"A única diferença entre um capricho e uma paixão eterna é que o capricho dura um pouco mais...." (Oscar Wilde)

“Considero o mundo por aquilo que ele é, um palco em que cada um deve recitar um papel, e o meu é um papel triste.

Talvez seja uma mania ruim viver de explicar as coisas. Infelizmente eu sou assim, gosto de detalhes, e são por eles que eu pego aquilo que quero, ou me pegam antes que eu possa me defender. É fato, os detalhes são as armas mais fatais e perigosas do amor.

Como sempre, é provável que ninguém entenda as entrelinhas que me fazem escrever, e eu jamais ousaria falar sem abrir tantas continuidades se eu soubesse como explicar o que sinto. É uma profundidade inesgotável de sentimento. Dizem que o amor é a melhor magia que existe no mundo. E de fato, eu concordo. Aquilo em que a base circunda no amor é sempre real, profunda e verdadeira. Não importa o tempo, o esquecimento não tem poder algum, não acaba. Sem mais delongas, vou explicar o teor de meu texto ...

Não sei se acompanhou um dos meus textos corridos, no qual intitulei de “A morte de Lavínia”, se não leu, sugiro que talvez devesse conferir. Esse “punhado” de palavras foi minha forma mais suicida de tentar acabar com aquilo que sinto. Porém como mencionei acima, aquilo que é erguido com base no amor, não é algo destrutivo, não morre, sequer arranha. E de fato, talvez a Lavínia seja como a Fênix, ressurgiu no amargo relembrar.

Eis que agora entra a parte mais profunda do amor como arma, quando usadas com as lembranças, pode custar muito mais do que um passear no passado. E a dor antiga ataca o peito como nos piores momentos. E reaviva todo tipo de coisas, boas e ruins, que outrora foi vivido. Peço até desculpas pela audácia de explicar, mas é que a intensão era justamente essa, aclarar o que me leva a escrever no exato momento. Eu gostaria de contar uma história, talvez antiga, talvez nova, enfim, uma das quais não escapei.

Eu conheci um rapaz, de sorriso longo, de olhos pesados, e de alma jovem. Eu jamais imaginei que aquele moço seria capaz de uma atrocidade daquelas que não se passa desapercebido. Por isso me deixei levar pelas falácias, pela maneira de ser conduzida, talvez, pela forma como ele sorria.
Algum tempo depois, em algum instante eu esqueci de deixar a minha velha guarda em alerta, falhei. E sorrateiramente tive o coração levado.

Sabe a ironia de tudo isso? Ter o coração roubado e estar apaixonada pelo ladrão. Infelizmente, isso é o que mais acontece. Mas levar um coração também tem seu preço. A magia do amor tem preço alto. Para levar um coração você precisa dar algo em troca. Alguns são generosos e trocam com o próprio coração, outros são egoístas, e trocam por alguma frustração. Porém o ladrão que levou o meu coração era astucioso, ele trocou por lágrimas, e não eram as dele, mas as minhas.

E cá estou eu contando essa história por mais uma vez. Porque mesmo depois de tanto tempo, as lágrimas rolam, e eu sei que a dor é sempre o preço que pagarei em dobro. Afinal, usar a memória para voltar no tempo também tem um preço, porém infelizmente vez ou outra a gente precisa pagar essa fortuna, e chorar mais um pouco. Assim a gente recorda aquilo que precisa ficar lá, no passado, e jamais voltar. Mesmo que custe uma dor aqui, uma lágrima acolá.


Por isso escrevo, como tortura, para lavar aquilo que acumula, sentimentos que já não tem importância. Escrevo por saber que toda dor pode ser removida, se não for lembrada, se não for presença. E a dor da ausência é menor que a da presença quando não houver mais sentido algum. Alguns sofrerão com essa dor, outros aprenderão a conviver. Quanto a mim, eu vou esperar que o ladrão fique bem, que encontre aquilo que busca tão eloquentemente, e enquanto isso eu vou aqui vivendo, do jeito que sei, esperando que algum outro ladrão queira ter cem anos de perdão, e roube de volta meu coração. 
“Conservar algo que possa recordar-te seria admitir que eu pudesse esquecer-te.

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