"Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever"
“Tenho uma paz profunda, somente porque ela é
profunda e não pode ser sequer atingida por mim mesmo; se fosse alcançável por
mim, eu não teria um minuto de paz; quanto a minha paz superficial, ela é uma
alusão à verdadeira paz; outra coisa que esqueci é que há outra alusão em mim -
a do mundo grande e aberto; apesar do meu ar duro, sou cheia de muito amor e é
isso o que certamente me dá uma grandeza...”
Para esse novo texto sem rumo, gostaria que houvesse uma
aproximação, daquilo que nem eu mesma tenho noção de que será. Talvez seja o
motivo de escrever, atravessar de alguma maneira ainda não muito conhecida, o
oposto do que eu acho ser, ou que quero que seja visualmente transparente, de
forma a entender da forma mais devagar e menos turbulenta, que meu coração não
é de ninguém. Apenas meu. E que eu não sou apropriada para tais leis sociais,
cheias de inércia.
Talvez eu esteja me procurando. Sim, buscando a mim mesma
nessas palavras que a custo escrevo. Querendo me entender. Talvez eu esteja
vivendo nas palavras o que gostaria, mas pela prisão da própria vida, não
possa. Porque a vida é uma prisão muito louca, é rápida e lenta. Prende-te a
incompreensão, e quando finalmente você pode compreender aquela loucura, teu
corpo já perdeu a validade. Em todo caso, não há o que fazer, apenas há essa
profunda desorganização de poder tudo e nada. Repara bem, não sei se com vocês
é assim, mas eu passo um bom tempo organizando tudo, na esperança de após
desorganizar minha vida milímetro por milímetro, poder voltar para o ponto
anterior com tudo organizado novamente. No entanto, a gente se prende demais ao
que fica organizado, e esquece-se de refazer-se. É uma espécie de aprofundar-se
em si mesmo, depois voltar à superfície do que somos, sendo outros a cada
mergulho.
Seria interessante se as pessoas entendessem o tamanho da
loucura que é não estar na superfície, é como retirar os limites, mas não posso
insistir nessa necessidade e ditar como a busca pela superfície como algo
insuficiente, é difícil ser um mergulhador de vidas, e ás vezes a gente acaba
ficando preso no meio desse atordoado de continuações ligadas. De repente, se
eu fosse igual a todo mundo, mas nem sequer consigo ser a mesma de três minutos
atrás, que sou uma só em um milhão de outras, quem dirá os outros tantos de
pessoas? É uma espécie de ceticismos inventados, mas essa minha vida meio
amalucada, agora carecida de ilusões me revolta demais. Enquanto o mundo parece
viver, eu fico aqui parada, fazendo sempre o mesmo movimento, e quando tento
mudar o retilíneo, parece que este torna-se destituído de curvas. No fundo,
apesar de eu achar necessário, não desejo essa loucura pra ninguém.
Não sei se confirmo essa insanidade como o correto, mas o
que vale ressaltar no meio dessa confissão desmedida é que sempre há uma nova
velha forma de encarar a vida, de ser a mim novamente, e ser outra que eu
sempre desconheço. Ou o mundo precisa se quebrar pra me seguir, ou eu sigo
assim, me quebrando em várias de mim, apostando cada vez, de uma maneira
inédita. Porque eu vivo assim, perdendo alguma parte de mim que parece (ou pelo
menos deveria ser) essencial, mas naquele momento é preciso perder, pra
reencontrar. E de alguma forma me torno uma sequência de fatores que
transfiguram uma nova forma de conseguir aquilo tudo o que eu quero. O
interessante é que eu perdi alguma coisa que me faz falta e não é necessária,
mas me causa estranhamento, medo, fobia incontrolável. De alguma forma aquilo
me possibilitava rastrear a mim mesma como uma espécie de código, mas eu não
tinha tanto que me procurar.
Espera, até pra mim essas contradições parecessem meio
estranhas. Eu me desorganizo toda para me encontrar? Parece até covardia achar
que perder e ganhar são duas dores contrabalanceadas pra nossa sobrevivência.
Mas não vem ao caso, contanto que seja possível encontrar uma nova forma de me
reconhecer, mesmo que pra suportar o próprio estranhamento de si, seja estampada
uma mentira sórdida psicologicamente instável, melhor seria do que estar
engasgada com a ideia de não ser talvez nada. Quem eu era me engasga por não
ser continuada?
“Não quero ter a
terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu
não: quero uma verdade inventada.”
Não. Não estou presa a quem eu era, ou nem teria tido o
próprio impulso de mudar. A questão é que ainda não há o acostumar livre. É
como comprar um novo celular e substituir o antigo, você sabe todas as funções,
mas precisa se adaptar. E depois, por mais que tente usar o anterior, você está
adaptado ao novo, e por algum estranhamento, não há como usar em sua totalidade
o anterior.
Por um acaso, estar desencontrada de si, se eu tivesse
coragem de continuar nesse meu próprio emaranhado de Adja’s, mas tenho estado
com um constante medo, medo daquilo que não tenho a menor garantia de poder
compreender, e me parece tão absurdo me entregar tão fácil a própria
desorientação do destino ... Mesmo que eu esteja fazendo isso. No mínimo é
complexo ter medo de me entregar e fazer exatamente aquilo que tenho medo por
não conseguir controlar o impulso de ir. Porque talvez eu seja isso, essa coisa
desorganizada que quer se afogar na própria desorientação, nas cores do mundo,
na ânsia de mudar e de querer não pertencer.
Que me surjam perguntas. Será que sou apenas uma pessoa a
mais no mundo me recusando a aceitar quão prolixo a vida parece quando se
aceita um destino traçado? Se vocês preferem pensar assim, talvez eu seja mais
uma pessoa destituída de aceitabilidade. A parte importante é que o que eu era
não combina com meu estado de espírito de agora, mas depois de eu desorganizar
tudo, parece que faz o maior sentido do mundo.
“Olhe, tenho uma
alma muito prolixa e uso poucas palavras.
Sou irritável e firo facilmente.
Também sou muito calmo e perdôo logo.
Não esqueço nunca.
Mas há poucas coisas de que eu me lembre.”
Sou irritável e firo facilmente.
Também sou muito calmo e perdôo logo.
Não esqueço nunca.
Mas há poucas coisas de que eu me lembre.”
Moça, muito obrigada pelo comentário. Apareça quando quiser (ou não ...). Meus textos são meio confusos e falam sobre qualquer coisa, meio desimportante, ou de importância pessoal momentânea.
ResponderExcluirQuem tiver interesse... segue o http://toobege.blogspot.com.br/
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