Apesar dos pesares

 Sentir e conhecer o que se sente. Coisas opostas muitas vezes. Mas o incomodo é sentir e ficar com aquilo martelando e de certa forma criando expectativas. Porque sentir as coisas borbulharem por dentro e elas não saírem de nenhum modo do automático modo de pensar, tem suas reações nada agradáveis. Sabe aquele modo automático do qual a gente tem a mania de simplesmente mudar o canal do raciocínio e ficar perdida no ar, pensando na mesma coisa que está tentando esquecer? Pois é ... !

O que massacra tanto o pensamento é o não entender, o não saber por que do sentir e nem ter idéia de como vai terminar. É sempre uma mistura de alegria, tristeza, saudade, dor, raiva, amor e tudo engrenhado numa rede de paixão. Parece frágil, doce e transparente, mas é forte, firme, diria mais, maciço. E preenche de uma forma que não cabe mais nada ou ninguém, acho que dói porque é pouco espaço pra tanto sentimento. Porém, o que não deixa o pensamento acalmar é a incerteza e a certeza, o talvez e o enquanto durar. 

Então, que façamos da brincadeira de faz de conta a realidade. Faz de conta que eu não ligo pra o que você fala ou pra o que você pensa e sente. Faz de conta que você não mora a tantos quilômetros de distância e que talvez eu nunca te encontre por ai. Vamos fazer de conta que não existe saudade, nem ausência, nem mais nada além do estar perto de você. Faz de conta que o “enquanto dure” não tem fim, e vai durar pra sempre. E faça de conta que eu não sou assim toda errada e complicada, e que um dia eu vou acertar, e não vou mais errar por ter medo bobo. 

Sei que o “faz de conta” não faz o “talvez” perder a força. De longe, de perto. Não importa, estou com você da mesma forma, mesmo que você não perceba. Mesmo que eu não te diga todos os dias. Mesmo que eu não fale nunca. E é sempre assim. Apesar dos pesares, estamos juntos pra sempre enquanto durar.