Pálida na escuridão, ela ainda o estava encarando de forma distante. Não havia uma única expressão em seu rosto, quando o calmo brilho de sua mente apenas provocava as margens de sua consciência.
Ela havia perambulado cegamente. Ela sentiu seus lábios se separarem docemente, reflexivamente, e então ela olhou em seus olhos e naquele momento teve certeza que estava brincando com fogo, com algo que não entendia. E nesse instante ela percebeu que estava aterrorizada. Seu coração começou a bater violentamente. Era como se aqueles olhos verdes falassem com alguma parte dela que estava enterrada bem abaixo da superfície, daquela pele que recobria sua frágil alma.
É estranho, que depois de tudo ela pudesse se sentir tão a salvo, tão pacífica, em seus braços. A mesma força que a estava aterrorizando a estava segurando lá. Ela permanecia em seu corpo como sempre, bela, mortal e completamente cruel. Ela estava enrolada em silêncio, mas tinha certeza que alguma coisa ainda a pertencia, e não pôde aceitar sentir o abismo abrindo-se entre eles.
Metáfora indolente da existência da alma em seu peito fez o amor fluir incontrolavelmente, inundando-a. Uma resolução irrelevante, às vezes as palavras falam tanto, no entanto, às vezes não falam nada, então, por que ela está lutando contra isso, por que ela está hesitando?
Nos últimos meses, ela realmente não era a mesma, não era capaz de pensar claramente. Seus músculos congelaram, também, pararam imóveis pelo seu pavor - e por alguma força sem nome. Mas o silêncio contínuo que escapava dela, deixava-a desconfortável. Ele estava simplesmente parada ali, imóvel, observando-o.Desamparadamente, ela observou enquanto o formato na escuridão se movia para fora das sombras e em direção a ela, até se deparar com aqueles olhos que as desconcertava.Como se você pudesse olhar cada vez mais profundamente até que caísse neles, e continuasse caindo para sempre. Eles eram como nenhum outro olho que ela já vira, obscuros como a meia-noite, as pupilas dilatadas e algum brilho que inegavelmente adentrava até sua alma, como se enchesse sua visão enquanto ele se inclinava em direção à ela. Ela sentiu como se tivesse acabado de ser puxada da ponta de um precipício, mas ela não queria voltar, preferia as asas. 

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