"Há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata."
“As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.”
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.”
Busco-te. Busca-me.
Buscamo-nos. E enquanto crio uma ponte com todas as palavras do dicionário
entrelaçadas até você, sabendo apenas de tuas entrelinhas, descobri que sou
assim, totalmente descrita em ti, em cada parte do teu corpo, nos vazios da
minha alma. Eu, como pedaços em branco, lacunas que se complementam na tua
alma, excluída, quase apenas uma invenção de tua imaginação, te faço um apêndice
de meus reclusos enigmas, e assim, quase sei de ti, mas não sei. Sou
o equilíbrio das tuas palavras, você preenche os espaços em branco. Somos a luz e
a sombra.
Vou ficando distante e
quieta, no embalo da minha solidão, enquanto repleto da minha ausência você
entende que me falta exatamente o que te sobra, e eu tenho exatamente o que
falta em ti. E de tal modo eu não estou distante, viro presença na falta. Os
dias passam, e a ponte duplica de tamanho, sendo buscada pelas vãs frases de um
amor escondido. Amor que eu reverencio. Curvo-me. E permaneço assim, com meus
passos amarrados, e pensamento no fim da ponte. E sem ordem, cá, e lá, eu fico.
Porque é assim que dentro de ti me vejo, e pinto um “nós” em todos os quadros,
nas portas, nas paredes do meu quarto e no mundo todo. No momento em que meus
olhos “miúdos” encontrarem teus olhos profundos, eu me afogue em ti, e as cores
farão sentido. Sim, elas terão seu ápice.
Paro. Vou além, com a
minha mão acima do olhar, tentando ver ao longe. Será que eu estou mais perto?
Mas daqui, você parece tão longe, cada vez mais distante. Sobem montanhas, caem
tempestades, surgem mares raivosos, do céu trovões, clarões, mas até você eu
não consigo chegar. Porque? Porque tão longe meu amor? Minha ponte parece
frágil, pequena e você é a indiferença que me faz dos dias um escárnio
infindável. Há um excesso de inacabado, um amontoado de não resolvidos que nos
distanciam. Enquanto, cá dentro, meu coração vibra de dor, minha alma te
observa. Longe. Cada vez mais, longe. Distante.
Foi assim, que você me
levou. Da distância que me encontro de ti, é a mesma distância que possuo de
mim mesma. Era de ti que eu tinha uma parte dentro da alma, ou era você que me
carregava pesadamente nas lembranças, assim, da mesma forma, cara a cara, éramos presos sem nos permitir a isso. Conhecíamos demasiadamente cada ponto dos
nossos rostos, faces que se complementavam em gestos. Mesmo assim não podíamos
compreender. Às vezes eu até transformava isso tudo em racionalismo, julgando
ter a capacidade do entendimento. Mas, as mesmas perguntas sempre voltavam para
minhas mãos sem as respostas que eu havia criado, era como passar horas
escrevendo com uma tinta que perdia sua cor depois de certo tempo.
A verdade é que nessa
distância, na ponte que eu faço dia após dia, há uma parte de mim incessante,
que te acompanha, que te procura onde quer que você vá. Sem hesitar que talvez
eu não devesse te buscar tanto, que o talvez esteja sendo o sinal de que devo
parar. No entanto, quero aquilo que procuro, quero você, e mesmo sem saber como
consegui-lo, cá adentro, eu sei que ao encontrar-me nos teus olhos, através da
sua boca, através da tua pele, vai fazer sentido, e a ponte um dia ficará de
pé, não será em vão. Porque não precisa fazer sentido se minha prisão é minha
liberdade, enquanto perco a voz, o gosto do gesto de teu aceno, me imobilizo no
intemperismo do teu encanto. Você entende? Uma hora eu quero me prender e não
sentir mais a partida e o nunca chegar.
“Quem disser que pode amar alguém durante a vida inteira é
porque mente.”
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