"Não crie expectativas, crie maturidade. Porque se tudo der errado, pelo menos você não vai ficar enchendo as redes sociais com indiretas." (Tati Bernardi)

“sou um impostor, um dia saberão
que simulei tudo o que sempre fui.
sou uma ficção, meu sangue é só linguagem
meu sopro é uma explosão que vem de dentro
em forma de palavra.”


Decididamente não irei falar sobre mim. Dessa vez me apetece falar sobre segundas pessoas, de forma meio indireta, como quem solta versos ao vento e colhe aquilo que semeado fora por longos anos. Ao certo, o tempo sendo dono de tudo, por vezes nos torna maduros, e reconhece que a vida anseia por planos. 

Imagino que todas as pessoas no mundo busquem por alternativas de vida, por resultados, por sonhos e realidades mais palpáveis. Naturalmente, o que se quer é dividir a vida, ter em comum planos que passem daquela velha brincadeira do apaixonar-se.

Hoje é sobre tal situação que gostaria de falar. Sobre criar sonhos e buscar, mas não sozinho, e sim a dois. Porque ninguém nasceu para viver sozinho, nascemos para dividir e ir contra as leis da matemática, multiplicar numa divisão. 

Acreditem, é complicado, e toda divisão requer subtração, a questão é o que nós vamos diminuir em tudo isso?

Para começar, vamos deixar aqui escrito a primeira parte da confusão em que é dividir planos, mas não com uma pessoa que de fato queira isso, e sim com alguém que não quer dividir, quer os próprios planos que quase nunca incluem o outro. 

Não sejamos cegos, sempre existe aquele “amor” que morre de falar de planos que jamais serão concretizados. Existe o que sequer fala de planos, mas na hora em que o outro diz que quer ir, ele prende e promete mundo e fundo sem nada fazer. São tantos que poderia escrever só sobre isso. Mas eu quero especificar um desses seres que na verdade quer tudo e não quer nada. 

Existe aquela pessoa que sonha de forma simples, quer dividir a vida, mas algo pessoal impede, a própria falta do que lutar, ou as bases familiares que são contra o relacionamento, etc. É dessa pessoa que eu gostaria de falar, ou melhor, contar a história.

Era uma vez o Albert, rapaz inteligente e muito lutador, através de alguns amigos conheceu a moça Clara. Logo no princípio a conversa se desdobrou, e o encanto foi quase imediato, mas havia algo ruim no meio de tudo isso, Clara namorava com John (ele era amigo de Albert – sinta o drama).

Com o decorrer dos dias a relação entre o Albert e a linda moça Clara foi ficando mais estreito, de certa forma mais forte e belo. Ganhou forma. E Clara precisou colocar o ponto final na velha história com John, sem sequer pensar que poderia dar tudo errado, apenas seguiu o coração (coração é burro mesmo – mas é feliz).

O tempo foi passando, os meses se avolumando, o relacionamento ficou forte e intenso. O Albert nunca havia experimentando tamanha intensidade de sentimento. Clara completamente apaixonada começou a criar planos, futuro, vida e dividir aquilo que lhe parecia real. Mas o Albert não conseguia, algo o prendia no “não posso” e no “não devo”.

O destino não satisfeito com aquela desunião aproveitou para piorar tudo. Clara precisou ir para longe, deixando Albert sozinho. E o relacionamento continuou mesmo com a distância, e com a dor que tudo isso proporcionava para ambos. Apesar da distância o sentimento da mocinha só aumentava, e as expectativas também, mas no meio de tanto problema surgiu uma doença, incurável. Por medo e por criar tantos planos, ela pediu para que o Albert largasse tudo e fosse para lá, cuidar, dividir, amar e viver, até que a vida lhe fosse retirada pelo fio do destino. Apenas queria a presença dele.

Albert não foi. Os planos que lhe eram para a vida toda não incluíam aquilo. Não para as pessoas que ele considerava a base de vida. Existia a base que lhe dizia para deixar Clara para trás, e existia um coração apaixonado que o fazia sofrer ao ponto de odiar-se.

O que aconteceu? O amor foi se apagando. Clara encontrou um novo rapaz, o Luke, e foi feliz para sempre.

Quanto ao Albert, a vida dele continua seguindo, e o medo da solidão o assombra dia após dia. Tem dias que ele acorda e sente todo amor do mundo, mas existem outros dias em que o amor o mata aos poucos, e ainda assim ele segue, sozinho, buscando em outras aquilo que somente Clara é capaz de proporciona-lo. Mas orgulho é intrigante, e destrói com muita facilidade aquilo que levou tanto tempo para ser construído.

A intensão era essa mesmo, mostrar a dor da expectativa em alguém que não tem os mesmos planos que você. E não adianta tentar obrigar, o amor não precisa deixar sonhos, mas dividir de forma igualitária. Ou ambos vão estar próximos ao ponto de não conseguir se mover na vida por uma simples mania de apego, isso vai deixando a gente morto por dentro. Essa proximidade dói, e fumega tão incessante que vai ficando cada vez mais insuportável. As palavras de carinho são substituídas por raiva, rancor que nem sempre são ditas, mas estão expostas em tudo, até nos gestos. É como a correnteza de um rio, quando muito forte vai levando tudo, e quando é dentro da gente, leva até o que há de melhor pra longe, até que não possamos mais alcançar.


Quando encontrar alguém que lhe faça promessas ... deixe as expectativas de lado, e só as deixe brotar quando a ação for maior que as palavras ditas.

“[...]
pensou, foi longe como se lhe
abrissem a cela. expôs o peito, a medo,
e ficou incompleta sem vontade de
voltar a fugir”

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