“Para que serve esclarecer os equívocos se as causas persistem ?”
Me convenço aos berros, aos prantos de que a maior diferença está naquilo que eu quero mudar. Ser um meio termo é sinônimo de deboche pra minha alma. Aqueles que me concluem com pouco mais que cinco ou seis palavras, na verdade dizem apenas aquilo que precipitadamente pensaram que viram. Um meio termo. Um mais ou menos. Um "boazinha demais!".
“Ninguém pode ser exatamente como eu. Algumas vezes eu mesmo
tenho problemas sendo assim.”
O que eu posso dizer é: Abre o olho e reveja, que a mente tem hora que fica mais míope que os olhos. Tudo isso parte de um simples equívoco. É isso que
acontece quando somos enxergados como um meio termo. É não ser lá e muito menos cá. Parece
ser certo, mas parece estar errado sem o ser - parece fingidamente perfeito -, no sentido de que 50% se
aproveita de alguma forma. É como ser feliz na falta do sorriso, apesar daquela tranquilidade exposta que os realmente tristes não sabem o significado, por dentro só o "eu" tem conhecimento. Eis que esse equívoco era a
metade do visível. O meio termo do inacabado. A metade calada. O pedaço faltoso e exposto. Era a carta apagada.
O interessante do meio
termo é justamente a sua modulação invisível, revelando os traços alterados de
estar sempre se equilibrando por limites próprios. Limites pra direita, limites
pra esquerda, limites para viver, limites para amar e morrer. Sim, limite pra
morrer de amores e permanecer vivo. Esses limites nada frouxos ao permearem as
emoções, modulam o folego, calam a lamentação, aumentam o suor frio.
É, eu posso fazer
suposições do meio termo, mas sendo eu também um meio termo, é como chorar a
morte de quem nos mata. E porque interessa mesmo permanecer calada do que dizer
o que não há possibilidade pra se descrever. Dá pra ver pelos meus olhos o
tamanho da confusão interna que me encontro. Um conflito inacabável. Sentir
tudo isso e não saber exprimir é uma das sensações mais contraditórias. Por não
entender, por não saber o que fazer e como resolver, trai-se a si, por ambição
de equilíbrio. E tudo aquilo que se faz por atos impensados gera uma resposta, na qual nem sempre termina bem.
Interessante como o desequilíbrio
de ser o meio termo revolta a gente e o quem estiver ao lado. Mas não convém explicar, o que eu sinto
não se pode dizer. O que é preciso entender é a liberdade que se tem ao partir
ao extremo de si. E o meio termo, não sabe nada de liberdade, vive distraído na
sua fechadura, ele quer se libertar, mas quanto mais força a liberdade, fica
mais preso ainda. Nada bispa. Nada percebe. Pouco a pouco se perde no próprio
mundo. A falta de ser livre se intensifica, esmaga. Não é por querer, nada
daquilo é escolhido, apenas se vive sendo um meio termo, mas por algum motivo,
o meio termo se sentia álacre em ser daquele jeito. Mas não importa, o meio termo é propenso a
isso.
A verdade disso tudo é
que um extremo sabe onde fica o meio termo por enxergar mais distante, enquanto
um meio termo tem medo do extremo, por não ver, afinal todos sentimos medo
daquilo que não enxergamos.
Vai ver é mesmo um
equívoco ser o meio termo ... ! Quem sabe a carta apagada possa ser novamente escrita.
"E quero a desarticulação, só assim sou eu no mundo. Só assim
me sinto bem."
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