Melancolia


“Algumas vezes, você tem de não pensar em ser corajosa e só em seguir em frente. Eu tenho de ir.”

Eu não sei bem ao certo como começa, mas acho que pessoas (que ainda tem algum sentimento interno), assim como eu, passam por estações , e então mudam. E nada volta atrás. Algumas dessas mudanças são esperadas, e acontecem sem que seja percebido. Outras mudanças chegam sem que a gente espere, e já devastam tudo pela frente pra que um novo ponto de vista seja formado.
Como parte de um alguém que sou, e que está absorvido no próprio mundo, tenho também minhas estações, minhas modificações. Que nem sempre são necessariamente floridas. Tem horas que são como o inverno. E nesse exato momento, no inicio de dezembro, o inverno toma conta de tudo. O céu escuro fazem as sombras que eu crio me aprisionarem por dentro. No entanto, confusamente me sinto transparente, como um gelo de fina espessura, e capaz de fazer cortes profundos sem querer, refletindo meu interior deturpado e tão jogado a mercê das emoções. 
De certa forma, como qualquer um que vive intensamente, toda vida caminha pra um corredor, e no final das emoções, encurraladas, tornar-se-á dono da própria morte deles. 

“Porque você ignora o que está no fundo da sua mente. E assim é como eu passo o tempo, no fundo da minha mente. Fazendo coisas assim.”

Ilusão?! Um pouco. Acreditar?! Às vezes, quando possível, mas não significa que existem menos ilusões. E é assim, na sombra, na escuridão e no frio, nos cortes, nas reentrâncias da ilusão que se modifica. Ora lentamente, ora rapidamente. E a gente só segue o que vai sendo tecido, como se adentrasse goela abaixo e deixasse o gosto amargo absorto nas papilas. E então, todo o corpo estremece, e te faz desesperadamente tentar esconder aquilo, e ignorar. Até mesmo, se enganar.
O mundo por fora frio, por dentro mais ainda, tanto que chega a queimar. As palavras emudecem. Por mais paradoxal que seja a gente quando trancada, amordaçada, se sente livre. E quando a gente está liberta, se sente presa por alguma outra força inexplicável.
Incapaz. Seria essa uma palavra a qual eu poderia definir essa quietude. Esse inverno rigoroso que se aproxima. Você, no meio de toda a tempestade, congelando, a mercê da miserabilidade de estar cingido pelos sentimentos extremados. O corpo preso. Você não quer sair do lugar. E não quer voltar. Apenas quer ficar ali.
Seja lá o que houver de acontecer, eu sei que um dia hão de findar. Essa é a única certeza. E mesmo que tudo grite repetidas vezes e você tenda a querer desistir, é necessário continuar. 

“Eu não acho que eu seja corajosa. Eu me acostumei a não andar perto de lagos para não cair neles e morrer. (...) Eu tive que pisar numa poça. Não pareceu seguro ou ruim. Eu só tinha de passar ou esperar o sol vir e secar tudo.”

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