Conversas e entendimentos


Paramos os acordes destonados. E o silêncio bateu de uma parede a outra ecoando. Com os lábios colados, o olhar seguiu uma espécie de linha imaginária, até chegar diretamente na altura dos olhos. Sentamos pra conversar.
Deu pra notar todo o alvoroço. Mal podia imaginar o que sairia de nossas bocas. E quando menos esperava, o primeiro ruído atravessou direto sobre mim, “eu ainda te amo”. Meu pensamento, abordado, por quatro palavras que quase arrancou o pensamento menos esperado ainda, “você ainda gosta de mim? Como podes me amar?”. O silêncio voltou a pairar externamente, porque interiormente tudo gritava em desespero.
Percebendo que eu não era capaz de exteriorizar o que se passava por dentro continuou. “Menina, meus sentimentos nunca mudaram, meu amor sempre foi seu. A diferença, é que antes eu conseguia conviver sóbrio mesmo sem você, agora, já não mais”.
Na tentativa de fugir, como sempre fiz, eu tentei desviar do assunto. Ele não permitiu. Não havia escolhas. E a conversa se estendeu por horas e horas. Todas as lembranças envoltas nas palavras que ambos diziam. Toda a carga emocional trajada de um sentimentalismo quase banal. Mas eu não sabia falar nada. Eu apenas sentia o desespero de amar de volta. Sentimento que me inundava.
E eu confessei  “eu tenho esse medo, um medo de não sei o que. Eu não quero, mas eu sinto, e o sinto tão forte. Isso me desespera tanto”. Então, uma lágrima desavisada resolve rolar face abaixo. E ele a pega gentilmente, como sempre, tão doce, tão envolvente. E fala demoradamente “Eu-Te-Amo-Agora-E-Pra-Sempre” complementando enquanto olhava pra lágrima que molhava a ponta dos dedos “meus sentimentos não existem sem você, e essa lágrima existe, você existe, e eu existo por você”.
Eu caí nos braços dele, e fiquei ali, parada, quieta. Naquele instante me senti segura, me senti completa. Mas o medo, o medo continuou no meio da segurança. E ainda assim eu permaneci.
Talvez não seja permitido eu entender, ou talvez “saber amar é saber deixar alguém te amar”, ou talvez amar tenha um passo fundamental do se permitir “amar e amado ser”.

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