"Quando não se tem mais nada a perder, só se tem a ganhar. Quando se pára de pedir, a gente está pronto para começar a receber."


“Um homem que fala e não faz, é como um jardim cheio de ervas daninhas.
E quando as ervas começam a crescer, é como um jardim cheio de neve.
E quando a neve começa a cair, é como um pássaro na parede.
E quando o pássaro finalmente voa, é como uma águia no céu.
E quando o céu começa a trovejar, é como um leão à porta.
E quando a porta começa a ceder, é como uma punhalada nas suas costas.
E quando suas costas começam a doer, é como uma faca no seu coração
E quando seu coraçãocomeçar a sangrar,
você está morto. E morto. E morto de verdade."


Logo que começaram as férias, me senti cansado, retirei uma parte do meu tempo pra repor as energias e ideias. Então, os pensamentos se amontoavam inúmeras vezes, porque eu sabia muito bem que a Dávila estava novamente com um cara que só estava a usando. Eu queria realmente entender o que a fizera tomar essa decisão. Sei que todo mundo merece uma segunda chance, mas nesse caso o benefício da dúvida já estava mais do que gasto. Era eu quem deveria ter uma chance. Ela teve a chance de me surpreender, mas preferiu desapontar. A gente nunca conhece o outro tão bem, até que numa hora o som do coração seja mais alto que nosso silêncio.  

Eu notei que eu não poderia ficar nessa eterna espera, esperando uma mulher que preferira voltar pra o ex-namorado mesmo depois de ter ficado comigo e ainda assim sabendo que eu era quem a faria feliz. Justo.
Eu resolvi sair com alguns amigos de escola ainda, rever os que ficaram e que na época estavam solteiros também. Reencontrei a Kristina numa sorveteria, conversamos, mas já estávamos sem a menor química. Confesso que ela continuava com o sorriso lindo.

Ao sair de lá, fui direto ao clube. Aproveitei pra dançar e conhecer um pessoal que eu nem sabia que existia na cidade. Foi lá que eu conheci a Flavia. Eu até então nem tinha reparado que ela era linda. Os meus amigos estavam de olho nela, e estavam disputando quem pegava ela primeiro.

Dávila: Bem a cara de vocês ficarem de apostinha pra ver quem pega mais ou primeiro!
Alfonso: Ei pode ir parando, eu não estava na aposta.

Nesse tumultuado, o que realmente aconteceu foi que nenhum dos dois pegou ninguém e a garota acabou indo até mim rebolando como uma cobra; ficamos dançando assim por horas. No fim da noite fui deixa-la em casa, e ficamos (ficar do verbo modificado “eu peguei a menina de jeito, era o que ela queria mesmo”).

O resultado foi que só cheguei em casa de sete da manhã. E claro que a minha mãe fez três milhões de perguntas. Ela conhecia a Dávila e adorava. E eu com toda a certeza (na cabeça dela) tinha passado a noite com uma safada qualquer.

Essas festinhas duraram duas semanas, eu estava saindo, bebendo (muito) e o pior, ficando com a mesma mulher. Como eu não estava acostumado a isso, quando chegou a terceira semana eu falei que não queria mais ir. Ela me ligou no sábado a noite perguntando se eu iria com ela pra uma festa da cidade vizinha. Eu fingi que o celular estava péssimo, e que não estava escutando absolutamente nada. Mais tarde no mesmo dia ela me encontra antes de ir pra outra cidade na sorveteria com amigos e pergunta:

- Você mentiu né?
- Eu? Claro que não menti. Se quiser você liga agora pro meu celular e faz o teste.

Ela olha pra minha cara como quem diz “cara vai se ferrar” e joga o sorvete na minha cara.

Alfonso: Eu acho que a mulher precisa se dar ao respeito. Não adianta ficarem buzinando no meu ouvido dizendo que a gente não dá valor e o monte de outras coisas. E eu acho que até fui educado ao dizer que meu celular estava com defeito, afinal dizer pra ela “Eu não estou mais afim, de puta o munda tá cheio” seria grosseiro e verdadeiro. Qual o melhor?

Flávia: Eu vi no Alfonso uma espécie de ilusão, de ser melhor. Sabe aquela ideia romântica de que a gente sofre, chora e no fim isso é bonito, romântico? É tudo mentira. É apenas dor, raiva, ressentimento. E sabe o que é mais interessante? É que quando se sofre, quando a gente não joga em alguém que merece, faz isso com outra pessoa que não tem nada haver com o sofrimento. Acho que deve ser nesse ponto que as pessoas percebem não ter o tal do amor nas mãos. Eu não sai dali chorando, e nada. Alfonso foi só mais um cara que eu jurei que poderia dar certo. Não houve amor, sentimento, nada. Apenas foi um interesse momentâneo entre dois corpos. Foi isso que eu entendi no fim.

Dávila: Juro que eu gosto dessa forma de pensar da Flávia. Se todas pensassem assim a vida dos cafajestes seria simples, facilitada, pela permissividade. E já está!
Alfonso: Ah meninas, vamos analisar; a vida nem sempre é justa. É assim! Só que é preciso perceber que a gente só recebe quase sempre aquilo que dá. O ponto nem é esse. Vamos voltar pra parte interessante.

Acabaram as férias e eu voltei pra meu apartamento. Cheguei pra arrumar tudo antes da segunda e deixar tudo pronto pra o novo inicio. Assim que abro a porta dou de cara com um monte de entulho. Coisas da Dávila e das amigas dela que entupiram meu apartamento com quinquilharias que eu não sei pra que elas queriam.
Entrei, fechei a porta e respirei. Fui até a geladeira pra ligar. E Assim que o fiz ouvi a porta fazer um barulho. Era a Dávila indo pegar as coisas.

- Oii
- Oi
- Cadê meu abraço?

Dei um abraço. Um pouco rápido e confuso.

Dávila: Sabia que você tinha sido frio. Teus abraços eram sempre fortes, nesse você nem fez questão de dar um abraço direito.
Alfonso: Claro, você quase me joga contra a parede!

- Eu só vim pegar as coisas.
- Deixa eu te ajudar.

Ajudei a levar as coisas dela pra o apartamento, limpei tudo, e resolvi deitar pra descansar. Pensar como seria daquele momento em diante. E como era inicio de período na facul, com certeza teriam novas garotas, novos pensamentos, pessoas e mais loucuras.

A semana passou quase voando. Plena sexta feira, todos resolvemos sair pra mesma balada. Lá eu acabo conhecendo a Diana. E fico com a menina, como se fosse apenas mais uma ficação qualquer. Eu só não imaginava nunca que ela estava afim do meu amigo John, mas como o John não quis nada com ela, acabou ficando comigo (como eu sou desejado né?).

A balada acaba. Deixo a menina em casa, mas na porta do apartamento estavam mais 4 amigos dela. Ela falou que ia ficar por ali, e eu fui pra casa dormir.

Diana: Confesso que pra mim aquele beijo, ele, tudo foi perfeito. Eu já estava de olho nele uns 4 meses, mas como ele nunca notou que eu existo, tinha deixado pra lá até aquele dia. Como eu gostava dele, resolvi que não ia deixar ele escapar das minhas mãos. Não agora que o tinha. 

Foi dessa forma que eu, Alfonso, me vi preso, e numa situação complicada por causa de duas mulheres. 

“Tenho me carregado tão perdido e pesado pelos dias afora. E ninguém vê que estou morto."


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