Metamorfose


Tem horas que a gente sai atropelando tudo que é palavra, sentimento, e engole até o silêncio que incomoda a quem quer que esteja ao nosso lado. É que o que vai dentro do outro é por demais camuflado pra se conhecer inteiramente. Existe todo um universo em cada um, que nunca para, que sempre está ora expandindo, ora atenuando. Desse jeito todo ponto de vista é relativo.
“É pra dentro que vemos... 
Caem-nos uma a uma 
As compreensões que temos 
E ficamos no frio 
Do Universo vazio...

De alma, tudo é concernente, arbitrário depois de certo tempo. Nada se sabe além do que está na superfície ou que consentem que saibamos. O que há de dar-se são olhares, palavras ou gestos. Pra ter em troca apenas uma conjetura de entrosamento que traga qualquer resquício de similaridade.

“Em que és [...J fictício, 
Em que tempo parado 
Foste o (...) cilício 
Que quando em fé fechado 
Não sentia e hoje sinto 
Que acordo e não me minto... 

Seja lá que alma me carregue cá dentro, ou que sinceridade eu deixe envaidecer minhas extensas interrogações, sou aquilo que não se sabe existir, ou outro ser indiferente (talvez) a sentimentos. Eu sou aquilo que está em esquecimento, que todos têm, mas que não se é sabido.
“Quase que me embriago 
De mal poder pensar... 
O que mudou e onde? 
O que é que em nós se esconde?

Eu vivo em outros, vivo por permear parecenças. Vivo a escrever o que eu sinto, incompletamente, como se eu fosse ora todos, ora ninguém. Devo eu ser um “pseudo-eu” com muitos “se”, e “talvez”. Por isso vivo a escrever aquilo que mais parece um livro, e que ao alcance só se tem depois  que vai-se foleando. 

“E, assim, me construo a ouro e sedas, em salas 
supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho 
entre luzes brandas e músicas invisíveis.

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