Eu quero POLISIPO?!

Como saber até onde ir? Deixar as lágrimas caírem? Deixar o coração quebrar em mil pedaços?
Por mais triste que pareça, meu corpo morre a cada palavra. Elas de certa forma são uma extensão de minha alma, que vai acumulando tudo, e ficando cada vez mais insuportável.  É como ter a certeza de uma imagem na água que reflete toda a luz aos nossos olhos, mas estas águas estão em movimento, e eu não posso ver o meu reflexo. 

Incomoda-me minha ignorância. Eu pensava que isso não iria acontecer outra vez. Tolice minha, se a vida é um ciclo, uma hora eu iria me deparar com a mesma história, obviamente, com personagens novos; mas sem dúvida, a mesma história. E a mesma dor, mais forte, por outra pessoa, indispensável. Por favor, uma dose de polisipo, porque eu não quero mais sentir dor. Juro, não aguento mais!

Deve haver uma dimensão entre tudo isso, e lá talvez seja possível não sentir essa falta, essa ausência. Não sei por que os sentimentos controlam tanto nossa direção, e nos deixam vendados ao que acontece ao redor. 

É aquela velha situação, o mundo desabando em água, uma tempestade da qual ninguém vai ser capaz de esquecer. E ele estava parado olhando na minha direção, enquanto do céu uma explicação do que se passava por dentro da gente, no nosso mundo.

A troca de olhares congelada. O frio da noite. E a recusa de dar passos, por saber que é hora de parar. Eu, sem nenhuma proteção, sem guarda chuva, sem nada, fui correndo na direção dele. Então, quando aos poucos foi diminuindo a distância, ele virou e foi embora. Fiquei parada. Imóvel. Debaixo da chuva e no frio. Até que a chuva fosse embora. E as forças de voltar pra casa, pra dentro de mim, quieta e sozinha, voltassem. 

Talvez eu tivesse febre. Estaria confusa. Talvez sentisse meu corpo tremer. Mas eu iria tentar voltar pra onde eu nunca deveria ter saído. Não ficaria mais parada na poça, vendo outra vez a partida de quem não deveria largar minha mão. 

"Então me vens e me chega e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para libertar novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque assim que és..."

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