"Eu fico fora da lei, fora da linha, do sério, fora de tudo, fora de ordem com você dentro de mim"
"Meu amor não mais deixes
escapar nenhum desejo no teu olhar de pecados proibidos esquecidos"
E dizia, enlouquecidamente,
que jamais colocariam ordem, que mandariam num coração como aquele. Coração
solto para o mundo, que não pode ser preso, ou a leveza do voo perde toda a
beleza. Mas não é bem assim, as vezes no meio de um voo a gente acaba se
aprisionando, sem querer, mas querendo. O querer é quem nos prende.
O querer tem poder nessa
vida, e eu tenho estado querendo tanto, a ti, o tempo todo. É um querer tão
inconstante, que muda a medida que a vida nos modifica. A cada dia, em curvas
novas, em laços antigos me permito estar, cair, gostar como se fosse a primeira
última vez.
A cada mísero gesto,
dentro de tuas imperfeições eu me satisfaço em contemplar-te, porque é confuso
demais, chego a amar-te ao ponto de teus defeitos parecerem qualidades. E assim
começo a tecer um novo verso, entoando teu nome silenciosamente, lembrando dos
lábios que sorriem para mim e olhos que me enxergam a alma.
Da arte de minhas
palavras, permito-me florir, e em tuas mãos encontrar abrigo, em que no mais
íntimo me perco, descobrindo uma nova parte de mim. E assim me despeço da
noite, pedindo que me empreste um pouco menos de lonjuras. Porque eu, quando
minha pele toca na sua, esqueço o mundo, a pele transforma-se em vermelho,
arde, e na respiração compartilhada, você conhece a mim, com tamanha
delicadeza, que deixo de ser outra pessoa, e fico assim, sendo, tua.
Em cada poro do corpo o
destino explica meu descaminho, enquanto tu, nas minhas expressões se encanta,
sem que nada possamos fazer, somos assim, meio termo que juntos se completam.
"Devorado, degustado,
solto, gíria na tua língua"
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