríamos (todo mundo sabe que isso é o primeiro pé pra fora do relacionamento e que depois desse “tempo” nada volta a ficar como antes). Eu obviamente estava arrasada, morta e desesperada. Justo eu, que achava amar meu namorado, estava longe, sem ele, numa cidade que eu não conhecia, e com raiva porque eu estava me sentindo sozinha.

Alfonso: Eu confesso que ao saber que vocês terminaram meu coração quase saiu pela boca. Até porque eu já estava gostando de você desde o primeiro trocar de olhares. Era estranho guardar o banco do ônibus pra que você sentasse ao meu lado, e todas aquelas pequenas coisas.
Dávila: Eu sei que você achava ruim, e que nunca tentou nada por causa do meu relacionamento. Nesse tempo você ainda prestava.
Alfonso: Eu presto ainda (facepalm)!

Alfonso nunca foi o maior safado de todos os tempos. Ele era bem legal a princípio. Ouvia-me atentamente quando desatava a chorar reclamando do meu namorado, quando eu precisava ir a algum lugar e não queria ir só (eu sabia exatamente em que apartamento bater), quando eu estava com dores ele já sabia (massagem). E foi assim a aproximação dele, sempre doce, quieto, simples, delicadamente ele foi tomando conta (Tome muito cuidado quando um homem assim aparecer na vida de vocês, porque é fácil ficar encantada, e só depois descobrir realmente com quem estar a lidar.). Porque, vejamos, pensem comigo, o cara é bonitinho, inteligente, doce, companheiro, tem sempre a palavra certa na ponta da língua, canta e toca violão; isso é no mínimo o pacote que a mãe da gente pede a Deus (só o pai que reclama, porque todo homem reconhece um malandro).

Lembro que um dos dias mais interessantes aconteceu numa noite de lua cheia. Ele já sabia que eu adorava a lua, e então à noite, logo após de chegar da facul e tomar banho, ele veio me chamar.

- Dávila?
- Oi Alfonso.
- Vem. Eu quero te mostrar uma coisa.

Ele me puxou pela mão, a gente subiu corredor acima, até chegar ao ultimo andar. Lá estava muito frio e a lua parecia bem maior. Então, ele olhou pra mim e falou pra eu o acompanhar pra ficarmos sentados numa espécie de batente que tinha por lá. Eu apenas o segui. E já sentados ele me olhou com aquela cara de quem não vale um centavo e falou:

- Linda, não é?
- É sim.
- Eu te trouxe aqui porque faz dois meses que a gente se conhece, e todas as vezes que eu olho pra lua, lembro-me de ti.
- Aham eu sou fascinada pela lua.
- Aí hoje quando eu subi aqui pra colocar alguns pensamentos em ordem, vi a lua assim linda, e resolvi te chamar.

Ficamos em silêncio algum tempo, até que ele me abraçou e ficamos assim boa parte da noite.

No fim do período, aproximadamente duas semanas antes de terminar tudo aconteceu uma tragédia na família do Alfonso. E também aconteceu de eu voltar com meu namorado. Ele passou duas semanas apenas indo da facul pro apartamento e mal falava comigo. E então, veio a notícia de que ele iria se mudar pra outro lugar, um pouco mais longe, porém mais reservado e perto da casa de alguns amigos dele. Eu resolvi me mudar também, perguntei pra ele se havia outros apartamentos por perto e ele assentiu que sim, então eu pedi pra deixar minhas coisas no apartamento dele enquanto não voltava das férias. E viajei.


Alfonso: Até essa parte é tudo lindo né? Falta eu contar que na realidade a tragédia inclui o atropelamento da minha irmã mais nova de 9 anos. E a volta do namoro dela com o ex me fez parecer o maior imbecil do mundo, mas tudo bem, eu prossegui minha vida. 

Dávila: Eu deixo que você conte o restante, mas eu vou me intrometer (obvio). Direitos iguais?!

"Tem coisas da gente que não são defeito nem erro: são só jeito da gente ser”.


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